Os números da comercialização de sêmen bovino (corte e leite) de 2010 anunciados no final do mês de março de 2011, pela Associação Brasileira de Inseminação Artificial, trazem uma agradável e positiva constatação: o pecuarista está, sim, empenhado em melhorar sua base genética e dar sua contribuição para o aumento da oferta de carne bovina de qualidade superior.
Essa comprovação está nos números das duas raças bovinas mais utilizadas pelos produtores no país. O Nelore continua na liderança, com cerca de 2,9 milhões de doses ou perto de 30% de todo o volume de sêmen (10,45 milhões de doses) vendido no ano passado. Na segunda posição e cada vez mais consolidado, vem o Angus, com 17,2% do total. Brahman, Guzerá, Hereford, Simental, Senepol, Tabapuã e Braford também aparecem bem no levantamento.
Sob os olhos do mundo, a preferência dos pecuaristas brasileiros por Nelore e Angus mostra o fortalecimento do cruzamento industrial. O choque sanguíneo entre os machos zebuínos e as fêmeas taurinas é a combinação mais indicada para a produção de animais precoces, com excelente ganho de peso e bom acabamento de carcaça. Em outras palavras, está aí o foco da atividade na busca de melhor carne.
O histórico recente da venda de sêmen também depõe a favor do Angus, raça tida como a produtora da melhor carne no mundo. Nos últimos seis anos, a comercialização de genética da raça triplicou, chegando agora a 1,79 milhão de doses em 2010.
Outro dado importante no relatório da Asbia passa pelo aumento dos negócios com sêmen de maneira geral. Tomando como exemplo as raças bovinas de corte, o total comercializado no ano passado aumentou 15,6% sobre os números do ano anterior.
Esse avanço da venda de genética retrata o cenário atual motivador da pecuária nacional. A produtividade aumenta a olhos vistos nas fazendas, com redução da idade das vacas ao primeiro parto, aumento do desfrute (percentual do rebanho abatido por ano) e evolução do peso médio dos bovinos aos 24 meses de idade.
Mais do que sinais, esses sintomas saltam aos olhos não apenas do pecuarista, mas dos frigoríficos, que podem contar com carne de melhor qualidade – e em maior quantidade – para vender no exterior, e dos próprios consumidores, que podem ter no seu prato produto de padrão superior. Embora os preços na ponta ainda estejam elevados, é indiscutível que a cadeia produtiva está fazendo a sua parte para elevar o status da atividade.
Sem perder esse foco, o pecuarista precisa apenas olhar com um pouco mais de atenção para a genética melhoradora produzida no Brasil. Nos números da raça Angus, por exemplo, apenas 1/3 do total de sêmen saíram de fazendas nacionais.