Dicas mostram como fazer uma horta agroflorestal em pequenos espaços
Não é só quem reside em zona rural ou mesmo em cidades do interior que pode cultivar frutas, legumes, verduras, temperos e ervas aromáticas em casa, em hortas e em espaços separados do resto do jardim. Quem mora na cidade também pode plantar a própria comida, em casa ou num espaço comunitário.
Atualmente, é possível ter uma horta num espaço reduzido, de apenas um metro quadrado. E a melhor parte é que essa horta pode seguir os princípios agroflorestais da sucessão e da estratificação. “Fazer uma é mais simples do que parece”, afirma Valter Ziantoni, um dos fundadores do hub de inteligência agroflorestal Pretaterra.
De acordo com a também fundadora do Pretaterra, Paula Costa, dentre as vantagens da horta urbana estão a diminuição do consumo de produtos com agrotóxicos, a aproximação com a natureza e a revitalização de espaços ociosos. “Porém, é preciso planejar direito para garantir a colheita de bons frutos”, alerta Paula.
Primeiro passo
A primeira dica, de acordo com ela, é cuidar da preparação do solo, processo que dura até dois meses. Para isso, é preciso de aproximadamente 10 quilos de esterco ou de húmus de minhoca, 1 quilo de calcário e 40 litros de cobertura de solo (folhagem, aparas de madeira, galhos picados, restos de roçada de grama etc.). “Deve-se começar afofando o solo com uma enxada ou um enxadão”, ensina.
O calcário deve ser incorporado ao solo em camadas mais profundas, com pelo menos 20 centímetros de profundidade. Já o esterco ou o húmus, podem ser distribuídos mais superficialmente, com 5 centímetros de profundidade. Se o húmus ou o composto for de boa qualidade, pode-se iniciar o plantio no mesmo dia. “Já quem usar esterco, dependendo do nível de cura, pode iniciar o plantio três a sete dias após a adubação”, orienta Paula.
Em seguida, de acordo com a fundadora do hub, é hora de arranjar a horta, para os primeiros dois meses. A sugestão é plantar duas linhas paralelas de mudas de alfaces roxas, intercaladas por mudas de cebolinhas. Entre uma linha e outra, pode-se plantar outras espécies. Nas extremidades da horta, paralelamente à alface e à cebolinha, deve-se semear rúcula.
Perpendicularmente, nas outras extremidades, deve-se semear rabanete. Uma dica é não plantar as sementes muito adensadas. Se isso acontecer, é necessário fazer o desbaste de algumas plantas, para evitar que haja competição.
Quando as sementes de rúcula e rabanete germinarem, deve-se arrancar algumas plantas, para não deixar o espaço adensado. “Uma informação importante é que tudo o que será colhido deve ser plantado no mesmo momento”, diz Paula. A outra é que, após a colheita, as espécies plantadas por mudas estarão maiores. “Nessa fase, a horta deve ser regada diariamente ou a cada dois dias, preferencialmente de manhã ou no fim da tarde”, acrescenta.
Outras recomendações
Após a fase inicial, vem o momento de arranjar a horta, uma etapa que dura de três a seis meses. Após a colheita de tudo o que foi plantado no primeiro momento, deve-se plantar mudas de couve, abobrinha e berinjela e sementes de quiabo e milho, além da mandioca (plantada por meio da maniva – a rama da planta –, nos quatro cantos da horta). “Quem não encontrar a maniva, pode cultivar no lugar gengibre ou açafrão” orienta Ziantoni.
Ele informa que é possível que seja preciso aplicar mais uma camada de cobertura de solo, por exemplo, de húmus (não necessariamente de adubação). “Se houver bastante cobertura de solo, pode-se regar mais espaçadamente, uma vez a cada dois dias, pela manhã ou no fim da tarde”, recomenda.
A colheita deve ser realizada ao longo dos meses, de acordo com a produção de cada espécie. “Por exemplo, o quiabo deve ser colhido sempre, para não ficar fibroso”, explica Paula. Após a produção dessas espécies, elas devem ser retiradas do sistema. “É importante não puxar as plantas pela raiz, para não revolver o solo. O indicado é cortar o caule bem na base”, diz Ziantoni.
As exceções são a couve e a cebolinha, que podem permanecer por mais tempo no sistema se manejadas adequadamente. Da couve, devem ser retiradas as folhas, mantendo a planta, e, da cebolinha, deve-se retirar as folhas, mantendo somente as folhas internas.
Fase final
No terceiro momento de arranjar a horta, que pode durar até um ano, pode ser necessário aplicar mais uma camada de cobertura de solo, como húmus. “Mais uma vez, se houver bastante cobertura, é possível regar mais espaçadamente, uma vez a cada dois dias, de manhã ou no fim da tarde”, sugere o executivo.
Nesse momento, segundo ele, a mandioca já pode ser colhida. Cada variedade da planta tem um prazo específico de colheita, variando entre 9 meses a 1 ano, e é preciso prestar atenção a isso. “Para fazer a colheita, pode-se cavar um pouco ao redor da planta e retirar uma raiz por vez. Outra opção é remover toda planta de uma só vez”, complementa.
Para finalizar, ele informa que após a colheita da mandioca, é hora de começar tudo de novo: mais um ciclo de produção de alimentos, começando por alface roxa, cebolinha, rúcula, rabanete, etc.