Cães e gatos possuem mecanismos biológicos automáticos que são eficazes na hora de regular as temperaturas no frio e calor ambiente. E eles envolvem hormônios, coração, respiração, rins, fígado e o próprio comportamento do bichinho
O inverno – que no Brasil começou no dia 21 de junho, registrando temperaturas mais baixas, que se intensificaram no início de julho na maioria da regiões – traz a necessidade de as pessoas se protegerem mais. E quem cuida de um pet deve ter atenção redobrada, pois os animais de estimação também sofrem e podem adoecer nesse período do ano.
“Cães e gatos têm habilidades fantásticas em se adaptarem às condições adversas, o que têm mantido eles fortes e saudáveis por milhares de anos, em diversos climas e culturas pelo planeta”, relata o médico veterinário Carlos Augusto Donini, presidente da Comissão Técnica de Políticas Públicas do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP).
Ele explica que essa característica se deve à fisiologia e ao comportamento desses animais. Além disso, essa resistência está intimamente relacionada à herança genética, que leva em consideração a raça, antepassados e cruzamentos.
“Existem mecanismos biológicos automáticos muito eficazes para regular as temperaturas no frio e no calor ambiente. Envolvem hormônios, coração, respiração, rins, fígado e o comportamento”, explica o profissional.
Condições físicas
De acordo com o médico veterinário, essa capacidade de adaptação também pode variar de acordo com o tamanho e as condições do organismo do animal: se for grande, pequeno, magro, gordo, jovem, idoso, de pelo longo, pelo curto, claro ou escuro, se está saudável ou doente.
“Em função dessa capacidade de adaptação, a condição de frio atuará fora da faixa de conforto térmico, exigindo do organismo os sistemas de regulação que, se incapazes ou insuficientes, determinarão distúrbios ou facilitarão as doenças infecciosas oportunistas. Portanto, os filhotes, idosos, cardiopatas, renais e subnutridos estarão predispostos à pneumonias, insuficiência cardiorrespiratória e renal. Daí, maior atenção às tosses, inapetência (falta de apetite), depressão e disúria (urina alterada)”, alerta Donini.
Presidente da Comissão Técnica de Clínicos de Pequenos Animais do CRMV-SP, o também médico veterinário Thomas Faria Marzano aconselha manter os animais em um ambiente mais aquecido, onde não entre muita friagem. “Outra coisa é evitar sair com os animais nos horários mais frios, principalmente à noite ou comecinho da manhã”, indica.
Donini, por sua vez, salienta que roupas não estão entre as necessidades dos animais, mas podem ser colocadas somente quando a temperatura ambiente estiver abaixo dos 18º C. Em relação a esses acessórios, Marzano diz que eles podem ser úteis nos momentos de passeio com o animal, especialmente para proteger do vento.
Ainda salienta sobre a importância de manter o cuidado higiênico com roupas e mantas, pois o contato desses resíduos com a pele pode causar feridas e outros problemas dermatológicos e sanitários. Além disso, camas e colchões devem ser expostos diariamente à luz solar, e higienizados com produtos neutros (desinfetantes e detergentes sem perfume).
Doenças frequentes e vacinação
Marzano explica que, durante o inverno, as doenças mais frequentes são semelhantes aos casos mais comuns do outono. Em relação aos cães é a gripe, também conhecida como Tosse dos Canis.
Já em gatos, é comum um aumento dos problemas respiratórios, como a rinotraqueíte. Entre os animais que já possuem alguma patologia ortopédica, também se observa que, normalmente, o frio causa mais dores articulares e ósseas.
Para o médico veterinário Carlos Augusto Donini, a procura pela vacina da gripe tende a aumentar nesta época do ano, porém, os representantes do CRMV-SP chamam a atenção para a importância de manter a imunização em dia, independentemente da época do ano.
“As vacinações anuais de rotina desenvolvem anticorpos eficientes para todo o período de cobertura (um ano). Por isso, deverão ser realizadas por médicos veterinários que, no ato, realizarão exame clínico geral para certificar a resposta efetiva da vacinação e de seus reforços estratégicos”, explica.
Outra dúvida comum é se os tutores, quando doentes, devem se afastar dos animais. Sobre isso, Marzano esclarece: “As doenças respiratórias podem, raramente, ser transmitidas dos humanos para os cães e gatos. São resultantes dos contatos diretos das secreções orais e nasais. O fluxo contrário também ocorre (animal-ser humano). Basta reduzir os riscos de exposição, gerados por hábitos de beijar ou deixar-se lamber, principalmente de idosos e crianças”.
“Existem algumas zoonoses que os animais pegam dos donos, mas o maior cuidado tem que ser em relação a algumas infecções bacterianas, porque se o animal tiver com a imunidade baixa, dependendo do tipo de bactéria, pode se infectar também”, complementa o especialista da Comissão de Pequenos Animais do Conselho.
Banho com água morna
De acordo com Marzano, os banhos podem ser mantidos no período de inverno, desde que observados alguns cuidados, no entanto, “a água precisa estar em uma temperatura agradável, morna”.
“É importante proteger o conduto auditivo de modo a evitar que o pet desenvolva uma otite (infecção no ouvido). E secar bem o animal, com secador ou toalhas. Muitos tutores deixam secar ao ar livre, o que pode levar o animal a ter uma hipotermia bem grave”, alerta o médico veterinário da Comissão de Pequenos Animais do CRMV-SP.
Alimentação
Seguindo um instinto natural de aumentar a reserva energética, assim como os humanos, os pets tendem a comer mais nas épocas frias. Mas é preciso ter controle, para impedir os excessos. A quantidade de comida deve ser a mesma das outras estações.
“Lembrando que se você tiver qualquer dúvida com relação a alimentação ou quiser saber algo mais específico sobre o seu animal, o melhor é procurar um profissional médico-veterinário”, alerta Marzano.
Fonte: CRMV-SP