A Associação Brasileira de Angus tem parceria com frigoríficos de incentivo à produção de carne bovina de qualidade. A Associação Brasileira de Hereford e Braford também tem. A Associação dos Criadores de Nelore do Brasil criou há vários anos o projeto Nelore Natural, com objetivos semelhantes. Mesmo a pouco conhecida raça Rubia Galega tem trabalho conjunto com uma rede de supermercados.
Em regra, essas quatro iniciativas envolvem a premiação dos pecuaristas que fornecem para o abate animais jovens com peso, conformação e percentual de gordura ideais. Quando se enquadram em determinados padrões, o gado recebe bonificação especial no preço.
Há outros projetos com características parecidas e que também defendem a bandeira da carne bovina diferenciada, mais macia e suculenta e, por consequência, preferida por quem valoriza a qualidade.
E isso é bom para todos os elos envolvidos. O pecuarista é melhor remunerado; o frigorífico paga um pouco mais porém recebe um produto nobre e o comercializa por preço superior; a imagem da pecuária brasileira melhora.
Por trás dessas excelentes ideias há um processo em consolidação. O pecuarista brasileiro já sabe que somente tem retorno econômico se for profissional. E por isso se entenda investir em genética melhoradora, a base de todo o resultado em termos de produtividade, teor de gordura, idade ao abate, ganho de peso e outros indicadores que fazem parte há muito tempo do manual da produção correta.
Há no Brasil algumas dezenas de raças bovinas voltadas à produção de carne bovina. Devido à diversidade territorial e climática, umas se adaptam melhor a determinadas regiões e, portanto, acabam merecendo a preferência dos pecuaristas.
Não há raças ruins
O fato é que não há raças ruins, mas é preciso que elas sejam utilizadas corretamente. A seleção dos melhores animais é essencial para promover as boas características da opção genética. A multiplicação de bovinos de baixa qualidade colabora para destruir a credibilidade da raça. Infelizmente há mais de um caso na história da pecuária brasileira para provar essa tese.
Mesmo o cruzamento industrial já teve os seus dias ruins. Essa prática, que consiste no acasalamento de vacas de origem zebuína com touros de origem europeia, hoje é aclamada como o caminho para a produção de carne bovina de qualidade. Porém, quando surgiu com grande força, no final da década de 80 e início da 90, foi alvo de exageros de alguns que, interessados em ganhos rápidos e sem escrúpulos, vendiam machos de baixa qualidade genética como reprodutores. Resultado: a técnica caiu em descrédito e perdeu espaço.
Somente nos últimos anos é que o cruzamento industrial venceu os céticos e conseguiu se impor como método genético comprovadamente viável economicamente, reduzindo a idade de abate em até um ano, melhorando a qualidade da carcaça e proporcionando outros benefícios para o pecuarista, o frigorífico e o consumidor final. Tudo isso porque está baseado em um princípio simples: a produção de carne de qualidade independe da raça. Mas é preciso extrair o melhor de cada uma delas, com seleção genética constante.