Uma variedade de mandioca com alto teor de açúcar, inadequada para produção de farinha, pode se tornar a mais nova opção para a produção de etanol na região Norte. Resultados preliminares de pesquisas mostram que a mandiocaba, como é conhecida, é capaz acelerar o processo de produção e reduzir o custo energético em 40%, já que na etapa da fermentação não é necessário o processo de hidrólise do amido por meio de enzimas.
Mandiocaba
A mandiocaba contém bastante água, é adocicada, possui pouco amido e seu teor de glicose é elevado, entre 6 e 8 graus brix (unidade usada para expressar a quantidade de açúcares), enquanto o teor comum na mandioca gira em torno de 2 graus brix. Por isso ela é rejeitada pela maioria dos agricultores para a produção de farinha, mas utilizada para fazer mingau e um tipo de melaço. Segundo o pesquisador Miguel Dias, da Embrapa Amazônia Ocidental, o objetivo do projeto é saber até quanto é possível produzir etanol utilizando uma tonelada de mandiocaba, já que seu teor de açúcar é considerado alto.
Comparada à cana-de-açúcar, a mandiocaba elimina uma das fases do processo de produção e pode ser uma boa alternativa para a produção de álcool na região norte, já que a principal matéria-prima para a produção do etanol no Brasil, a cana-de-açúcar, tem restrições para cultivo na Amazônia, devido a impedimentos do zoneamento agroecológico. Miguel Dias diz que a pesquisa vem realizando coletas e plantio de outras variedades no Amazonas, Pará e Amapá. Elas serão multiplicadas e, posteriormente, testadas e comparadas com as demais variedades para avaliação de rendimento.
Resultado do projeto
A pesquisa é resultado do projeto “Rede de Melhoramento e Manejo Fitotécnico de Mandioca Açucarada para a Produção de Álcool Combustível na Região Norte da Amazônia”, realizado Embrapa Roraima, em parceria com Embrapa Amazônia Ocidental e Amazônia Oriental, Embrapa Amapá e Embrapa Roraima.
Ao longo de três anos, o projeto buscará identificar os genes e a variabilidade genética dessas plantas, utilizando marcadores microssatélites, ferramentas da biologia avançada. As pesquisas incluem, ainda, a avaliação das características de síntese e acúmulo de açúcares e amidos dos acessos de mandioca açucarada. O objetivo final é recomendar os melhores materiais e aumentar a produtividade e o rendimento industrial da cultura. “A pesquisa ainda está iniciando. A Embrapa Amazônia Ocidental trabalha com a parte agronômica, visando obter índices sobre produção, tamanho de raiz, pragas e doenças. Já a Embrapa Amazônia Oriental, conta com um laboratório piloto”, explica Dias.