Novos híbridos contribuem para a racionalização do uso de defensivos agrícolas e aumento de produtividade, resultando em maior renda ao produtor
Os produtores de maracujá podem contar com variedades de frutos com maior resistência e tolerância a doenças, menor dependência da polinização artificial, maior longevidade, vigor e alta produtividade. Os varejistas têm agora produtos mais resistentes ao transporte e que podem ficar mais tempo nas prateleiras. Para o consumidor, os principais atrativos são a maior quantidade de vitamina C nos frutos e bom rendimento da polpa.
A Embrapa disponibilizou os híbridos de maracujazeiro-azedo BRS Gigante Amarelo, BRS Sol do Cerrado e BRS Ouro Vermelho, que irão beneficiar toda cadeia produtiva do maracujá.
Estes híbridos de maracujazeiro contribuem para a racionalização do uso de defensivos agrícolas e o aumento de produtividade, o que resulta na diminuição dos custos de produção da cultura com potencial aumento da renda do produtor e diminuição do preço do produto para o consumidor. Com a redução do uso de defensivos agrícolas também é esperada a redução dos riscos à saúde dos produtores rurais e dos consumidores, além do aumento da qualidade mercadológica devido à menor presença de resíduos em frutos.
Impactos ambientais
Os impactos ambientais também são reduzidos no processo produtivo do maracujá. A diminuição do uso de defensivos agrícolas, pela incorporação de resistência múltipla a doenças, além de diminuir os resíduos de agroquímicos no solo, no ar e na água resultará na melhoria e otimização do uso de recursos naturais pela maior produção por unidade de área.
Os híbridos são o resultado de 15 a 20 anos de pesquisas desenvolvidas pela Embrapa Cerrados e diversas instituições parceiras e o envolvimento de aproximadamente 20 pesquisadores. A parceria com a Embrapa Transferência de Tecnologia tem permitido avaliações destes híbridos em Unidades Demonstrativas em diferentes regiões do Brasil, principalmente no Distrito Federal e nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Mato Grosso, Pará e Paraná, além da realização de Dias de Campo. A produção e venda das sementes híbridas são realizadas pela Embrapa Transferência de Tecnologia.
Gigante Amarelo: alta produtividade
O híbrido de maracujazeiro-azedo BRS Gigante Amarelo é de alta produtividade. Nas condições do Distrito Federal, por exemplo, a produtividade tem alcançado 42 t/ha no primeiro ano, mesmo com ataque de virose. No segundo ano de produção, a produtividade fica em torno de 20 a 25 t/ha, dependendo do manejo. A coloração externa dessa variedade é amarelo brilhante e a polpa é de cor amarelo forte (maior quantidade de vitamina C). Tem boa tolerância à antracnose e bacteriose, mas é susceptível à virose, verrugose e às doenças causadas por patógenos de solo. Não há informação sobre maiores danos causados por pragas.
Ouro Vermelho: alto teor de vitamina C
A BRS Ouro Vermelho é o híbrido de maracujazeiro-azedo com maior quantidade de vitamina C, com a polpa de cor amarelo forte. A produtividade nas condições do Distrito Federal tem ficado em torno de 40 t/ha no primeiro ano, sem a polinização manual. É tolerante a doenças foliares, incluindo a virose. Em diferentes locais, tem-se comportado como tolerante a doenças causadas por patógenos do solo.
Sol do Cerrado: tolerância a doenças foliares
O híbrido BRS Sol do Cerrado também tem coloração externa amarelo brilhante e coloração de polpa amarelo forte. A produtividade nas condições do Distrito Federal, assim como o BRS Ouro Vermelho, chega a 40 t/ha no primeiro ano, sem o uso de polinização manual. No segundo ano de produção, a produtividade fica em torno de 20 a 25 t/ha. Tem tolerância a doenças foliares, como bacteriose, antracnose e virose, mas é susceptível a doenças causadas por patógenos de solo. Ainda não foram constatados maiores danos causados por pragas.
Manejo
Nas condições do Distrito Federal, normalmente, os híbridos são irrigados e plantados no período de maio a julho, com espaçamento de 2,5 m x 2,5 m. Têm floração o ano todo, com maior concentração na época seca. Há indicadores de adaptação dessas cultivares na altitude de 376 a 1.100 m e plantio em qualquer época do ano (quando irrigado), em diferentes tipos de solo. Não se adapta a regiões sujeitas a geadas. Os três híbridos são resistentes ao transporte, permitem maior tempo de prateleira, bom rendimento da polpa, e seus frutos são para indústria e mesa.
Melhoramento genético
O uso de espécies silvestres tem mostrado grande potencial para melhoramento genético, principalmente como fontes de genes de resistência a doenças. De acordo com o pesquisador da Embrapa Cerrados, Fábio Faleiro, nos últimos anos tem-se observado problemas sérios com várias doenças na cultura do maracujazeiro, as quais depreciam a qualidade do fruto, diminuindo seu valor comercial, e reduzem a produtividade e a longevidade da cultura.
O uso de variedades resistentes e outras técnicas de manejo integrado são medidas mais eficazes, econômicas e ecologicamente corretas de controle de doenças. O desenvolvimento de variedades resistentes a doenças é estratégico visando à redução de custos de produção, segurança de trabalhadores agrícolas e consumidores, qualidade mercadológica, preservação do ambiente e sustentabilidade do agronegócio.
Liliane Castelões – Embrapa Cerrados
Maracujás ornamentais: exuberância, beleza e cores vibrantes
A flor do maracujá, também conhecida como flor da paixão, tem mais motivos para inspirar poetas e paisagistas na ornamentação de poemas e crônicas e, claro, de jardins, pérgulas e borboletários. O cruzamento de duas espécies da planta, conseguido por pesquisadores da Embrapa resultou em três híbridos com flores de formação e coloração diferenciadas. As novas variedades chegaram ao mercado no segundo semestre de 2008.
Os híbridos BRS Estrela do Cerrado, BRS Rubiflora e BRS Roseflora são as primeiras variedades de maracujazeiro ornamental apresentadas no Brasil. Foram desenvolvidos pela Embrapa Cerrados e Embrapa Transferência de Tecnologia, ambos de Brasília-DF, e são uma alternativa inovadora para o mercado de plantas ornamentais.
Paisagismo
Os três híbridos são indicados para o paisagismo em função da exuberância, beleza e cores vibrantes de suas flores, aliadas à rusticidade observada em condições de cultivo. Florescem continuamente com picos de junho a novembro nas condições do Distrito Federal, com grande quantidade de flores. Têm como característica a resistência às principais doenças do maracujazeiro, especialmente as de raízes. A polinização manual aumenta a produção dos frutos, que são pequenos e ácidos, podendo também ser utilizados para sucos. As três novas variedades têm potencial para utilização como porta-enxerto para o maracujazeiro comercial.
O híbrido BRS Estrela do Cerrado foi obtido a partir do cruzamento entre as espécies silvestres Passiflora coccinea Aubl., de flores vermelhas, e Passiflora setacea DC., de flores brancas. Já as plantas do BRS Roseflora e BRS Rubiflora foram obtidas a partir do retrocruzamento entre BRS Estrela do Cerrado e Passiflora setacea e Passiflora coccinea, respectivamente.