A construção de “barraginhas”, na foto, e o uso de plantas de cobertura do solo estão entre as principais técnicas recomendadas (Foto: Emater-MG)
Em tempos de mudanças climáticas e aumento das temperaturas, o governo de Minas Gerais, por meio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-MG), está promovendo uma série de práticas para ajudar produtores rurais a conviver com os efeitos da seca e garantir a sustentabilidade no campo.
A construção de “barraginhas” e o uso de plantas de cobertura do solo estão entre as principais técnicas recomendadas.
O coordenador técnico estadual da Emater-MG, Bernardino Cangussu, destaca que a proteção do solo e a recarga do lençol freático são fundamentais para manter a produtividade em áreas afetadas pela estiagem.
“O solo é a principal caixa de armazenamento de água que temos na propriedade”, explica Cangussu.
Uma das práticas incentivadas pela Emater-MG é o cultivo de plantas de cobertura. Essas plantas, como braquiária, girassol e nabo forrageiro, são usadas em consórcio com culturas comerciais, como o café.
Elas ajudam a melhorar a qualidade do solo, prevenindo erosões e facilitando a infiltração de água, além de regular a temperatura do solo.
A produtora Christina Ribeiro do Valle, de Guaranésia, relatou os benefícios dessa técnica em sua plantação de café.
“Com a cobertura do solo, a temperatura cai muito, e as plantas também evitam enxurradas, retendo a água”, afirma.
Outra prática recomendada é a construção de barraginhas, que são pequenas bacias para captar a água da chuva.
Elas ajudam a prevenir erosões e a recarregar o lençol freático. Já em áreas com declive, o terraceamento (ou curva de nível) também é adotado para reduzir a velocidade da enxurrada e aumentar a infiltração de água.
“Quanto mais água armazenada no solo no período das chuvas, mais água disponível durante a estiagem”, alerta o coordenador.
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Recomposição de matas ciliares
Além dessas práticas, a Emater-MG tem trabalhado no cercamento de nascentes e na recomposição de matas ciliares, contribuindo para a preservação de rios e córregos.
No Norte de Minas, onde a estiagem é mais severa, 170 mil famílias de agricultores foram impactadas, e a Emater-MG tem orientado mais de 50 mil produtores sobre alimentação para o rebanho e o cultivo de culturas resistentes à seca, como o sorgo forrageiro e a palma.
As queimadas também são uma preocupação crescente. Um levantamento da Emater-MG apontou que 110 mil hectares de pastagens foram atingidos pelo fogo entre julho e setembro deste ano, além de áreas de cana-de-açúcar, café e fruticultura.
As ações preventivas e de recuperação da Emater-MG buscam mitigar esses impactos e garantir a continuidade da produção rural no estado.