Embrapa orienta sobre diversificação de pastagens
No mês de setembro, com a ocorrência das primeiras chuvas, vários aspectos devem ser levados em consideração pelo produtor rural, quanto à formação, reforma e recuperação de pastagens. A maioria das gramíneas forrageiras é versátil em relação à época de plantio, que pode se estender até meados de março. O pesquisador da Embrapa Rondônia (Porto Velho) Cláudio Townsend explica que, no entanto, a época ideal deve coincidir com o período em que as chuvas já tenham se estabilizado, ou seja, nos meses de outubro e novembro, quando a disponibilidade de água no solo é adequada à germinação e ao estabelecimento das plantas.
Escolha da espécie
Um dos pontos mais importantes nesta tomada de decisão é a escolha da espécie ou cultivar a ser plantada. Para isso, é preciso considerar as condições de clima (temperatura e quantidade de chuva), terreno e tipo de solo, histórico da área em relação à ocorrência de pragas e plantas invasoras. É necessário ainda determinar as características químicas e físicas do solo, através de análise em laboratório, definindo-se a necessidade de preparo, correção e adubação. “Também deve-se considerar a produtividade, o nível tecnológico como, por exemplo, adubação e manejo da pastagem, e o tipo de produção a ser adotada na propriedade”, acrescenta o pesquisador.
Townsend observa que, a partir do momento em que são adotadas as medidas adequadas de formação, recuperação e manejo de pastagens, os impactos sobre o meio ambiente são diminuídos, devido à redução de derrubadas e de queimadas para a criação de novas áreas de pastagem.
Cultivares recomendadas
Entre as cultivares de algumas gramíneas forrageiras disponíveis e recomendadas para o cultivo nas condições de solo e clima da região Norte, especialmente no estado de Rondônia, estão: Brachiaria brizantha cvs. Marandu, Xaraés e BRS Piatã; B. humidicola cv. BRS Tupi; Panicum maximum x P. infestum cv. Massai, e Paspalum atratum cv. Pojuca, além de outras.
A escolha deve levar em consideração as características de cada uma em relação à exigência em fertilidade de solo, tolerância a condições de pouca disponibilidade de água, luminosidade e pragas, com ênfase na cigarrinhas-das-pastagens. “Em uma área com solo de média a alta fertilidade natural, sem problemas de alagamento, qualquer uma das cultivares de Brachiaria brizantha pode ser recomendada para a formação de pastagem. Já para uma situação de solo de baixa fertilidade, sujeito a alagamento temporário, poderiam ser recomendados o Pojuca ou Tupi”, diz Townsend.
Diversificação de pastagens
A diversificação das pastagens é outra condição importante a ser considerada em uma propriedade, porque reduz a vulnerabilidade quanto à queda de produtividade e outros riscos típicos do cultivo único, como a incidência de pragas e doenças. Além disso, possibilita a utilização adequada dos diferentes tipos de solo e permite o uso estratégico das pastagens, de acordo com as necessidades dos animais, por exemplo. Segundo o pesquisador, o pecuarista que tiver áreas plantadas com variedades diferentes não ficará sem opção porque terá pastagens em boas condições, mas isso não significa o cultivo simultâneo de várias gramíneas em uma mesma área. A consorciação entre gramíneas e leguminosas representa uma alternativa, mesmo que temporária, de melhorar a oferta de forragem (quantidade, qualidade e distribuição de acordo com a estação do ano) aos animais em pastejo.
Algumas leguminosas forrageiras recomendadas para a formação de pastagens em Rondônia, por exemplo, são: amendoim forrageiro, desmódio, estilosantes mineirão e estilosantes Campo Grande.
Kadijah Suleiman – Embrapa Rondônia
Indicador seguro
Régua de manejo de pastagem vai facilitar a vida do produtor de gado
Uma nova tecnologia que vai facilitar a vida do produtor de gado foi lançada pela Embrapa Gado de Corte: é a régua de manejo de pastagem. Ela tem a capacidade de apontar o momento correto de entrada e de saída do gado na pastagem.
Altura certa
A ferramenta indica a altura certa de vários capins quando da entrada de animais (cor verde) e da saída na pastagem (cor vermelha) das forrageiras: Brachiaria humidicola Comum, Brachiaria decumbens cultivar Basilisk, Brachiaria brizantha, cultivares Marandu, Xaraés e BRS-Piatã e de três cultivares do gênero Panicum, Panicum maximum X Panicum infestus cultivar Massai, Panicum maximum cultivares Tanzânia-1 e Mombaça.
Os idealizadores da nova tecnologia, Haroldo Pires de Queiroz (Embrapa Gado de Corte) e José Alexandre Agiova da Costa (Embrapa Caprinos e Ovinos), explicam que uma das dificuldades do produtor é saber como manejar corretamente a pastagem para que ela não sofra queda de produtividade ao ser superpastejada. “A nova ferramenta vai facilitar o trabalho de manejo da pastagem de forma adequada”, afirma o zootecnista Haroldo Pires de Queiroz.
Indicação com segurança
“É comum nas fazendas brasileiras encontrar rebanhos em áreas superpastejadas, com os animais permanecendo no piquete com o capim muito abaixo da altura indicada para a espécie. Entre outras causas, isto acontece por falta de um indicador seguro do momento de saída dos animais. E também é normal encontrar produtores deixando o capim passar do ponto de entrada, igualmente por não ter uma indicação segura da altura em que deve ser manejado”, complementa o pesquisador Alexandre Agiova.
Durante quatro anos, os técnicos da Embrapa trabalharam nesta tecnologia, da concepção à proteção intelectual junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Eles enfrentaram obstáculos, como “o levantamento, agregação e ponderação de dados díspares quanto à altura correta de manejo para as oito forrageiras”, conta Haroldo. A morosidade na tramitação do processo no INPI também foi outro entrave, segundo os pesquisadores.
Em pastos recém-formados, o pastejo deve ser iniciado 60 a 90 dias após a germinação da forrageira, quando as plantas atingirem a altura recomendada. Para o primeiro pastejo, o ideal é a colocação de animais jovens e leves, que consomem a metade das folhas, estimulando o perfilhamento sem arrancar as plantas.
Manejo da pastagem
Em pastejo contínuo, a régua indica o momento de aumentar ou reduzir a lotação do pasto: altura máxima de capim – aumento de número de animais no piquete. O mesmo raciocínio aplica-se para altura mínima. Já em rotacionado, o instrumento aponta quando da entrada e retirada de animais na pastagem. A taxa de lotação mais adequada corresponde àquela que permitir o consumo de toda a forragem entre as alturas de entrada e saída, em um período de 1 a 7 dias.
A régua ainda possibilita medir a altura do primeiro pastejo, que deve ser com pouca remoção de forragem para estimular o perfilhamento. Cada capim possui suas características de manejo e a régua considera tais peculiaridades.