Uma tecnologia brasileira capaz de identificar precocemente bovinos de corte com potencial para produzir carne macia acaba de ter patente internacional registrada no Canadá e nos Estados Unidos. Desenvolvido pela Embrapa Pecuária Sudeste, em parceria com a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o sistema utiliza marcadores moleculares – espécie de “trechos” do DNA – responsáveis por determinadas características.
Raça nelore
Direcionado para a raça nelore, principal base para cruzamentos de corte no Brasil hoje, o método de identificação por marcadores é um dos trabalhos da rede de pesquisa Bifequali com mais potencial de mercado, uma vez que a maciez da carne é um dos maiores desafios para a raça nelore. Para a pesquisadora da Embrapa Luciana Regitano, responsável pelo estudo, trata-se de mais um instrumento para auxiliar o setor produtivo na seleção dos melhores animais, além das ferramentas clássicas de melhoramento genético. Outras tecnologias serão lançadas ainda este ano, envolvendo marcadores para eficiência alimentar e características de qualidade da carne.
O depósito de patente já havia sido feito no Brasil em setembro de 2010, junto ao INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial), com apoio da Assessoria de Inovação Tecnológica da Embrapa. Segundo Hélio Omote, analista responsável pelos processos de patentes na Embrapa Pecuária Sudeste, a escolha de Canadá e Estados Unidos foi feita após uma avaliação do mercado potencial nesses países para a comercialização da tecnologia de marcadores.
Patente
A patente protege a tecnologia e garante o direito sobre sua comercialização. No Brasil, estima-se que o mercado seja de 40 milhões de dólares anuais. A parceria com empresas também é imprescindível para que as pesquisas da Embrapa possam se converter em produto final. “Estamos transformando os recursos investidos nessas pesquisas em benefício social e aplicação prática”, afirma Omote. Até hoje, a Embrapa Pecuária Sudeste possui seis patentes depositadas, entre elas o sistema de rastreabilidade bovina Tag Ativo, licenciado e comercializado pela empresa Animall Tag.