Entre as variedades da cafeicultura mais tolerantes à ferrugem estão as espécies desenvolvidas pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), como a Paraíso MGS 419-1, MGS Paraíso 2, Catiguá MG2, MGS Aranãs e MGS Ametista
Começou recentemente a florada da próxima safra de café nas principais áreas produtoras de Minas Gerais. Contudo, a ferrugem – principal doença que ataca cafeeiros no País e causa grandes prejuízos aos produtores – continua prejudicando lavouras inteiras no Estado e em outras regiões brasileiras.
Pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) em cafeicultura, César Botelho ressalta que o parque cafeeiro do Brasil é constituído, em sua grande maioria, por cultivares do grupo Catuaí e Mundo Novo. Para César, essas cultivares são produtivas e adaptáveis, mas bastante suscetíveis à ferrugem.
“Nos últimos anos percebemos que a ferrugem está chegando um pouco mais tarde, no período da colheita, e, desse modo, fica mais difícil fazer o controle necessário. Consequentemente, quem não consegue fazer um controle eficiente tem como resultado lavouras com pouca ou nenhuma produção”, afirma César Botelho.
Cultivares indicadas
Em meio ao contexto de doenças em cafeeiros, as cultivares desenvolvidas pela empresa são destaques na florada da próxima safra. De acordo com imagens publicadas por pesquisadores, as cultivares da empresa, geneticamente melhoradas, são capazes de tolerar a ferrugem com mais vigor, o que facilita a vida do cafeicultor. Além disso, a qualidade da bebida dessas cultivares é superior se comparada com os outros cafés mais plantados em Minas Gerais.
Nesse sentido, César Botelho afirma que o controle genético é, hoje, a alternativa mais indicada para facilitar o manejo da ferrugem. Entre as espécies mais tolerantes à doença estão a Paraíso MGS 419-1, indicada para cafeicultura de montanha; a MGS Paraíso 2, ideal para cafeicultura empresarial mecanizada; a Catiguá MG2, destaque em termo de qualidade de bebida; a MGS Aranãs, igualmente destacada pela qualidade de bebida; e a recém-lançada MGS Ametista, tolerante à seca, a solos arenosos e à ferrugem.
O engenheiro agrônomo, César Jordão, planta a variedade MGS Paraíso 2 em sua fazenda no município de Monte Carmelo (MG) há mais de dez anos. O produtor se mostra satisfeito com a lavoura e, segundo ele, a variedade se destaca principalmente em produtividade e qualidade.
“Essa variedade chegou até a minha propriedade por meio de um experimento proposto pela EPAMIG. Desde então é a variedade que mais se destaca dentre as demais. A MGS Paraíso 2 possui uma ótima maturação, ótimo desenvolvimento de ramas, ótimo tamanho de frutos e um excelente vigor”, declara César Jordão.
Números da safra
Segundo pesquisadores, a quantidade e a abrangência das flores, nesta safra, são significativas, fato que deixou os produtores animados com a possibilidade de boas colheitas. Para os próximos meses, as plantas dependerão das condições do tempo para gerar bons frutos.
Parques cafeeiros de regiões como o Sul, Cerrado e Matas mineiras estão com flores por todos os lados. De acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra de cafés do Brasil estimada para 2019 é de 48,99 milhões de sacas de 60 kg cada.
Desse total, 34,47 milhões são da espécie de café arábica, o que equivale a quase 70% da produção. Os outros 30%, cerca de 14,5 milhões de saca, são da espécie conilon.