A BRF, maior integradora de suínos do Brasil e dona de grandes marcas como Sadia e Perdigão, anunciou que eliminará o uso de gaiolas de gestação para matrizes suínas em sua cadeia de fornecimento. A Humane Society International (HSI), uma das maiores ONGs globais de proteção animal, vinha encorajando a empresa a tomar essa decisão e descreveu o anúncio como um passo promissor.
“A BRF merece crédito, pois se tornou o primeiro produtor de suínos da América do Sul a definir um prazo para eliminar o confinamento de matrizes suínas em gaiolas de gestação de sua cadeia de fornecimento. Esse anúncio é um passo importante em direção ao dia em que esse tipo de confinamento será uma coisa do passado em toda a indústria suína. É um grande marco que deve influenciar outros integradores e empresas alimentícias no Brasil a seguirem o mesmo caminho”, disse Carolina Galvani, gerente sênior de campanhas de animais de produção da HSI.
“No entanto, nós gostaríamos de ver a empresa se esforçando para diminuir esse prazo de 12 anos para finalizar a transição. Dadas a severidade e a duração desse sistema de confinamento, o sofrimento das matrizes mantidas em gaiolas de gestação é um dos piores dentre todos os vivenciados por animais criados para consumo e requer mais urgência”, completou.
Nova Política
A política da BRF determina que todas as unidades de produção terão que abandonar o uso de gaiolas de gestação e adotar sistemas de gestação em baias coletivas até 2026. A nova política inclui tanto granjas próprias quanto integradas, e tem o potencial de exercer um impacto positivo em centenas de milhares de animais. A cadeia de produção da BRF engloba ao redor de 300 mil matrizes suínas.
No Brasil e demais países da América Latina, a maioria das matrizes suínas mantidas em sistemas industriais é confinada em gaiolas de gestação por praticamente toda a vida, um período de cerca de quatro anos. Essas pequenas gaiolas individuais têm quase o mesmo tamanho do corpo dos animais e os impedem de até mesmo se virar ou dar mais do que um passo para frente ou para trás. Esse tipo de confinamento resulta em vários problemas de bem-estar, como maior risco de infecções urinárias, enfraquecimento dos ossos, crescimento excessivo dos cascos, interação social limitada, problemas de locomoção e distúrbios psicológicos.