As variedades resistentes à ramulária já foram testadas com sucesso nas safras 2010/11 e 2011/12
Por ser muito suscetível ao ataque de pragas e doenças, o algodão é uma das culturas que mais demandam agrotóxicos, acarretando altos custos ambientais e financeiros para o produtor. A ramulária e a ramulose são as principais doenças que afetam o algodoeiro, mas o melhoramento genético e cultivares resistentes já são importantes aliados do produtor.
Segundo o pesquisador da Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT), Paulo Hugo Aguiar, para a conquista das novas fronteiras agrícolas no Brasil Central e a implantação do plantio extensivo de algodão, no final dos anos de 1990, foi utilizado material genético procedente dos Estados Unidos e Austrália. Uma das cultivares que melhor se adaptaram às condições de cultivo nas áreas de Cerrado foi a Delta Pine Acala90/ITA90, que permitia a colheita mecanizada e era bastante produtiva. Entretanto, era muito sensível à Doença Azul, virose transmitida pelo pulgão, exigindo de 10 a 15 pulverizações de inseticidas, por ciclo, para o controle do inseto vetor.
Variedades resistentes
Ao longo de dez anos, a Fundação MT se dedicou a pesquisas para o melhoramento genético do algodão, e hoje as quatro variedades indicadas são resistentes ao vírus transmitido pelo pulgão. Entretanto, outras duas doenças fúngicas – a ramulose e a ramulária – continuaram exigindo de seis a até 10 aplicações de defensivos por safra, dependendo da região de plantio. O pesquisador explica que desse volume total de defensivos – aplicados a um custo de US$ 15/hectare/aplicação (somente do produto) –, 30% são para conter a ramulose e 70% para controlar a ramulária, doença mais agressiva, que afeta o algodoeiro causando a desfolha precoce e a redução da produtividade.
Sucesso
A boa notícia é que duas das quatro variedades indicadas para o Cerrado já estão imunes à ramulária: a FMT 705 e a FMT 707. A resistência à doença foi possível através da Tecnologia RX (resistência à ramulária), também obtida por meio de melhoramento genético. As variedades já foram testadas com sucesso nas safras 2010/11 e 2011/12, e o pesquisador garante que apenas duas aplicações podem ser feitas, muito mais para controlar outras doenças do que para combater a ramulária.
“O produtor deve saber que o primeiro sintoma visível da ramulária para dar início às aplicações de fungicida é a mancha azulada. Mas as cultivares resistentes com a tecnologia RX também apresentam esta mancha, mas ela não causa infecção no tecido foliar”, esclarece Aguiar.
Perdas de 50%
Já a ramulose afeta o ponto de crescimento da planta, causando um superbrotamento, e pode acarretar perdas de produtividade de mais de 50% se não for devidamente controlada. Como ainda não existem cultivares resistentes à doença, apenas materiais menos sensíveis ao ataque do fungo, as aplicações de fungicidas ainda são necessárias. O pesquisador recomenda o uso de boas cultivares, atenção à época ideal de plantio, destruição bem feita da soqueira e monitoramento da lavoura. Assim, é possível conviver melhor com a doença.