A projeção econômica prevê que o produtor poderá faturar entre R$ 30 mil e R$ 40 mil por hectare com uma nova cultivar
Nova variedade de pessegueiro que permite colheitas após o período da safra, suprindo, assim, uma lacuna de fornecimento da fruta no mercado, foi desenvolvida pela Embrapa Clima Temperado, no Rio Grande do Sul.
O pesquisador Elbio Treicha Cardoso explica que a BRS Sarau é própria para o consumo in natura e apresenta alta qualidade, firmeza de polpa, sabor doce e baixa acidez.
“Com produtividade estimada em 20 toneladas por hectare, ela é indicada para ser cultivada nas Regiões Sul e Sudeste do País, produtores tradicionais de frutas para consumo de mesa”, salienta.
Agora, de acordo com Cardoso, a Embrapa procura viveiristas para que reproduzam a cultivar, as multipliquem e as vendam aos fruticultores. Por isso, a nova fruta ainda levará um tempo até chegar às gôndolas dos mercados.
BRS Sarau
O pesquisador destaca que a nova cultivar inicia a maturação dos frutos, em média, dez dias após o início da cultivar mais usada atualmente, na região de Pelotas (RS). “Embora produza frutos de menor tamanho, eles são mais saborosos, o que, aliado à época de maturação, faz dela uma excelente opção para continuidade da colheita e oferta de frutas de qualidade ao mercado consumidor”, sublinha
Ele afirma que novo material deverá substituir a antiga cultivar de pêssego Chiripá. “A BRS Sarau tem como meta ocupar 3% da área plantada nacionalmente com espécies de mesa, quando consolidada no mercado, após cinco anos do lançamento”, estima o pesquisador.
Cardoso informa que, só o Rio Grande do Sul, o maior estado produtor de espécies de pêssegos, a produção anual gira em torno de 110,2 milhões de toneladas.
Alta produtividade
Segundo os dados da pesquisa, a variedade tem alta produtividade, possuindo uma ampla faixa de adaptação no Sul e Sudeste do País.
Segundo Rodrigo Franzon, também pesquisador da Embrapa Clima Temperado, o tamanho e a forma do fruto atendem ao critério do mercado. “Uma das questões possíveis no mercado de frutas de caroço, no caso do pedido, era oferecer um fruto com uma época de maturação tardia”, esclarece.
Ele acrescenta que a BRS Sarau vai permitir que o consumidor possa ter acesso a frutas por mais tempo dentro de sua dieta, “já que ela amadureceu bem depois, em uma época em que não se tinha oferta de frutas de alta qualidade”, ressalta.
Qualidade na época tardia
A pesquisadora da estatal Maria do Carmo Bassol Raseira, enfatiza que uma das grandes vantagens da BRS Sarau é o fruto de qualidade na época tardia, quando já não se tem muitas opções de frutas no mercado. “Ela é uma cultivar exclusiva para as festas de fim de ano, com frutos vigorosos no mês de dezembro, quando chega o Natal e as comemorações de Ano Novo”, comenta.
Ela frisa que a BRS Sarau é uma cultivar com bom estado sanitário, tendo relativamente baixa incidência de doenças e fungos. “Ela apresenta suscetibilidade à bacteriose, quando cultivada em áreas expostas a ventos fortes, para os quais os estudos recomendam o uso de quebra-vento”, orienta.
Avaliação econômica
Cardoso projeta, em relação à avaliação econômica, que a BRS Sarau está apta à produção voltada para empreendimentos rurais voltados à cultura do porte, aos produtores de base familiar e às empresas do setor de atacadista de frutas de caroço. “Há uma projeção para que o fruticultor fature em torno de 30 mil a 40 mil reais por hectare, com a utilização da nova cultivar”,estima.
Melhores técnicas
O pesquisador da Embrapa Clima Temperado considera que, mesmo tendo uma redução na área cultivada com espécies, entre os anos de 2008 e 2017, de 21 mil hectares (ha) para 17 mil ha, a produção de pêssegos no Brasil ocorre de forma estável, em cerca de 240 mil toneladas anuais. “Isso é resultado da adoção de melhores técnicas de manejo e novas cultivares oferecidas ao mercado”, avalia.
De acordo com o especialista, o País vem num movimento crescente de importação de frutas de caroço, indicando que a demanda por frutas de caroço é crescente. “Por isso, o desenvolvimento de uma cultivar de pêssego contribui para reduzir a importação e, por consequência, aumentar o rendimento dos produtores”, afirma.
Além disso, segundo avaliação do pesquisador, impacta também a cadeia de fornecedores da fruticultura, provocando um movimento positivo na economia. “Mas, tudo dependerá da adoção da cultivar e de como o mercado de frutas de caroço se comportará nos próximos anos”, salienta.