Prática promove melhorias que vão além da recuperação no pós-operatório, e que podem prolongar a vida do pet
O bem-estar e a qualidade de vida de um animal de estimação estão intimamente ligados aos cuidados que eles receberão ao longo da vida. A fisioterapia e a acupuntura são mais importantes do que a maioria das pessoas imaginam, podendo determinar a qualidade do processo de envelhecimento de cães e gatos.
É muito comum os tutores procurarem essas especialidades apenas em situações de lesão ou pós-operatório. No entanto, ter atenção constante para a fisiologia do pet é essencial para garantir que as articulações do corpo continuem trabalhando bem ao longo dos anos.
Especializada em Fisiatria e Acupuntura Veterinária do AmarVet’s Hospital Veterinário, Priscila Burgugi, ressalta em seu trabalho os benefícios que as fisioterapias trazem aos animais, e lista alguns aspectos importantes para o bem-estar dos pets.
Personalização dos exercícios
De acordo com a especialista, as terapias escolhidas para tratamentos de fisioterapia dependem da patologia ou da lesão sofrida pelo animal. Antes de iniciar qualquer protocolo fisioterápico ou de acupuntura, os pacientes passam por uma consulta, para uma avaliação criteriosa e, se necessário, são solicitados exames complementares para um diagnóstico preciso.
“Particularmente, eu gosto de incluir a hidroesteira nos tratamentos, por ser um equipamento versátil, podendo ser usado em vários protocolos de reabilitação”, comenta Priscila. Vale ressaltar, diz ela, que os tutores precisam estar cientes dos motivos das escolhas dos procedimentos, para que possam compreender e acompanhar melhor o progresso de recuperação do pet.
Benefícios pós-cirurgia
Na avaliação da profissional, a fisioterapia garante que o animal que acabou de passar por uma cirurgia tenha uma recuperação mais rápida, proporcionando um retorno eficaz das funções motoras. “Ela acelera a cicatrização dos tecidos, melhorando a mobilidade e a força muscular. Com isso, é possível evitar problemas como contraturas musculares, formação de fibroses, atrofias, rigidez articular, entre outros”, explica.
Ela acrescenta que, na maioria dos casos, é possível iniciar o tratamento com fisioterapia já no pré e no pós-operatório imediato, entretanto, é preciso sempre considerar as limitações que cada tipo de cirurgia confere e o histórico geral do animal.
Sendo assim, o recomendado é respeitar cada fase de recuperação de um paciente que passou por uma cirurgia, para evitar o agravamento de lesões e o surgimento de novas. “Não podemos pular as etapas. A fisioterapia vai atuar, primeiro, na redução da dor, da inflamação e de edemas, para depois passar para uma segunda fase, com exercícios que visam uma melhora na função, na estabilidade, na amplitude de movimento, na descarga de peso no membro afetado, etc.”, reforça a doutora.
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Longevidade
A fisiatria tem um papel muito importante na qualidade de vida de cães e gatos, principalmente na de animais que estão chegando na terceira idade. “Assim como nós, os animais idosos estão suscetíveis à degeneração neurológica, perda de massa muscular, limitações físicas e doenças, sintomas esses que a fisioterapia consegue amenizar”, comenta a especialista.
Outro fator importante destacado pela veterinária, é que, nessa fase da vida, os animais possuem algumas restrições a medicamentos devido à alterações renais, hepáticas e gástricas. Com a fisioterapia, é possível, muitas vezes, a retirada total ou parcial de fármacos geralmente utilizados por longos períodos, como os analgésicos e anti-inflamatórios.
Apesar de todos os benefícios que a fisioterapia pode trazer para cães e gatos, é importante lembrar que as respostas de um animal idoso à fisioterapia podem não ser as mesmas de um animal jovem. “Os cães e gatos idosos podem apresentar alterações metabólicas associadas, que impactam em uma recuperação total”, avalia Priscila.
Pacientes que apresentam claudicação, por exemplo, na possibilidade de uma alteração anatômica consolidada por um processo crônico, podem não apresentar melhora, mesmo com um bom protocolo de analgesia. Assim, é necessário saber que cada paciente possui um histórico clínico próprio, para que as expectativas perante os tratamentos sejam condizentes.
Antes de cada sessão, os pacientes devem sempre ser reavaliados e o protocolo ajustado conforme a evolução. “É importante também que os pacientes continuem com o acompanhamento clínico ou do especialista que os encaminhou. Além disso, é preciso dizer que a clínica escolhida para a realização das terapias precisa contar com uma estrutura adequada para a boa recuperação dos pets”, aconselha a veterinária.