Recém apresentada ao mercado, leguminosa também será uma alternativa para alimentação dos bovinos durante a época seca (Foto: Gisele Rosso – Embrapa Pecuária Sudeste)
Pesquisadores da Embrapa revelaram que o Guatã apresenta baixos fatores de reprodução para os nematoides Pratylenchus brachyurus; P. zeae, Meloidogyne javanica e M. incognita, com grande ocorrência, principalmente, na soja e na cana-de-açúcar.
De acordo com o pesquisador aposentado da entidade e responsável pelo desenvolvimento desse material, Rodolfo Godoy, é uma grande contribuição à agropecuária nacional, já que os nematoides causam muitos problemas nas principais culturas brasileiras, como soja, cana-de-açúcar e feijão. Segundo a Sociedade Brasileira de Nematologia (SBN), esses parasitas são responsáveis por um prejuízo anual de R$ 35 bilhões.
A utilização dessa cultivar é bem promissora nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, contribuindo para a sustentabilidade da pecuária, na promoção da saúde do solo, na redução de custos com agrotóxicos e fertilizantes e no aumento da produtividade animal.

A nova cultivar é uma grande contribuição à agropecuária nacional, uma vez que os nematoides causam muitos problemas nas principais culturas brasileiras. Foto: Gisele Rosso – Embrapa Pecuária Sudeste
A BRS Guatã apresenta ciclo vegetativo mais curto em comparação a outras cultivares de guandu. Para o pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste Frederico Pina da Matta, essa característica permite um melhor aproveitamento da janela de plantio e antecipa a disponibilidade de forragem para os animais. “Ela floresce cerca de 30 dias antes do que o Guandu BRS Mandarim, por exemplo, e tem boa velocidade de implantação no campo”, comenta.
O porte intermediário e os caules mais finos e flexíveis facilitam os tratos culturais são vantajosos. Integrada à soja, a variedade não é um bom hospedeiro para a Phakopsora pachyrhizi Syd. & P. Syd., agente da ferrugem da soja. Além disso, possui resistência moderada ao fungo causador da podridão do caule.
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Valor agregado
Na avaliação dos pesquisadores, a leguminosa é um avanço para a agricultura brasileira, por se tratar de uma solução para o manejo de pragas, a produção de alimentos e a sustentabilidade dos sistemas produtivos.

A capacidade de produção em condições de baixa disponibilidade de água torna o guandu BRS Guatã uma cultura estratégica para a adaptação da agricultura e da pecuária às mudanças climáticas. Foto: Gisele Rosso
Alguns atributos agronômicos da cultivar BRS Guatã podem ser bastante importantes em condições desafiadoras, como as mudanças climáticas, uma vez que ele demonstrou alta tolerância ao déficit hídrico, produzindo três toneladas de massa seca por hectare em condições de sequeiro, valor estatisticamente igual à produção em condições irrigadas.
Essa resiliência é vantajosa em um cenário adverso, onde eventos extremos, como secas, tendem a ser mais frequentes e intensos. A capacidade de produção em condições de baixa disponibilidade de água torna o guandu BRS Guatã uma cultura estratégica para a adaptação da agricultura e da pecuária às mudanças climáticas. Assim, a Embrapa contribui com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, principalmente em relação à meta 12, de enfrentamento à crise do clima.