A importância do Brasil para o futuro da cadeia mundial de alimentos
O Brasil tem um papel cada vez mais importante na produção mundial de alimentos, biocombustíveis e bioenergia. Com a evolução da tecnologia agropecuária e a intensificação dos processos produtivos, nossa produção se viabiliza como uma das mais sustentáveis do planeta.
Somos hoje o maior exportador líquido de alimentos, considerando as exportações menos as importações. No médio prazo, com a intensificação em curso de nossa pecuária e a conversão de áreas de pastagens pouco produtivas em agricultura, podemos expandir muito esta produção. Mantendo a evolução da produtividade das últimas décadas, podemos dobrar ou, até possivelmente, chegar perto de triplicar a produção de alimentos na área atualmente ocupada.
A contribuição brasileira ao Acordo do Clima firmado em Paris, em 2015, boa parte sob responsabilidade de nosso agronegócio, será implementar o Código Florestal, restaurar 12 milhões de hectares de florestas e 15 milhões de hectares de pastagens degradadas e implementar 5 milhões de hectares de integração lavoura-pecuária-florestas. Temos também o compromisso de dobrar a produção de biocombustíveis e quintuplicar a produção de bioenergia, sendo que já temos uma das matrizes energéticas mais limpas entre as grandes economias. Nosso etanol é o melhor biocombustível mundial em termos de redução de emissões e, quando produzido acoplado à produção de energia de biomassa, chega a evitar mais de 90% das emissões dos combustíveis fósseis.
À medida que agricultores atualizam seus modelos de produção, aprendendo com os mais tecnificados e eficientes, e a sucessão no campo atrai gestores e funcionários mais capacitados, agregam-se importantes ganhos de produtividade e competitividade. Nossa agricultura de escala produz alimentos de baixo custo, e seremos cada vez mais o supridor de populações de menor poder aquisitivo no Brasil e no mercado mundial.
Cenário
Somos hoje a principal liderança no desenvolvimento de tecnologias para o ambiente tropical, que no futuro nos permitirá levar um melhor desenvolvimento da agricultura a regiões de ambientes semelhantes como África e partes da Ásia, como novos modelos como o agrofloresta, que integrado com frutas, café e outras culturas representa uma boa diversificação trazendo mais sustentabilidade e segurança aos produtores.
A agricultura familiar produzirá cada vez mais alimentos sofisticados, especiarias e produtos que necessitam de foco em qualidade, o que é mais viável em propriedades de pequena escala, como a produção de frutas, hortaliças, legumes, como já podemos ver em torno dos grandes centros consumidores, cujos mercados valorizam este tipo de produtos. E cresce trazendo uma boa renda para pequenas comunidades rurais, cada vez mais importantes para um desenvolvimento socialmente equilibrado no interior do país, como podemos ver de maneira abrangente em minha região, o Sul de Minas, principal região produtora de café, cada vez mais baseada na pequena propriedade, que tem bons resultados através de suas produtivas cooperativas, melhores comercializadores deste produto no mercado mundial.
Evolução
Um bom exemplo da evolução de novos modelos produtivos é a nossa cafeicultura. Nosso café era conhecido no mercado mundial, até o final do século 20, como um produto de menor qualidade. Nos últimos 25 anos, porém, o setor se reestruturou ao diversificar as regiões produtoras e diferenciar uma multiplicidade de sabores em função de nossa grande diversidade de ambientes produtivos. O café do Brasil assumiu a liderança em qualidade nos principais mercados mundiais, além de ser o líder em produtividade e sustentabilidade entre todos os países produtores.
Temos ainda algumas áreas de nosso ambiente de negócios que necessitam de melhor regulação, por agregarem custos desnecessários a nossa produção. Os avanços da legislação brasileira têm estado no centro das discussões do setor e são fundamentais para a eficiência e a segurança alimentar de nossa produção e para garantir uma liderança na qualidade dos alimentos exportados ao mercado mundial. Precisamos também remodelar nossa infraestrutura logística, que é um dos principais gargalos de nosso agronegócio. Esta ainda é baseada em rodovias, nem sempre eficientes, o que agrega um custo muito maior que na maioria dos outros países produtores de alimentos.
Finalmente, precisamos trabalhar a imagem da produção brasileira no mercado mundial para agregar valor a nossos produtos e garantir acesso aos principais mercados. É necessário que nossas lideranças em sustentabilidade e responsabilidade social na produção de alimentos sejam apresentadas cada vez mais aos exigentes consumidores em todo o mundo para consolidar o Brasil como um dos maiores aliados da segurança alimentar do planeta. E, ainda, precisamos também trabalhar junto ao consumidor brasileiro que ainda tem uma visão defasada do nosso agronegócio, para mostrar a nossa realidade de produção responsável e sustentável.