Agtechs auxiliam na tomada de decisões no campo, com cruzamento de dados e avaliação de riscos à atividade
A agricultura é uma atividade de risco, que está diretamente relacionada a grandes investimentos de capital. Com as mudanças climáticas e a intensificação dos sistemas produtivos, cenários adversos de secas, geadas, chuvas de padrões imprevistos e outras ocorrências, deverão ser cada vez mais comuns, podendo resultar em constantes prejuízos nas safras, para quem não está preparado.
Pensando nisso, a Revista A Lavoura passará a trazer, regularmente, na nova coluna “Agro e Gestão de Risco“, informações valiosas sobre como o setor agrícola pode ser mais resiliente e forte diante dos novos desafios.
Com o conteúdo produzido especialmente para essa coluna, o produtor poderá encontrar material abalizado que possa contribuir na sua tomada de decisões sobre cultivos, tecnologias, financiamentos e estratégias de comercialização, levando em consideração os riscos envolvidos.
Inferência Bayesiana
Segundo o economista Lucas Koren, cofundador da IMBR Agro, agtech especializada em gestão de risco no agronegócio, além do conceito clássico de previsão, como, por exemplo, projetar a produtividade do próximo ano baseada somente em informações disponíveis, é preciso explorar outros métodos de avaliação. “É o caso da Inferência Bayeriana”.
Ele explica que a Inferência Bayesiana “parte do Teorema de Bayes, associado à teoria das probabilidades, o qual, de forma simples e direta, infere a probabilidade de um evento ocorrer baseado nos conhecimentos vinculados a este evento” .
De acordo com Koren, o objetivo da Inferência Bayesiana é “avaliar a probabilidade de quebra de safra, a partir de um ‘gatilho’, ou seja, um indicador que impacta a produtividade, como a alteração na quantidade de chuvas, na temperatura, de forma repentina e não esperada, com base no momento analisado e, também, no dia a dia da cultura no solo”, salienta.
Para isso, ele acrescenta que essa técnica conta com a ajuda do algoritmo de balanço hídrico sequencial, que permite entender como se dá o balanço hídrico do talhão analisado, o que impacta na análise de risco.
Benefícios
Segundo o especialista, tomando como base inicial o desenvolvimento histórico diário da cultura agrícola analisada no local de interesse, é possível traçar uma distribuição de probabilidades denominada A priori, de eventos que já ocorreram. “A startup utiliza o dia a dia da semente no solo para comparar seu desenvolvimento atual com o que já aconteceu no passado. Sendo assim, tem-se bons indícios sobre a saúde da lavoura”, explica.
Ele complementa ainda que, depois de associar os elementos a serem previstos, ou seja, o dia a dia do desenvolvimento da lavoura ao que já aconteceu, quer dizer, a distribuição de probabilidades a priori, a startup pode apontar a distribuição posterior, que está relacionada à previsão do evento de interesse.
“Em outras palavras, oferta-se uma previsão que se autocorrige, para que a tomada de decisão seja feita com antecedência, transparência e eficiência”, esclarece Koren.
Seguro agrícola
No contexto do seguro agrícola, Koren explica que, a partir de uma informação geolocalizada e compartilhada, o sistema permite recolher dados históricos da área referentes à agrometeorologia e ao mercado; estimar a produtividade da cultura agrícola, a partir de simulações de data de semeadura, tipo de solo e ciclo do cultivar.
“Além disso, o sistema pode determinar, para o histórico avaliado, o armazenamento de água no solo, avaliando o motivo de quebras de produção; apontar o hedge ótimo, o ponto ideal de vendas futuras da cultura naquele local, e classificar a operação com base no índice de risco da IMBR Agro, que vai de 0 a 100, sendo 0, 0% de chance de êxito na próxima safra, e 100, 100% de êxito”, enfatiza o economista.
Ele esclarece que essas informações podem ser acessadas, tanto por meio do software de avaliação de risco da Startup, a I.R.I.S, quanto pela Application Programming Interface (API), com um tempo de resposta de, aproximadamente, dois segundos por cenário e por polígono de produção. “Essa agilidade, portanto, permite à seguradora utilizar o sistema da startup para aumentar a robustez de suas análises”, pontua.