Administrar esse momento é tão importante para a família quanto para o animal (Lookstudio_Freepik)
A gravidez é um momento emocionante, que vem acompanhado de muitas expectativas e emoções diversas, entretanto, para quem tem um cãozinho em casa, pode surgir a preocupação sobre como ele irá reagir à chegada do novo membro da família.
“É, sim, possível, preparar seu pet para essa transição de forma tranquila e positiva”, afirma o especialista em comportamento animal e adestramento residencial funcional, Bruno Nascimento, que traz orientações e dicas para preparar o pet e tornar essa experiência tranquila para todos. O profissional lembra ainda que as adaptações devem acontecer antes e continuar após a chegada do filhotinho.
A primeira dica é sobre como apresentar o novo membro da família, uma vez que os cães possuem habilidades sensoriais mais apuradas do que os seres humanos, permitindo-lhes captar os movimentos do feto, mesmo estando no útero da mãe.
“Um dos primeiros passos recomendados é permitir que o cãozinho experimente e ouça o que está acontecendo com o bebê ainda no ventre, desenvolvendo vínculos e fortalecendo a conexão entre eles” orienta Nascimento.
Ele alerta que, após o nascimento, o bebê torna-se uma fonte de estímulo positivo para o cão, o que exige muita atenção por parte dos tutores, pois o cão não terá nenhuma familiaridade com o recém-nascido, tornando essencial o preparo tanto antes quanto depois do nascimento.
Preparar o ambiente é outro ponto destacado pelo especialista. “Comece introduzindo gradualmente as mudanças no espaço, como a instalação de móveis do bebê ou a criação de novas rotinas. Isso ajuda o cão a se acostumar com as novidades, aos poucos, evitando que ele associe essas mudanças diretamente ao bebê, o que poderia gerar ciúmes ou estresse se não for realizado de forma prévia”, informa.
De acordo com Nascimento, ao gerar as mudanças no espaço físico é benéfico inserir sons que o bebê futuramente irá emitir (choro, risada, etc.) e, após essa exposição, sempre gratificar o cãozinho com um estímulo positivo (brincadeiras, passeios, petiscos, etc.).
Ele acrescenta ainda que, com essas mudanças, a rotina do cãozinho certamente será impactada pela chegada do bebê e é fundamental que ele se adapte a essas mudanças antes do grande dia.
“Começar a ajustar horários de passeios, alimentação e atenção, assim como simular a rotina que você terá após o nascimento do bebê, que ajudará o cão a se familiarizar sem sentir que está sendo negligenciado em prol do novo membro da família. Após o nascimento do filhote, é importante realizar o estímulo positivo como exemplificado anteriormente”, sugere Nascimento.
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O cheiro do bebê
Outra dica valiosa, de acordo com o adestrador, é familiarizar o pet com o cheiro do bebê ,antes mesmo dele chegar em casa. Uma boa dica, explica, é trazer uma peça de roupa do bebê da maternidade e deixar o cão cheirá-la, sempre após essa introdução realizar o estímulo positivo. Isso o ajuda a reconhecer o bebê como parte da família, reduzindo a ansiedade e a curiosidade excessiva.
O treinamento, na avaliação do especialista, é uma parte fundamental do processo, assim como reforçar comandos básicos como “senta”, “fica” e “vem”, que serão úteis para controlar o cão em situações em que o tutor precisará de mais atenção para o bebê. “Além disso, treine o cão para respeitar o espaço do recém-nascido, como o berço e o quarto, evitando que ele entre nesses locais sem sua permissão”, acrescenta.
Ele menciona também que utilizar técnicas de reforço positivo é essencial para ensinar ao cão que o bebê traz coisas boas, e recompensá-lo sempre que se comportar bem na presença do filhote ou durante as interações com seus itens, pois ajuda criar associações positivas e são é de extrema importância e ajuda o cão a ver o novo membro da família como uma fonte de coisas boas.
Por fim, ele ensina que nunca se deve deixar o cão e o bebê sozinhos sem supervisão, pois mesmo um cão mais dócil pode reagir de forma inesperada a um novo estímulo. Sendo assim, é importante supervisionar as interações e, se necessário, utilizar barreiras físicas para separar o cão e o bebê como portões, por exemplo, quando o tutor não puder monitorar de perto.
Preparar o animal para a chegada do bebê exige planejamento e paciência, mas, com as estratégias certas, é possível garantir uma convivência harmoniosa. “Com um pouco de tempo e esforço, é possível ajudar seu cão a se adaptar à nova dinâmica familiar e garantir que todos os membros da casa, humanos e caninos, estejam felizes e seguros,” finaliza Nascimento.