Startup desenvolve soluções tecnológicas para solucionar os desafios do segmento (Foto: Divulgação)
Agilizar a formalização de títulos e garantias agrícolas e a busca de dados para análise de crédito. Estes são alguns objetivos da Bart Digital, agfintech que desenvolve soluções tecnológicas para solucionar os desafios do financiamento agrícola.
A bacharela em Direito e CEO da Startup, Mariana Silveira Bonora, conta, em entrevista para a Revista A Lavoura, sobre sua trajetória profissional, como nasceu a ideia de criar a Bart Digital, que integra o SNASH, o ecossistema de inovação apoiado pela Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), e as ações da empresa podem ajudar a destravar os gargalos do setor.
A Lavoura: Como surgiu a ideia de criar a empresa?
Mariana: Comecei minha carreira profissional como advogada. Trabalhei em escritório de advocacia, em diversas áreas, mas o interesse sempre esteve ligado aos negócios, por isso, migrei para atuação em departamento jurídico em uma empresa agroquímica. Dentro dessa empresa, tive a oportunidade de conhecer vários ramos novos, que até então eu desconhecia, como direito contratual, ambiental, e ligado às operações de crédito, que rapidamente despertou meu interesse. Atuando com tais operações, vivenciei desafios operacionais e praxes de mercado que não poderiam ser resolvidas com a aplicação pura e simples do meu conhecimento jurídico, foi quando comecei a pesquisar novas abordagens para esses problemas por meio da tecnologia. Assim surgia a Bart, agfintech que desenvolve soluções tecnológicas para solucionar os desafios do financiamento agrícola.
A Lavoura: Como as soluções da empresa impactam no segmento agrícola?
Mariana: Somos uma das maiores plataformas de formalização de títulos e garantias agrícolas do Brasil, servindo mais de 300 empresas agrícolas em todo país e movimentando mais de R$27 bilhões em operações de nossos clientes. Nossas soluções são voltadas para a busca de dados utilizados na análise de crédito, digitalização de títulos e garantias agrícolas, visando reduzir o tempo necessário para a formalização. Aliás, esses são alguns dos nossos objetivos.
A Lavoura: Descreva a importância das ações da Bart para o desenvolvimento das atividades do setor.
Mariana: O mercado de financiamento agrícola possui uma importante ineficiência operacional, seja pela assimetria de informações que dificultam credores coletarem os dados necessários à análise de crédito, ou então pela burocracia envolvida nos processos de formalização dos títulos e garantias agrícolas. Com a pandemia da Covid-19, em 2020, ocorreu a restrição de atendimentos presenciais nos cartórios brasileiros, o que dificultou o registro presencial das garantias nos Registros de Imóveis. Nesse mesmo ano, houve a aprovação da Lei do Agro (13.986/20) que institui a obrigatoriedade de registro centralizado em entidades registradoras para o cumprimento da Lei. Hoje, ofertamos ao mercado uma plataforma Saas, que realiza a emissão automática de minutas, assinaturas digitais, registro eletrônico em cartório e centrais registradoras, busca de dados importantes na análise de crédito, entre outros serviços. Além de essa solução agilizar em até 85% o tempo necessário para formalização de documentos, também proporciona um processo 100% digital.
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A Lavoura: Na sua avaliação, quais os principais desafios do setor?
Mariana: A quantidade de variáveis pouco ou nada controláveis com potencial de impactar o setor. Clima, câmbio, cotação de commodities, cenário político, logística, economia mundial, dentre outros. Esses fatores tornam o agronegócio difícil de ser entendido por pessoas de outros ramos, o que impacta diretamente o apetite de investimento no setor. Para mitigar esse problema, os financiamentos geralmente são realizados com análises de crédito custosas e garantias pesadas.
A Lavoura: Como você avalia o cenário atual e quais as perspectivas para o futuro?
Mariana: O setor toureou problemas importantes nas últimas safras, e tudo indica que esse será o ano em que vamos enfrentar as consequências, veja-se a quantidade alarmante de RJs recentes. De qualquer forma, o agro é um pilar da existência humana e da economia brasileira, e vejo que tanto o setor privado como o governo se mobilizam para buscar novas formas de resolver os problemas. A crise tem fomentado a simplificação regulatória, a modernização dos instrumentos de crédito, aadoção de tecnologia e maior governança, logo, apesar da turbulência, certamente sairemos fortalecidos.