Na hora de escolher a alimentação natural e caseira para os pets, no lugar da industrializada, os tutores menos informados ficam em dúvida sobre quais verduras, legumes e frutas podem ser oferecidos a eles. Para tanto, é importante que os donos de animais de estimação não forneçam os restos da comida da família, que podem ser prejudiciais à saúde dos bichinhos
Médico veterinário, nutrólogo e oncologista de animais, Luciano Pasin defende que os tutores ofereçam somente alimentos naturais: “As pessoas estão se conscientizando de que os animais também devem ter uma vida saudável, assim como nós. Os cães, por exemplo, precisam de alimentos de verdade e não somente industrializados”.
Ele ainda critica os conhecimentos proferidos nas faculdades e universidades de Medicina Veterinária em torno das rações industrializadas.
“Embora o conhecimento passado nos bancos das academias demonstre, categoricamente, que a ração é o único alimento adequado para os cães, eu discordo desse ensinamento e lamento o fato de não ser ensinado outro tipo de alimentação para os pets.”
Recomendação
Pasin também é contra os petiscos industrializados: “Não recomendo. Com tantos alimentos saudáveis a serem oferecidos como petiscos, por que utilizar um produto alimentício com conservantes, corantes e subprodutos alimentícios?”.
Na opinião dele, em um curto prazo, o tutor pode não notar as consequências de oferecer esse tipo de alimento, “mas me preocupo em longo prazo, ou seja, o risco da contribuição para o surgimento de doenças crônicas, como câncer, distúrbios hormonais, problemas renais, hepáticos, cutâneos, entre outras”.
Em relação à quantidade diária recomendada a cada tipo de animal de estimação, ele se baseia na própria experiência: “Posso falar como eu abordo, que é de maneira individualizada. Não há um cálculo matemático sobre quanto cada cão ou gato deve comer”.
“Por exemplo: tenho dois cães saudáveis com o mesmo peso, comendo a mesma quantidade. Um deles pode manter o peso e o outro engordar ou até emagrecer, pois tudo depende do metabolismo e das necessidades individuais de cada um. Sem contar quando o pet apresenta uma patologia e a alimentação, neste caso, deve mudar completamente”, ressalta o nutrólogo e oncologista de animais.
Sobre verduras, legumes e frutas, Pasin diz que não existe, necessariamente, algo proibido. “O que há são as necessidades e patologias individuais a serem consideradas na escolha desse alimento, que forneça mais ou menos de determinado nutriente. Deve-se ainda considerar a exigência daquele pet, dependendo do momento de sua vida”, comenta o especialista ao defender, novamente, o uso exclusivo de alimentos sem conservantes, aditivos e corantes para os pets, assim como para os seres humanos.
Controvérsias
O tema ainda gera controvérsias. O médico veterinário Cristóvão Tenório, proprietário da Clínica Amigos de Pelo, em Pernambuco, por exemplo, concorda em parte, considerando que ainda acredita que alimentos industrializados também podem ser bastante nutritivos, desde que sejam devidamente indicados por um profissional.
“As frutas, verduras e legumes oferecidos podem ser muito importantes ao tratarmos de casos de doenças ou até para complementar a dieta”, explica Tenório.
Para Aline Motta, zootecnista e especialista em alimentação animal da Cão Integral, “cães podem comer comida destinada aos humanos, desde que ela seja balanceada por um profissional, que vai avaliar a dieta do animal de forma que não falte ou exceda nenhum nutriente”.
Uma das orientações da especialista em alimentação animal, quanto ao preparo da comida do pet, é que o sal marinho ou outro sal integral (não refinado), esteja presente no preparo. “Sódio é importante para manter um equilíbrio a pressão arterial, a saúde dos rins e sais minerais”, informa Aline.
Já em relação aos temperos da alimentação natural, não há contra-indicação para um cão saudável, de acordo com a zootecnista. Caso seu pet tenha algum problema de saúde, ela recomenda que um veterinário seja consultado.
“As ervas aromáticas frescas são sempre mais nutritivas e apenas um pouco delas já é o suficiente para dar sabor. Mas como estes temperos não são essenciais, não se preocupe caso seu pet não os aceite, pois os animais também têm suas preferências alimentares.”
Para Aline, frutas, legumes e verduras estão liberadas, “contudo, é preciso que haja cuidados na administração desses produtos antes, durante e após as refeições do pet”.
Frutas permitidas para cães
O veterinário Cristóvão Tenório indica o que é permitido fornecer aos cães em relação às frutas, tais como banana, maçã, tomate, entre outras:
- Banana: A banana é uma opção saudável de petisco por causa de seu valor nutricional. Apresenta vitaminas A, C e B6, além de conter boas quantidades de fibras e minerais, como magnésio, potássio, ferro e cálcio. Conforme o especialista, esta fruta é uma excelente fonte de energia para o cachorro, auxiliando no funcionamento intestinal e devendo ser fornecida sem a casca.
- Kiwi: Por conter vitamina C, o kiwi também torna o sistema imunológico do pet mais forte, fortalecendo os ossos e tecidos conjuntivos. Para servir esta fruta, o indicado é que seja descascada e cortada em pequenos pedaços.
- Tomate: O tomate – que é uma fruta rica em vitaminas A, B e C – pode ser fornecido ao cachorro, sem as sementes. A opção cozida até pode ser oferecida, mas a versão crua é a mais indicada, sendo necessário estar bem madura.
- Maçã: Rica em prebióticos, a maçã ajuda no funcionamento intestinal dos cães, além de contribuir para o bom funcionamento do sistema imunológico dos bichinhos. Assim como o tomate, deve ser fornecida sem sementes, devendo ser partida em cubos e com casca.
- Manga: Retirando a casca e o caroço, a manga também pode ser inserida na dieta do cachorro, por possuir diversos efeitos benéficos, como a redução dos riscos de doenças degenerativas. Ainda previne o envelhecimento precoce e ajuda na manutenção dos tecidos conjuntivos.
- Melancia: Fonte de água, a melancia ajuda na hidratação do corpo canino, mas para que o animal possa aproveitar todos os benefícios, o tutor precisa oferecê-la sem as sementes.
- Pera: Com casca e sem sementes, a pera auxilia no funcionamento do sistema imunológico, protege o intestino e contribui com a saúde dos tecidos conjuntivos do cãozinho.
Legumes e verduras permitidas para cães
O médico veterinário Cristóvão Tenório ainda informa sobre algumas verduras e legumes permitidos aos cães, tais como abóbora, beterraba, batata, entre outros:
- Abóbora: Também chamado de jerimum, a abóbora é rica em proteínas e deve ser servida descascada, cozida, sem sal e sem quaisquer outros condimentos.
- Batata: Rica em vitaminas B e C, a batata é uma boa opção de alimento para o cão por conter ferro, cálcio e potássio. Esse tubérculo ajuda na boa manutenção do sistema imunológico, dos dentes, ossos e músculos. O mais indicado é servi-la sem casca, cozida e sem temperos.
- Beterraba: Esse tubérculo é uma excelente fonte de nutrientes e pode ser servido para os pets diabéticos. A beterraba contém vitaminas A e B6, auxiliando na manutenção do sistema imunológico e devendo ser oferecida cozida, descascada e sem sal.
- Brócolis: No caso de brócolis, alguns cães podem gostar e outros não! Basta testar! Se o animalzinho aprovar, essa verdura é rica em potássio, cálcio e ferro, além de apresentar diversas vitaminas, tais como A, B1, B2, B6 e C.
- Cenoura: Por fornecer as vitaminas A, C e K, a cenoura é um legume rico em potássio e pode ser oferecida tanto crua quanto cozida, sem adição de sal.
- Chuchu: Outro vegetal que pode ser fornecido aos cães é o chuchu, por ser uma fonte de vitaminas A e C, além de conter cálcio, fósforo e ferro. É bom para a digestibilidade e auxilia na dieta de emagrecimento de muitos pets.
- Salsinha: Por ser fonte de vitaminas A, B1, B2, C e D, a salsinha também pode entrar na dieta do cachorro, podendo ser servida crua ou cozida.
Alimentos proibidos para cães
Dentre os alimentos proibidos para os cães estão o abacate, carambola, cebola, cerejas, uvas e uva-passas, dentre outros.
De acordo com a zootecnista Aline Motta, o abacate, por exemplo, contém uma substância tóxica chamada persina, que pode causar desarranjo gastrointestinal.
Segundo a especialista em alimentação natural, existem também outros alimentos inadequados para os cachorros. São eles:
- Alho: O alho faz mal para os cães, porque destrói as células vermelhas do sangue, podendo provocar anemia e, em casos mais graves, até falência renal por perda de hemoglobina.
- Batata (verde): Mesmo tendo sido indicada anteriormente, a pele ou a batata em si não pode estar verde. Isso porque, nessa condição, ela apresenta uma substância chamada solanina que, mesmo em pequenas quantidades, pode ser tóxica.
- Café: Em altas quantidades, a cafeína pode ser tóxica para os cães, considerando que os alimentos à base de cafeína contêm componentes chamados xantinas, que os podem causar danos aos sistemas nervoso e urinário, além de ser um estimulante cardíaco.
- Cebola: Por conter tiossulfato, a cebola, assim como o alho, pode causar anemias em cachorros.
- Chocolate: Como contém teobromina, o chocolate pode ser tóxico para o cãozinho, porque seu organismo não consegue eliminar essa substância de forma rápida e eficiente.
Doces dietéticos: Alimentos adoçados com xilitol podem provocar danos hepáticos e até a morte em cães mais sensíveis.
- Macadâmia: Raramente fatal, a ingestão de macadâmia pode causar sérios sintomas, incluindo vômito, tremores, dores abdominais, confusão mental e alteração nas juntas.
- Massa crua de pão e bolo: O fermento contido na massa crua pode se expandir no estômago do animal e causar dor ou ruptura intestinal.
- Uvas e uvas-passas: há casos já comprovados de cachorros que morreram depois de comerem uma grande quantidade de uva ou uva-passa. Apesar disso, a substância que causa essa intoxicação ainda não foi identificada. Portanto, cuidado porque essa fruta faz mal para os cães!
- Ossos naturais de boi ou frango: Podem promover obstrução e perfuração do esôfago, estômago ou intestino, ocasionando infecção generalizada, na maioria das vezes, e morte do animal.
Gatos são diferentes de cães
Diferentemente dos cães, os gatos são, por natureza, carnívoros e têm como alimentação-base a proteína fresca, sendo que o necessário para sua nutrição envolve peixes, frangos e carne vermelha. É o que orienta a médica veterinária Raquel Madi, responsável pelo site CachorroGato.
“Outro tipo de alimento não é necessário em sua dieta e alguns são até perigosos. Os donos costumam dar frutas para gatos como aperitivos ou até misturá-las em sua ração, com a ilusão de que estão acrescentando nutrientes à alimentação do seu bichinho. Muito cuidado com isso!”, alerta a especialista.
Conforme Raquel, do ponto de vista nutricional, assim como os doces não acrescentam nada de bom ao corpo humano, as frutas também não favorecem, em nada, os gatos. “Pelo contrário, a sensação de saciedade que dá, depois de ingerir esses alimentos, atrapalha na dieta ideal do bichano, que acaba com menos proteína do que deveria.”
“Algumas frutas, em geral, não fazem mal de imediato ao gato, mas acabam provocando a falta de nutrientes necessários e podem levar seu bichinho a ter problemas de peso e anemia. O ideal é evitar introduzir, na dieta, alimentos que não acrescentam proteína ao corpo do gato, até mesmo como petisco.”
Frutas
De acordo com Raquel, algumas frutas podem não fazer mal ao gato de imediato, mas outras são extremamente perigosas para a saúde dos felinos.
“As frutas cítricas, como laranja e limão, devem ser absolutamente evitadas, pois gatos não suportam a acidez dessas frutas e podem ter a parede do estômago prejudicada. Há outras frutas, como uvas e caquis, que também prejudicam a digestão, e acabam acarretando problemas intestinais ao bichano. Melhor não correr o risco e deixá-lo longe das frutas, buscando alternativas mais saudáveis de petiscos”, orienta a médica veterinária.
Legumes e vegetais
Embora os gatos sejam carnívoros , a especialista relata que existe uma maneira de ajudar o felino a ficar mais saudável, adicionando alguns vegetais selecionados à dieta, que podem ser ótimas fontes de vitaminas e minerais essenciais.
“Tenha em mente de que a dieta de um gato nunca deve consistir em puramente vegetais. Os gatos, por natureza, são carnívoros e seus sistemas são desenvolvidos para incluir carnes e peixes. Se você tiver uma pergunta específica sobre as necessidades alimentares do seu bichano, verifique com um veterinário, antes de adicionar algo novo”, aconselha Raquel, apontando uma lista com seis boas opções vegetarianas para o amigo felino:
- Abobrinha: Fonte de magnésio, potássio e manganês, a abobrinha pode ser saudável para os gatos.
- Abóbora: Pura e sem tempero, a abóbora contém uma bactéria que, ao ser consumida com moderação, pode ajudar a normalizar a flora intestinal do gatinho e aliviar a constipação e/ ou os problemas relacionados à diarreia.
- Brócolis: Cozido a vapor, o brócolis é uma ótima fonte de antioxidantes.
- Cenoura: Excelente fonte de vitaminas e minerais diferentes, incluindo o betacaroteno, a cenoura pode ser fornecida ao felino, desde que seja cozida e picada em pedaços pequenos, para facilitar a digestão e evitar engasgos.
- Ervilhas: Inclua ervilhas na dieta regular do seu gato, para uma mistura saudável adicional de proteínas e carboidratos.
- Vagem: vagem é outro dentre os poucos vegetais aprovados para alimentar o felino, especialmente se ele está acima do peso. Também é uma grande fonte de fibra.
Outras opções
Conforme a médica veterinária Raquel Madi, outros vegetais – como pepino cozido ou cozido no vapor, aspargo e espinafre – podem ser fornecidos aos gatos.
Ainda assim, ela pondera: “não alimente o bichano com espinafre, caso ele tenha algum problema urinário e/ou renal, porque esse alimento pode causar a formação de cristais no trato urinário.”
Obesidade
Conforme a especialista, assim como os cães, os gatos também estão passando por um problema de obesidade: “Por isso, não dê ao seu amigo peludo muitos destes alimentos ricos em carboidratos. No entanto, um pouco deles, como tratamento e de vez em quando, é bom”.
Raquel ainda indica alguns tipos de grãos, que podem ser ingeridos pelos gatos, tais como o milho cozido e a farinha de aveia. “A aveia pura é rica em proteínas.”
“Os gatos não possuem as enzimas necessárias para digerir os alimentos à base de folhas. Saladas verdes colocadas em uma tigela podem aparecer, notavelmente, na caixa de areia. Isso significa que os gatos não podem se beneficiar? de modo nenhum! Eles precisam comer alimentos verdes, porque removem resíduos e desintoxicam o cólon. Os vegetais folhosos também podem ajudar um gato a expelir bolas de pelos, seja empurrando-os para o trato digestivo ou permitindo o vômito.”
A médica veterinária reforça ainda que “um gato, que come verduras para induzir o vômito, não deve ser interrompido, pois vômitos ocasionais são perfeitamente normais e saudáveis”.
Fontes:
Luciano Pasin
Médico veterinário, nutrólogo e oncologista
Aline Mota
Zootecnista, especialista em alimentação animal da Cão integral
Cristóvão Tenório
Médico veterinário, proprietário da Clínica Amigos de Pelo
Raquel Madi
Médica veterinária do Hospital Veterinário Granja Viana
Com informações de: Clube do Cachorro, Fareja Pet, CachorroGato