As altas temperaturas do verão trazem excessivas chuvas que influenciam diretamente a produção de hortaliças
O clima torna-se uma preocupação para o horticultor, uma vez que, proporcionalmente ao aumento das chuvas, está a ocorrência de doenças, principalmente em cultivos mais suscetíveis como o de folhosas e solanáceas (tomate, batata, pimentão etc.).
O pesquisador Ailton Reis, fitopatologista da Embrapa Hortaliças, informa que neste período “as perdas nas lavouras de hortaliças podem atingir entre 50 e 100% devido ao aumento da severidade de doenças foliares, incidência de podridões em frutos, redução na disponibilidade de pólen, queda prematura de flores e aborto de frutos”.
Compensação
Todavia, se o verão chuvoso traz uma série de riscos para a produção de hortaliças, o mercado compensa com os altos preços praticados nesta época do ano. Além de haver um maior consumo de saladas nesta estação, a dificuldade em ofertar produtos de qualidade, devido às doenças, faz com que os valores mantenham-se em alta.
O pesquisador Carlos Lopes, também fitopatologista da Embrapa, ressalta que o fator econômico prevalece, apesar da recomendação técnica para que, em tempos de chuva, o horticultor opte por produtos mais resistentes ao excesso de umidade. “Na hora de ponderar, o produtor observa que, mesmo com o alto risco de perdas, o lote que vai para comercialização obtém preços vantajosos assegurando o retorno financeiro”, afirma.
Cultivo protegido
Assim, uma vez que escolha correr riscos, o produtor de hortaliças pode adotar o controle integrado para minimizar os impactos negativos na produção. Para Ailton Reis, “é fundamental o uso de mudas e sementes sadias e de variedades com genes de resistência a doenças e tolerância ao excesso de umidade”. Ele também alerta que o uso de híbridos importados, desenvolvidos para clima ameno e com ausência de chuvas intensas, pode trazer um risco adicional para a produção.
Já o pesquisador Lopes indica o cultivo protegido das hortaliças como forma de minimizar os riscos de perdas e obter maiores ganhos. “Embora acarrete um maior custo de produção, o cultivo protegido facilita a colheita de produtos de melhor qualidade”, observa.
Doenças frequentes
No período chuvoso, os prejuízos originados por doenças bacterianas têm maiores proporções, visto que estes patógenos dependem da água durante os processos de penetração, colonização, infecção e disseminação. Entre as bacterioses mais comuns em hortaliças nesta época estão a canela-preta da batata e a mancha bacteriana do tomateiro, da pimenta e da alface.
Em relação às doenças fúngicas, a maior incidência no verão deve-se à diminuição da eficácia dos defensivos químicos que, por conta do excesso de chuva, têm reduzido o período de cobertura das folhas. Além disso, nesta época, as condições são mais favoráveis à ocorrência destas doenças. As mais frequentes são a mancha-de-septória (alface e tomate), além da pinta-preta e a requeima (batata e tomate).
Quanto aos nematoides, o excesso de chuva aliado às altas temperaturas, favorecem um ciclo de vida mais rápido e uma disseminação mais acelerada deste patógeno nas áreas de plantação, causando também grandes perdas.
Redução dos danos
Entre os manejos e práticas sugeridas pelos pesquisadores Ailton Reis e Leonardo Boiteux estão: escolha de sementes sadias, limpeza de implementos e ferramentas, aplicação preventiva de agrotóxicos, escolha criteriosa da área de cultivo, utilização de canteiros mais altos, rotação de cultura, entre outros.