O problema está na insistência em lambê-las, transpassando o que seria apenas um hábito para se transformar em um problema de saúde que precisa de cuidados específicos (Foto: Depositphotos)
A lambedura excessiva nas patas é uma condição que atinge pets de todo o mundo, não sendo tão incomum quanto muitos imaginam. A ação crônica e incessante de lamber, coçar ou mordiscar as patas pode ser um sinal de alergia na pele e não apenas um ato comum entre os pets.
“O problema está na insistência em lambê-las, transpassando o que seria apenas um hábito para se transformar em um problema de saúde que precisa de cuidados específicos”, explica Lívia Romeiro, veterinária do Vet Quality Centro Veterinário 24h.
Um dos principais motivos para seu animal de estimação lamber as patas de um jeito prejudicial é a presença de alguma alergia no local. A persistência da coceira pode causar lesões, inflamações e proliferação de fungos na pele do pet, sendo essencial procurar a ajuda de um veterinário para conter o costume de lamber-se.
O que pode ocasionar lambedura excessiva nas patas?
O grande problema para identificar quando um hábito natural de animais de estimação passa dos limites é justamente porque é preciso muita observação do seu tutor.
Segundo veterinários e especialistas, a causa mais comum da lambedura excessiva nas patas é a de tédio decorrente do estresse, podendo passar para a cauda e para os genitais.
É possível também que esta condição se desenvolva a partir da falta de atividades diárias ou mudança repentina de comportamento dos tutores, deixando o animal sem a atenção dada anteriormente.
“Ficar muito tempo confinado em casa é outra causa comum no desencadeamento da lambedura excessiva nas patas. É importante ressaltar que esta condição pode estar diretamente relacionada ao estado emocional do pet, mas não é a única razão”, afirma a veterinária.
Ela ensina que as outras causas possíveis para este problema são possíveis alergias, aversão a pulgas ou carrapatos, hipersensibilidade alimentar e dermatite ocasionada por fungos, corante e poeira.
Por ser uma condição que pode possuir inúmeras causas, o indicado após notar que seu pet está lambendo demais suas patas é levá-lo ao veterinário de confiança para diagnosticá-lo corretamente e, assim, tratá-lo com eficácia, indica Livia.
Por que esta condição pode ser prejudicial?
A lambedura excessiva nas patas pode prejudicar a saúde do pet, entretanto, muitos tutores adiam o tratamento de uma possível doença por não entenderem o que pode acontecer com o animal caso a lambedura persista.
Para Livia, o principal a ser evitado é que este mau hábito resulte em uma dermatite por lambedura, ou seja, uma inflamação na pele do pet.
“Em casos extremos, é possível que feridas apareçam, deixando o animal mais exposto a bactérias e complicações. A abertura de feridas é o principal problema a ser evitado, já que esta exposição do animal de estimação às ações externas como, sua própria saliva, por exemplo, pode ser bastante prejudicial a sua saúde”, explica a veterinária.
Ela lembra que cães e gatos podem, inclusive, desenvolver infecções secundárias ao problema inicial, aumentando o risco de contração de outras doenças que não necessariamente estão relacionadas à lambedura excessiva nas patas.
“O aparecimento de secreções, inchaço, crostas e queda de pelos são comuns quando a lambedura já está fora de controle”, alerta Livia.
A especialista ressalta que as patas de animais estão em contato direto com inúmeras superfícies no dia a dia. Além de suas próprias fezes e urina, calçadas da rua, gramados e diversos outros ambientes podem conter os agentes que infeccionam o local.
“É importante que o tutor procure ajuda de um veterinário”.
Quais são os tratamentos possíveis?
Como destacado, as causas da lambedura excessiva nas patas podem ser diversas e cada uma delas necessita de tratamentos específicos. De tédio e fungos a sarnas e câncer, a lambedura tem inúmeras maneiras de serem curadas.
Os cuidados podem envolver a indicação de anti-inflamatório, antibiótico para dermatite canina e/ou antifúngico, além de algumas alterações na rotina do animal que deverão ser indicadas por um médico veterinário de confiança.
Também é bastante provável que o cão ou gato precisará utilizar aqueles colares elizabetanos (cone) diminuindo seu alcance para lamber-se e evitando que a lesão seja impedida de cicatrizar, indica a veterinária.
“A cicatrização, em casos mais extremos em que as lesões aparecem, é a principal preocupação, podendo incluir suplementos naturais para auxiliar a reparação da pele. É importante que o machucado consiga ser regenerado pelo corpo para evitar mais complicações”, explica.
A importância de estímulos físico e mental
Para a médica veterinária, o estresse e a ansiedade canina e felina são pontos que precisamos dar a devida atenção, principalmente quando o tópico é a lambedura excessiva nas patas (ou em qualquer parte do corpo).
“Procure fazer com que seu pet tenha atividades interessantes no decorrer do dia, com ou sem a sua presença. Crie um ambiente que o estimule a brincar, correr e se divertir diariamente. Leve-os para passear, gastar energia e ter contato com outras pessoas e animais. Toque os brinquedos com mais frequência, esconda petiscos pela casa e procure deixar algum som ligado durante o dia”, aconselha Livia.
Segundo ela, é preciso fazer com que eles não se sintam sozinhos ou abandonados por muito tempo. O foco está em fazê-lo perceber menos o passar do tempo e conseguir focar em diferentes atividades enquanto você estiver fora.
“Quando a causa da lambedura excessiva está em questões emocionais ou psicológicas, a mudança de rotina se torna crucial. Pequenas atitudes podem fazer uma imensa diferença na saúde física e mental do seu pet.Demonstrar carinho e atenção nos momentos em que você está presente também pode ser de grande valia, criando laços mais fortes e ajudando na percepção de que ele está em segurança”, conclui.