Criado em 2005, o programa de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Leite em Minas Gerais (Minas Leite) está presente em 1.154 propriedades rurais em 357 municípios mineiros. A meta da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) é chegar a 1.300 propriedades neste ano.
Nessas fazendas são introduzidas práticas gerenciais, técnicas e administrativas, com o objetivo de aumentar a produtividade e a qualidade do leite diante dos crescentes custos, principalmente com a alimentação dos animais.
Levantamento da Seapa confirmam a importância de ações simples de manejo e reformulação da dieta do rebanho leiteiro, cujos gastos com ração concentrada à base de farelo de soja e milho, e despesas com o volumoso (silagem de milho e cana-de-açúcar), tiveram alta de quase 20% em 12 meses.
Por isso, o Minas Leite dá especial atenção a uma boa gestão de manejo nos pastos, que pode ser por meio do pastejo rotacionado, que promova um rodízio dos piquetes utilizados pelos animais, permitindo a recuperação do capim. Durante a seca, os animais recebem reforço alimentar, produzido na própria fazenda, à base de cana-de-açúcar ou silagem de milho, na quantidade adequada para promover a redução do uso de ração que seria adquirida fora da propriedade. Nas propriedades assistidas pelo Minas Leite, os técnicos da Emater também recomendam a integração da lavoura à pecuária, que ainda pode agregar o plantio de florestas, contribuindo para a diversificação da produção e o aumento da renda.
Mulheres à frente
Um exemplo do resultado do programa pode ser verificado Fazenda Cabeceira do Mono, no município de Coroaci (Leste de Minas), propriedade de Silvani Correa da Silva. Desde o falecimento do marido, há dois anos, ela assumiu a lida diária com a ajuda das quatro filhas.
“Aprendemos a administrar, registrando tudo que se relacione aos animais e outros fatores que possam influir na produção da fazenda, o que permite, inclusive, fazer a previsão de investimentos em melhorias”, explica Suely, uma das filhas.
Nos 112 hectares da propriedade eram mantidas mais de 100 cabeças de gado comum e a produção de leite era pequena. O primeiro passo recomendado pelo extensionista Clésio Peixoto de Melo foi providenciar a plantação de um canavial para ajudar na alimentação dos animais. O manejo também foi aperfeiçoado e os animais são mantidos em espaços cercados sobre o pasto, conhecidos na região como mangas.
De acordo com Suely, o esforço com apoio do Minas Leite para aumentar a produção das vacas deu bom resultado: as 16 vacas em produção garantem 75 litros de leite ao dia, volume produzido por 20 vacas, antes das mudanças propostas pelo Minas Leite. “O trabalho para manter tudo funcionando compensa e estamos aproveitando a experiência acumulada desde a infância: capinar, roçar, fazer cerca, ordenhar as vacas e realizar outras atividades”, ela comemora.