Obtido com a tecnologia para concentração de extrato com elevado teor de carotenóides, a partir do resíduo do pedúnculo do caju, um novo corante natural acaba de ter patente registrada no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) pela Embrapa Agroindústria Tropical (Fortaleza-CE) e o Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa para o Desenvolvimento Agronômico – CIRAD (França).
Variando entre o vermelho, laranja e amarelo, os carotenoides são pigmentos naturais presentes nas células de alguns vegetais, como o betacaroteno e o licopeno, que vêm sendo valorizados devido à tendência mundial de substituição de corantes sintéticos por corantes naturais nos alimentos. Corantes artificiais, tais como a tartrazina, amarelo crepúsculo e eritrosina já foram banidos do mercado europeu há alguns anos, mas ainda continuam em uso no Brasil.
Extrato concentrado
O objetivo da tecnologia é aproveitar o bagaço, tradicional resíduo das indústrias após o processamento para a obtenção de suco, para a obtenção de um extrato concentrado e purificado de carotenoides. O produto, de grande interesse da indústria alimentícia para a substituição dos corantes artificiais pelos naturais, também abre nova perspectiva para a cadeia produtiva da cajucultura, que poderá obter um produto de maior valor agregado, se comparado aos produtos convencionais obtidos a partir do pedúnculo de caju.
Segundo Fernando Abreu, autor da pesquisa e analista da Embrapa Agroindústria Tropical, a patente, gerada após quatro anos de estudos, tem como ferramenta tecnológica o uso de membranas de microfiltração, acoplando operações unitárias de concentração a frio e diafiltração. Como resultado, o corante obtido apresenta elevados teores de carotenoides, como a luteína, a auroxantina e beta-criptoxantina, com coloração intensa na faixa de amarelo claro, diferentemente do amarelo-alaranjado dos corantes à base de carotenoides convencionais, como a bixina e o betacaroteno presentes no mercado.
O diferencial
Um dos diferenciais da pesquisa, de acordo com Genésio Vasconcelos, supervisor do Setor de Prospecção e Avaliação de Tecnologias da Embrapa Agroindústria Tropical, é o fato de ter sido desenvolvida, desde seu início, em parceria com uma empresa privada. A Sabor Tropical participou do processo de desenvolvimento da tecnologia, que pôde ser testada e avaliada em escala maior que a laboratorial, comprovando a viabilidade e o potencial da tecnologia para o mercado. A próxima etapa será o licenciamento da tecnologia para empresas que produzam e comercializem o novo corante.