O que pode ou não pode ser feito no manejo e no cultivo
Os cuidados com as plantas não se resumem apenas a regar, deixar tomar sol e “alimentar”. A poda também é uma das práticas que requer atenção. Não se trata somente de cortar ou arrancar aquelas partes que estão aparentemente feias, é preciso ter cuidados também após a poda, para proteger a planta e permitir que ela continue crescendo bonita e saudável.
Para isso, além de fazer o manejo de forma adequada, é preciso desmistificar alguns processos relacionados à prática. De acordo com o engenheiro agrônomo da Forth Jardim, Marcos Feliciano, diferentemente do que muitos acreditam, além das árvores e bonsais, outras espécies também podem ser podadas.
“Apesar do hábito da poda ser mais comum entre os bonsaístas ou por aqueles que lidam com árvores, é importante incluir esse cuidado também para outras espécies de plantas, mesmo aquelas cultivadas dentro de casa em vasos, como a rosa do deserto, suculentas, trepadeiras, buxinhos, entre outras”, informa o especialista.
Quando podar?
Segundo Feliciano, a poda é uma prática que independe da planta estar ou não doente. “As podas devem ser realizadas nas plantas sempre que necessário, sendo um dos motivos o fato de estar doente. Quando ela é atacada por brocas, cupins e tem um galho seco ou morrendo, por exemplo, é necessário cortar o galho para não passar a doença para os outros. Essa é conhecida como “poda de limpeza” e pode ser realizada o ano inteiro, não apenas durante o outono e o inverno, como muitos acreditam”, explica.
Além disso, de acordo com o agrônomo, há também as podas de “formação” e de “estética”. “No caso da poda de formação, são comuns em árvores frutíferas, pois é uma maneira de manter um padrão de altura, facilitando a colheita dos frutos”, aponta e acrescenta que a prática é também uma forma de deixar a árvore em um formato que permita que o sol entre por todos os lados.
Já na estética, um exemplo dado pelo especialista são as cercas vivas, em que o corte pode servir para “ajeitá-la” e, no caso da rosa do deserto, por exemplo, a poda é uma forma de ajudar a planta a se desenvolver, ou como dizem os cultivadores, a “engalhar” melhor.
Outros cuidados
Feliciano informa que, quando a poda é realizada, a planta fica com um local aberto que facilita a entrada de fungos, pragas e doenças, o que pode inclusive levar à sua morte. “Por isso, é muito importante “selar” essa poda usando uma pasta selante, que além de proteger, ajuda no processo natural de cicatrização das plantas, criando o ambiente ideal para as células que estão em volta cresçam de forma saudável”, indica.
Porém, o especialista alerta que algumas soluções caseiras podem até contribuir de alguma forma com os cuidados que devem ser realizados após a poda, mas não são 100% eficazes. “Um dos exemplos é a canela em pó, que de fato possui um óleo de ação antifúngica, porém, quando em contato com a água, essa proteção se perde.
Outro mito, segundo ele, é acrescentar vaselina na planta após a poda para fixar um pouco mais, porém, mesmo assim, não forma uma camada protetora que fixa na área podada. “A parafina também é apontada como uma alternativa, mas apesar de conseguir selar o local da poda, com o passar do tempo, a planta vai crescendo e vai rachando a parafina, permitindo a entrada de fungo e mantendo a umidade naquele local”, alerta.
Uma opção no pós-poda indicada por Feliciano é a calda bordalesa, ou sulfato de cobre, que também tem ação fungicida. O problema, segundo ele, é que esse material se apresenta na cor azul e, ao passar em um galho, ele fica azulado, o que acaba prejudicando a planta esteticamente. “Portanto, apesar de ser verdade que a calda bordalesa pode ser utilizada após a poda, se levar em consideração a questão estética, a pasta selante ainda é a melhor opção”, arremata o engenheiro agrônomo.