Como os drones têm contribuído para a pulverização agrícola e o controle biológico das lavouras
Considerado um dos fatores mais importantes para o desenvolvimento sustentável, o controle biológico tem sido um dos principais desafios para agricultores e produtores no cultivo de suas lavouras. A técnica promove o equilíbrio entre as pragas e seus inimigos naturais, e, com isso, reduz ou até mesmo suprime o uso de defensivos agrícolas nas lavouras.
Diante desse cenário, a incorporação de novas tecnologias têm sido uma tendência não só na agricultura, mas no mundo como um todo. Dentre essas ferramentas estão drones, que otimizam o tempo de operação, proporcionam mais homogeneidade de aplicação, fazem levantamento de imagens, identificam falhas de plantio, pulverizam em locais de difícil acesso e obtém mais rastreabilidade.
“Temos como principal missão promover o aumento da produtividade, redução de custos e menor impacto ambiental, proporcionando, consequentemente, mais sustentabilidade ao agronegócio brasileiro”, pontua o COO da Drones on Farm, Lorenzo Czepak Gaston em entrevista para a Revista A Lavoura.
A empresa
Segundo Gaston, a Drones on Farm foi idealizada por ele e seu pai, Alcides Cavalcante Gaston, CEO da empresa, com o objetivo de revolucionar, por meio da tecnologia, o agronegócio brasileiro. “A origem da empresa se deu no fim de 2018, após um trabalho desenvolvido em parceria com o Setor de Manejo Integrado de Pragas da EA/UFG, envolvendo o controle biológico de lepidópteros utilizando a dispersão de parasitoides por meio de drones”, acrescenta.
Ele conta que na ocasião a empresa já realizava a liberação de vespas parasitoides para o controle de lagartas na cultura do tomate em Goiás, atendendo também produtores de soja, feijão, gergelim, milho e algodão e, com o passar dos anos, foi se especializando na liberação de agentes de controle biológico para manejo de pragas na cultura da cana-de-açúcar.
“Atualmente, também trabalhamos com pulverização agrícola por meio de drones e comercializamos ferramentas para monitoramento de pragas, como armadilhas e atrativos alimentares”, informa.
O agente
Conforme explica a engenheira agrônoma e mestranda em Agronomia na área de concentração em Fitossanidade, Ana Flávia Filla Makowich, os agentes de controle biológico podem ser microbiológicos, como fungos, vírus e bactérias entomopatogênicos ou macrobiológicos, que são representados por predadores e parasitoides.
Como exemplo, Gaston cita a vespa parasitoide de ovos Trichogramma sp., que utiliza ovos de lepidópteros-praga como hospedeiro. “Ainda há, também, larvas predadoras, como é o caso das joaninhas e do bicho-lixeiro, também conhecido como crisopídeo, que se alimentam de insetos pragas, como pulgões, tripes e mosca-branca”, acrescenta.
O executivo destaca ainda que, através da utilização de macrobiológicos (parasitoides e predadores), agregado com o monitoramento de pragas em campo, é possível reduzir as aplicações de inseticidas químicos e/ou fazer a entrada dessas moléculas com um “timing” mais correto, evitando aplicações calendarizadas ou desnecessárias.
“Com o uso excessivo de inseticidas químicos, bem como com a falta de rotação de ingredientes ativos, aplicação incorreta de doses e posicionamento, diversas moléculas químicas estão se perdendo, o que contribui para a evolução da resistência de pragas”, ilustra Gaston. “Pensando no controle biológico, a implementação de novas formas de controlar pragas agrícolas é essencial.”
Aporte tecnológico
A Drones on Farm possui um equipamento utilizado para liberação de tubetes/cápsulas que gera pontos georreferenciados a partir da soltura desses tubetes. “Essa tecnologia surgiu a partir da adaptação de um software utilizado para produção de ortomosaicos (imageamento aéreo) e hoje auxilia na liberação de predadores e parasitoides”, explica o COO da empresa.
Ele menciona que o drone agrícola utiliza fonte de energia renovável em suas operações, por meio de uma bateria recarregável, que proporciona eficiência e rapidez na aplicação ou liberação, pela autonomia do equipamento. “Além disso, o assistente ou o operador do drone tem menos contato durante a aplicação, o que proporciona mais segurança aos envolvidos”, comenta.
O COO acrescenta ainda que drones agrícolas voltados para a liberação de parasitoides e predadores agregam mais biodiversidade ao agroecossistema, visto que esses “insetinhos” regulam de forma natural as pragas e não causam danos aos cultivos.
“Após uma jornada de trabalho, o drone apresenta um relatório de pós-voo com informações relevantes, como condições climáticas, horário de início e fim, distância e velocidade percorrida, velocidade e direção do vento, que proporcionam maior domínio do produtor sob a atividade que está sendo executada em sua área produtiva”
Cenário
Felizmente, na opinião do executivo, uso de drones agrícolas está sendo amplamente difundido, o que, em sua visão, pode ser uma vantagem e uma desvantagem ao mesmo tempo. “O fato da tecnologia se tornar mais acessível é, sem dúvida, uma grande vantagem, entretanto, é necessário prezar pela segurança e qualidade das operações”, pondera.
Segundo ele, para uma empresa estar apta à prestação de serviços é necessário se cadastrar e homologar em diferentes órgãos de competência, certificar a mão de obra dos operadores de drones e estar em dia com os tramites legais. “Operações ilegais podem ter um custo mais baixo no bolso, mas podem causar danos maiores, caso ocorra uma fiscalização e, como consequência, para o produtor”, alerta Gaston.
Para finalizar, ele reforça a importância de utilizar ferramentas de controle, sejam elas biológicas, comportamentais e/ou culturais, associadas ao uso do controle químico. “Em meio a tudo isso, os drones agrícolas nada mais são do que meios de liberar agentes de controle biológico, seja por meio de liberações massais de predadores e parasitoides ou através da pulverização de microbiológicos, como é o caso de vírus, fungos e bactérias”, arremata.