Startup brasileira visa tornar a bebida e seu conceito mais conhecidos no País
Levar saúde para os brasileiros sem abrir mão do sabor. Foi com base nesse conceito que a Komfé levou o mercado de Kombucha da Califórnia a quase 10% do total de bebidas. “A ideia sempre foi aprender o que os nossos parceiros americanos fizeram para ter sucesso no país deles e incorporar uma dimensão mais científica”, explica o físico e CEO da Califórnia Original, Derick Arippol.
Mas, o que é o Kombucha? É uma bebida feita a partir do chá adoçado com açúcar e fermentado por uma colônia de bactérias e leveduras, conhecida como “scoby”. O açúcar funciona como alimento para os microrganismos, que se multiplicam e comecem a produzir inúmeras substâncias.
Dentre essas substâncias, Arippol destaca várias vitaminas, minerais, enzimas e ácidos orgânicos saudáveis para o organismo. Ele lembra que os probióticos presentes na bebida também possuem grande quantidade de antioxidantes, ajudando e protegendo o organismo de doenças inflamatórias.
A empresa faz parte do SNA Startup Hub (SNASH), novo hub de agtechs e edutechs criado pela Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), que reúne startups com foco em soluções para o agronegócio.
Cenário
O CEO da Califórnia Original afirma que o mercado de bebidas do Brasil não deu espaço para o micro produtor local nem para os ricos bioativos nacionais. “Temos muitas regiões ricas em nutrição natural e populações locais mal alimentadas. Um país com tanta riqueza e biodiversidade no plant-based tem espaço para recriar esse mercado e trazer uma dimensão mais sustentável e rica em nutrientes”, acredita.
Segundo ele, estudos da startup mostram como a Kombucha pode ser uma ferramenta para extrair e maximizar os valores nutritivos do plant-based. “Imagino que, através de pesquisa e inovação, é possível levar bebidas vivas e saudáveis para todas as classes sociais nacionais e para o exterior”, complementa.
Curiosidades
Antes de se envolver com energias renováveis e entrar no segmento dos Kombuchas e plant-based, Arippol trabalhou no ramo de embalagem para bebidas através de uma empresa do ramo, construída por seu pai e avô há mais de 60 anos. “Fomos responsáveis pelos primeiros rótulos da Heineken long neck no Brasil. Ao sair da Novelprint, fui trabalhar numa subsidiária da Tesla no Brasil, onde conheci o vice-presidente, Marco Krapels, que é cofundador e ex-sócio da empresa”, conta.
Em uma viagem para aCalifórnia, Arippol foi levado por Krapels para Napa Valley, uma região famosa pelos vinhos dos Estados Unidos, para conhecer uma fábrica de Kombucha de um amigo em comum. “Apaixonei-me na hora”, lembra.
Ao retornar, ambos decidiram abrir, em parceira, uma fábrica de Kombucha no Brasil. “Sugeri montarmos uma startup na USP, pois já tinha outras experiências e contatos com pesquisas na Universidade, na área de Química, para outro projeto industrial”, relata.
O executivo menciona que, nos Estados Unidos, os produtos nutracêuticos têm mais facilidade de serem promovidos como funcionais e no Brasil, por contraste, a Anvisa regulamenta mais a fundo o processo. “Assim, achamos que trabalhar na Universidade poderia nos ajudar a provar os benefícios da bebida”, justifica.
“Temos projetos sustentáveis ligados ao desenvolvimento e à produção, específicos na USP, que gostaríamos de expandir no Rio, em parceria com o SNASH e também para outras partes do Brasil”, acrescenta Arippol e cita que a empresa faz parte do SNA Startup Hub (SNASH), novo hub de agtechs e edutechs criado pela Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), que reúne startups com foco em soluções para o agronegócio.
Gargalos
Arippol recorda que a pandemia destruiu o mercado tradicional, em âmbito nacional e mundial, mas que, em meio a esse ambiente de desordem, renasceu um sentimento de retorno às origens e à volta para hábitos mais saudáveis. “Empresas pequenas e mais direcionadas a essa visão mais natural e sustentável tiveram mais facilidade a se acertarem no mercado em comparação às maiores e mais enraizadas em práticas mais convencionais”, avalia.
Segundo ele, essas tendências que mostravam crescimento, mesmo antes da pandemia, e se acentuaram ainda mais. Nesse cenário, a Kombucha, como uma bebida funcional e viva, que já havia crescido para quase 1,5% do mercado americano, escalou para quase 3% em um ano, com destaque para a California, onde esses números são ainda mais significativos, com quase 10% do mercado inteiro de bebidas (alcoólicas inclusas).
“No Brasil a Kombucha esta numa fase anterior a dos nossos irmãos americanos. Além de não compreendemos o conceito de nutracêuticos, ainda seguimos o padrão antigo, que acha que para ‘fazer bem’ é necessário ter gosto de remédio”, argumenta.
Porém, o executivo acredita que é uma questão de tempo para que o brasileiro aposte nessa sabedoria milenar e saudável e perceba que, mais que qualquer outro país do mundo, o Brasil está rodeado de bioativos vivos, plant-based com potencial real de trazer saúde e sabor ao mesmo tempo.
O CEO acredita que, num primeiro momento, a classe A e B podem atingir um crescimento próximo ao que existe nos EUA, elevando a participação da Kombucha de 0,25% para 4% a 5% em 4 anos.
“Nossa missão é mais ambiciosa e visa melhorar os custos de produção para oferecermos produtos para as demais classes do mercado brasileiro. Já temos dois produtos com nosso controle de microbiota em fase de patente e teste que não necessitam de refrigeração da distribuição e transporte”, informa.
Produtos
O físico conta que, além da Kombucha Shelf Stable, a empresa tem uma linha de produtos funcionais à base de bioativos plant-based nacionais e uma linha de Refrigerantes Prebióticos Funcionais. “Praticamos o ‘Just in Time’, otimizando a produção para trabalhar em sintonia fina com os pedidos. Nossa linha de produção tem sido redesenhada e aprimorada para tornar o processo de atendimento personalizado dos clientes”, conta.
Em relação à metodologia, ele destaca a criação de uma espécie de “Just Because”, por entender que um produto “novo” no mercado precisa ter um amplo espectro de sabores para que os clientes novos encontrem um caminho para sair do tradicional ou costume.
“Temos 12 sabores incluindo, por exemplo, ‘Coca Cola’, ‘Guaranjá’ (guaraná com laranja), ‘TeaBeer’ (cerveja com lúpulo), que foram justamente criados para ajudar os clientes numa transição para os benefícios do saudável sem sacrifício”, informa.
No processo de produção, Arippol informa que é usada uma máquina com sistema de flavorização customizado, que consegue envasar 2000 latas de um sabor básico, e pular, rapidamente, para 30 latas de um sabor especial sem atrapalhar a eficiência do processo industrial.
“No desenho original, a ideia era trabalhar Kombucha no vidro, como a maioria das empresas dessa bebida no Brasil. Porém, rapidamente percebemos que o mercado de vidro estava sofrendo dificuldades, e o alumínio tinha inúmeras vantagens”, cita.
Segundo o CEO, essa decisão se deu porque, além de o vidro representar pouco mais de 8% de reciclagem no Brasil, em comparação com 97,3% de reciclagem do alumínio, o transporte e outras dimensões de sustentabilidade também eram claras para a realidade brasileira. “Além disso, o EcoSocial se aproveita melhor do alumínio, pois trás renda direta para milhares de garimpeiros urbanos presentes em todas cidades brasileiras”, pontua.
Diferenciais
Outras vantagens do alumínio, na visão de Arippol, é a ótima proteção à atmosfera e à luminosidade. “Em nossos testes, conseguimos um mês a mais de estabilidade para nossa bebida em comparação aos vidros. Durante o nosso renascimento, fizemos inúmeros testes com diversos materiais para embalagens, como stand up pouches, garrafas pet, vidro e alumínio”, diz.
Estes dois últimos, através dos estudos desenvolvidos pela startup, tiveram o melhor desempenho, porém, a adição ao bloqueio à luz proporciona melhor proteção às leveduras e bactérias presentes nas bebidas. “Com isso, decidimos fugir do design tradicional para bebidas e alimentos, e reparamos, em uma volta pelo supermercado, que clean e o normal está em tudo, inclusive misturando produtos de limpeza com os alimentícios”, observa.
Diante disso, ele entendeu que, para se posicionar no mercado, em se tratando de uma bebida especial e viva, nada melhor do que aproveitar para se libertar dos moldes tradicionais. “O prazer de degustar já é uma arte, então, por que não apostar nessa experiência explosiva dos sabores usando as cores e desenhos também?”, questiona Arippol.
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