Algumas raças de cães e gatos precisam de atenção redobrada por parte de seus tutores nos dias mais frios para evitar problemas, como síndromes respiratórias e dores articulares
As temperaturas estão caindo gradativamente, com a chegada do inverno, e o corpo dos animais de estimação, assim como acontece com os humanos, sente as mudanças climáticas. O ar mais seco pode ocasionar problemas respiratórios e animais de mais idade podem sentir desconforto nas articulações com o frio. Por isso, todos os cuidados que os tutores já tomam com seus cães e gatos durante o ano devem ser intensificados no período de inverno para mantê-los saudáveis por toda a estação.
Os animais idosos são os que mais sofrem. Eles têm artrite, artrose e problemas de coluna, como hérnia de disco, e podem sentir dores intensas nos dias frios. Também, com o passar dos anos de vida, há uma diminuição da massa muscular e a camada de gordura fica um pouco menor. Isso dificulta a manutenção da temperatura corporal dos pets.
De um modo geral, no inverno as baixas temperaturas fazem cair a imunidade de qualquer animal. Neste caso, é preciso ficar atento, independentemente da idade, a problemas respiratórios, pneumopatias, gripes e resfriados, além de doenças do complexo respiratório em felinos. Por isso, a importância de manter visitas regulares ao médico-veterinário e todas as vacinas em dia.
Alguns animais têm predisposição a ter doenças do trato respiratório superior e maior propensão a ter pneumonia se ficarem ao relento, fora da casa, com ar frio, explica a médica-veterinária Rosangela Ribeiro Gebara, da Comissão Técnica de Bem-estar Animal do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP).
“Nos dias mais frios, evite os banhos”, recomenda a profissional. Se for inevitável, a orientação é que seja um banho com água morna. Em seguida, os pelos do animal devem ser bem secos e ele não deve ser exposto ao vento.
Segundo Rosangela, é muito importante que o pet não fique em área aberta, sem proteção. “Os animais sofrem com a queda de temperatura assim como nós. Eles têm que ter uma casinha, uma caminha e uma proteção do piso.”
Algumas raças de cães apresentam uma condição anatômica diferente, como os braquicefálicos – entre eles pug, shitzu, pequinês, buldogue inglês, buldogue francês, lhasa apso e boxer –, e isso pode gerar um desconforto respiratório maior nessas épocas mais frias, explica o médico-veterinário Eduardo Pacheco, da Comissão Técnica de Clínicos de Pequenos Animais do CRMV-SP. Em relação aos felinos, afirma ele, a raça persa tem mais predisposição a desenvolver alterações respiratórias.
Atenção aos sinais
Pacheco recomenda estar sempre de olho no comportamento do animal. Quando ele começa a apresentar alguma moléstia, seja respiratória ou não, normalmente começa pela hiporexia, ou seja, fica mais prostrado, o comportamento habitual muda, pode ter dificuldade de locomoção, tremores e falta de apetite, entre outros sintomas.
“Principalmente em relação a doenças respiratórias, podemos perceber espirros, tosse, com ou sem secreção, descarga nasal, dificuldade respiratória, estando atrelada a uma pneumopatia um pouco mais severa, um início de pneumonia. Muitas vezes o tutor confunde esse sinal de tosse com engasgo”, alerta o médico-veterinário.
Pet deve usar roupas?
Uma dúvida comum entre tutores de pets é se eles podem/devem usar roupinhas. A resposta é sim, porém com ressalvas. A preferência é que sejam usadas apenas por animais de pelagem curta. O uso de roupas por animais de pelos longos pode desenvolver nós.
“É preciso um cuidado especial, como não manter o bicho com a roupa o tempo todo e pentear os pelos regularmente”, orienta Pacheco.
Segundo ele, os pelos têm função de regular a temperatura do corpo do animal, por isso ele não deve ser tosado completamente, ao menos nessa época. “Se for tosado, ele perderá um pouco dessa barreira de proteção e isso facilitará com que tenha trocas bruscas de temperatura e sofra com o frio”, explica o médico-veterinário do CRMV-SP. Isso pode gerar ainda uma baixa de imunidade e o animal ficará mais suscetível a desenvolver problemas, como os respiratórios.
As roupas também devem ser confortáveis. Elas não podem limitar a locomoção e a movimentação do animal, recomenda a médica-veterinária Rosangela. “Pense sempre na utilidade da roupinha, e não na estética”, recomenda.
A peça deve ser colocada no animal apenas nas horas mais frias. “Sempre use roupinhas higienizadas, para evitar problemas de pele, fazendo a troca quando sujas ou úmidas”, complementa Rosangela.
Os cães costumam aceitar melhor as roupinhas. Os felinos, porém, não se adaptam muito bem, destaca Pacheco. “É preciso ter muito cuidado, porque eles podem morder, desfiar ou engolir algum penduricalho e originar um corpo estranho, necessitando de cirurgia para retirada.”
Principais cuidados
– A vacina da gripe deve estar sempre em dia;
– Aumente a alimentação entre 10% e 20% do que ele normalmente come nas outras épocas do ano, por conta do gasto energético que necessita para manter a temperatura do corpo;
– Utilize um nebulizador no local onde o animal dorme, para ajudar a manter as vias aéreas mais hidratadas;
– Evite passeios nas horas mais frias e de ventania;
– Agasalhe o animal;
– Mantenha a temperatura interna da casa controlada;
– Evite a automedicação, pois pode representar risco de vida para cães e gatos;
– Ao menor sinal, procure o atendimento clínico veterinário, para evitar um tratamento mais dificultoso e oneroso.