Espécie mais famosa das orquídeas, a Phalaenopsis, muito usada para embelezar interiores, tem cultivo extremamente simples, pode florir várias vezes por ano e permanecer florindo por três meses, se cultivada da maneira correta
Popularmente conhecida como Orquídea Borboleta, a Phalaenopsis é o gênero de orquídea mais disseminado em todo o mundo, por sua rara beleza e prolongada floração. São cerca de 60 espécies naturais e milhares de híbridos, que ostentam flores de diversos tamanhos e inusitadas cores.
Gilberto Cardoso, responsável pelo site Pergunte ao Agrônomo, explica que a maior parte das Phalaenopsis comercializadas em floriculturas e supermercados, é híbrida (cruzamento de duas espécies diferentes) e não possui devida identificação.
Para o engenheiro agrônomo, apesar de ser uma planta de fácil cultivo, muitas pessoas ainda têm dificuldade em cultivar a orquídea borboleta, fazê-la sobreviver e florir, “pelo simples fato de não conhecer suas necessidades”.
Com alguns cuidados básicos e essenciais, a Phalaenopsis poderá ter mais de duas florações ao ano, com flores que chegam a durar até três meses, ao contrário de outras espécies que ficam floridas apenas por alguns dias, ou poucas semanas.
Conhecer os hábitos e exigências da planta é um bom começo para o sucesso do cultivo das Phalaenopsis. Cardoso explica que uma das características desta espécie é a pouca tolerância a temperaturas acima de 35 °C, “por isso, quando cultivadas em casas ou apartamentos, é preciso atentar à sua variação, dependendo do local onde está o vaso”.
“No parapeito das janelas, por exemplo, a oscilação de temperatura pode ser acentuada, mais amena, ou mais quente, em comparação aos demais espaços internos. A faixa ideal para as orquídeas borboletas se desenvolverem é acima de 15 °C à noite, e entre 20 °C a 27 °C (suportando um pouco além dos 27 °C), durante o dia”, informa Cardoso.
Iluminação
As Phalaenopsis são pouco exigentes no quesito iluminação. “Elas vivem muito bem em uma janela voltada para face Leste”, ele ressalta.
“Essas espécies crescem mais robustas em locais cujas condições sejam semelhantes às de seu habitat natural, preferindo ambientes mais sombreados do que os com muita incidência de Sol. As Phalaenopsis híbridas precisam de luminosidade mais intensa para viver, mas sempre de forma indireta” esclarece o agrônomo.
Quanto à coloração das folhas, Cardoso afirma que devem ter uma tonalidade verde oliva. Excesso de Sol pode deixar as folhas amareladas. Caso apresentem manchas circulares em tons marrons, ou anéis avermelhados, a causa pode ser o ataque de fungos.
Irrigação e umidade
Ambos são pontos vitais no cultivo da orquídea borboleta, de acordo com o agrônomo. É essencial que essas plantas estejam sempre úmidas, mas jamais encharcadas.
“O ideal é regar antes que o substrato fique completamente seco, portanto, a frequência dependerá do tipo de substrato utilizado e dos aspectos climáticos do local onde a Phalaenopsis é cultivada, como temperatura e incidência da luz solar, fatores responsáveis pela evaporação da água”.
Dica importante do especialista é dar preferência em regar as raízes e o substrato. “Se as folhas, ou suas axilas (local de onde saem as folhas) forem molhadas, a água não pode ficar ali acumulada, caso contrário, elas vão apodrecer, secar e morrer. Assim, é preciso garantir que já estarão secas antes de anoitecer”, orienta.
Segundo Cardoso, a água que, por ventura, permaneça, tanto nas axilas quanto no miolo central da planta durante a noite, irá favorecer o aparecimento de fungos e causar danos à orquídea. Além disso, esta sobra d’água poderá machucar a planta, porque são regiões bastante sensíveis da orquídea ”, alerta o especialista.
Igualmente, não é aconselhável molhar as flores e os botões florais, porque o excesso de água também pode causar fungos.
Para as Phalaenopsis cultivadas em apartamentos, principalmente em andares mais altos, onde o vento forte pode trazer problemas de umidade, Gilberto Cardoso indica duas técnicas.
Humidity Tray (bandeja umidificadora, em tradução livre) é a primeira delas. “Consiste em usar um recipiente como, por exemplo, o prato que se coloca embaixo dos vasos de plantas, e preenchê-lo com pequenas pedras, ou britas, acrescentar água, sem transbordar. Depois, basta ‘pousar’ o vaso com a Phalaenopsis para ela usufruir deste ambiente umidificado”, ensina.
Outra técnica indicada pelo especialista é misturar, no substrato do vaso, um pouco de esfagno (musgo), que irá ajudar a reter a umidade dentro do vaso, não permitindo que a água seque facilmente.
Aeração e ventilação
As Phalaenopsis gostam bastante de ambientes arejados e ventilados, tanto nos substratos quanto nos locais onde são cultivadas. “Apenas a ventilação não deverá ser intensa a ponto de reduzir a umidade do ar ao redor das plantas. Para aumentar a aeração no substrato, é aconselhável fazer furos nas laterais do vaso”, pontua Cardoso.
Substrato
Os mais recomendados são aqueles que conseguem reter certa umidade no vaso, como o coxim de coco e esfagno (musgo), sendo, simultaneamente, bastante aerados, de acordo com o agrônomo.
São vários os bons substratos existentes no mercado. Podem ser utilizados tanto sozinhos como misturando mais de um tipo. Para escolher o mais adequado para as Phalaenopsis, o especialista do Site Pergunte ao Agrônomo orienta que sejam analisadas as características ambientais da região onde a orquídea será cultivada.
“Se o local for frio, o elemento do substrato que retém água não é necessário em grande quantidade. Mas, caso o ambiente tenha temperaturas mais elevadas, colocar um pouco mais deste tipo de substrato pode ser uma boa providência”, orienta.
O substrato precisa ser de boa procedência e esterilizado, pois aqueles sem esterilização podem facilitar a entrada de doenças pelas raízes da planta e a maioria não tem cura.
Confira mais informações sobre substratos para cultivo de orquídeas, acessando a matéria “Orquídeas, beleza que fascina“.
Floração
As orquídeas borboletas podem permanecer floridas por até três meses, sendo um diferencial das demais, cujas flores costumam durar somente alguns dias ou poucas semanas.
Além disso, essa espécie chega a florescer até três vezes por ano, em meses indeterminados, diz Cardoso. Quando estiverem florindo, é importante ter bastante cuidado com os botões florais, “pois é muito comum ocorrer o abortamento. Phalaenopsis, Cattleyas e Dendrobiuns, são os gêneros mais afetados por esse problema”, ressalta.
O especialista explica que as principais causas da morte dos botões florais são a variações bruscas do clima e temperaturas muito extremadas; correntes de ventos (frias ou quentes) no local onde as plantas estão sendo cultivadas; poluição por causa de fumaças (de cigarro, do escape de motor de carros, de fogões a lenha etc) e de gases como etileno e metano; excesso ou deficiência de luz; produtos químicos (fertilizantes, inseticidas, fungicidas) aplicados nos botões; falta ou excesso de água e, por fim, o ataque de insetos (ácaros e tripes, por exemplo).
Os ácaros não podem ser vistos a olho nu. Costumam ocorrer em plantas domésticas, em casas e apartamentos, particularmente quando há muitos estofados e tapetes, principais locais de proliferação dessa praga. Podem deixar as plantas com manchas amareladas.
Já os tripes, são insetos de tamanho reduzido, variando entre 0,5 a 15 mm de comprimento, possuem diversas colorações, e podem transmitir doenças viróticas em orquídeas.
Adubação
Não é preciso exagerar na adubação das Phalaenopsis, de acordo com o especialista do Site Pergunte ao Agrônomo.
“Plantas cultivadas com esfagno, devem receber menos fertilizante, porque este tipo de substrato retém um pouco mais de sais. O mesmo fenômeno ocorre com o carvão vegetal. Por esta razão, de vez em quando, é preciso lavar o substrato, jogando água, de forma abundante, até retirar o excesso de sais”, enfatiza Cardoso.
Ele sugere utilizar adubos de formulação equilibrada 20-20-20 (NPK), fazendo uma solução duas vezes mais diluída do que a recomendada na embalagem do produto. “Se, por exemplo, estiver indicado diluir 10 gramas do adubo em um litro de água, é mais eficaz diluir esses 10 gramas em dois litros de água e aplicar na planta uma vez por semana, ao invés de quinzenalmente”.
Outra boa escolha, segundo o especialista, é o uso de adubos orgânicos, como o Bokashi. “Mais uma opção para adubar, de forma rápida e fácil, com resultados positivos, é a utilização do adubo B&G Orquídeas”, atesta.
Saiba mais informações sobre adubação na matéria “Orquídeas, beleza que fascina“.
Pragas e doenças
Gilberto Cardoso garante que o melhor remédio para evitar que pragas e doenças ataquem as orquídeas, é a prevenção. “Por isso, é aconselhável impedir que qualquer tipo de dano ocorra na planta, seja ele mecânico ou causado por insetos. O motivo desta precaução é que qualquer machucado pode ser uma indesejável “porta de entrada” para doenças graves na orquídea, principalmente as de origem bacteriana, de difícil controle”, adverte.
Para prevenir pragas, ele preconiza borrifar, periodicamente, soluções repelentes de insetos, como o óleo de neem, emulsões de fumo, alho, pimenta etc. Veja algumas receitas de repelentes naturais caseiros na matéria Orquídeas, beleza que fascina.
Outra estratégia acertada é deixar um bom espaçamento entre as orquídeas (20 cm é o ideal), no local onde estão sendo cultivas, assim, a chance de uma praga, ou doença, passar de uma planta para outra é reduzida.
Propagação
As Phalaenopsis propagam-se através de mudas e keikis que vão surgindo nas hastes. Para serem retiradas da “planta mãe” e replantadas, os keikis precisam estar apresentando enraizamento, com suas raízes medindo entre cinco e sete centímetros, e já com as folhas duplas crescidas.
É essencial ter muito cuidado na hora de cortar os keikis da haste para não danificar a orquídea. Em seguida, é importante aplicar canela em pó no local do corte para evitar que fungos e bactérias possam atingir a planta.
O substrato do novo vaso deve permitir boa aeração e não comprimir as raízes. Como as Phaleanopsis são epífitas, suas raízes usam o solo somente como apoio, agarrando-se a ele. Por isso, não precisam ficar enterradas, pois irão sufocar.
É viável deixar mais de uma planta no mesmo vaso, desde que todas as raízes estejam vivas e saudáveis, ou seja, com colorações cinzentas, claras ou verdes. Caso apresentem cores pretas e acastanhadas, ou estejam secas, as raízes estão mortas.
Recuperação
O cultivo das Phalaenopsis e de outras espécies de orquídeas, não está livre de reveses, alerta o especialista do Site Pergunte ao Agrônomo. “Às vezes, por algum incidente no manejo, a planta pode sofrer grande estresse, levando a orquídea a perder todas suas folhas”.
Caso esta situação venha a ocorrer, não é preciso desanimar, tranquiliza Cardoso, pois, “certamente, sobrará o caule herbáceo e, a parir dele, poderá brotar uma nova planta, basta ter paciência”.
Cortar ou não a haste floral da Phalaenopsis?
De acordo com o agrônomo Gilberto Cardoso não é simples responder a essa pergunta. Antes, é importante conhecer as fases de desenvolvimento das orquídeas, com características bem distintas entre elas. Ele explica cada uma abaixo:
Crescimento: fase em que orquídea cresce, como já indica o nome. É o período que vai da germinação da planta até antes que ela comece a florir. A planta também vivencia outra etapa de crescimento algum tempo depois da floração, quando surgem novas raízes, pseudobulbos e folhas.
Floração: Ocorre quando a planta floresce e este momento dependerá da espécie, da época do ano e dos cuidados no cultivo. A fase de floração ocorre logo após um ciclo de crescimento. Em algumas plantas, esses períodos podem se misturar e a orquídea floresce e cresce ao mesmo tempo.
Dormência: É a fase de repouso da planta. Corresponde a uma temporada que acontece logo em seguida à floração. As plantas cessam seu crescimento e ficam “estacionadas”. Muitas pessoas pensam que a orquídea está com algum problema durante a fase de dormência, já que ela para de emitir raízes, bulbos e folhas. Porém, ela está apenas se recuperando de toda a energia despendida ao florir. Após a dormência, voltam a surgir novas raízes, pseudobulbos e folhas.
Entendendo as hastes florais
A Phalaenopsis é das orquídeas de floração mais prolongada. “São meses florindo”, ressalta Gilberto Cardoso.
“Após as flores caírem na primeira floração, se as hastes florais principais não forem cortadas, delas poderão surgir uma nova, ou várias outras hastes secundárias – e a planta irá florescer novamente. Este fenômeno pode ser prolongado por longos períodos, permitindo que a orquídea permaneça quase sempre florida”, explica o agrônomo.
No entanto, Cardoso alerta que as florações consecutivas não são benéficas para as plantas, pois, segundo ele, orquídeas que já emitiram muitas hastes florais poderão perder seu vigor, sofrer esgotamento e acabar morrendo.
O especialista lembra que o gasto de energia da planta para que a haste continue ativa e possa voltar a florir, é extremo. “Portanto, é importante que ela fique um período descansando, ou seja, é acertado permitir que a orquídea entre na fase de dormência”.
“Nesta fase, é normal não haver nenhuma atividade na planta, ou seja, ela não irá emitir novas raízes, nem brotos. Estará recuperando a energia despendida na floração. Neste período de descanso da orquídea, não se deve adubar a planta, apenas irrigá-la”, orienta.
De acordo com o engenheiro agrônomo, depois de algum tempo, ela voltará ao seu crescimento normal e logo começará a emitir raízes e brotos novamente, pois estará reiniciando a fase de crescimento (desenvolvimento). “Neste momento, já é possível tornar a fazer adubações”, ensina.
Ele explica que quando a haste floral é cortada, “a mensagem que é passada para a planta é: ‘sua floração acabou, agora, é preciso descansar para se recuperar’. Muitas vezes, se as hastes florais não são cortadas e permanecem após a orquídea florir, o resultado pode ser folhas murchas pela exaustão da planta”, adverte o especialista.
É possível também acontecer de a haste floral secar. A haste seca não mais produz nenhuma floração.
Recuperando folhas murchas
Cardoso recomenda, então, caso a Phalaenopsis ostente folhas ligeiramente murchas (debilitadas e desidratadas), “não é necessário fazer muitas modificações no manejo, a não ser cortar a haste floral por inteiro, em sua base, e aguardar algum tempo para a planta se recuperar, recomenda.
Outras razões que ocasionam folhas murchas são o ambiente com intenso calor e o excesso de água na planta. O especialista responsável pelo site Pergunte ao Agrônomo, aconselha, no primeiro caso, transferir a planta para um local mais fresco e ventilado, “assim, as folhas irão recuperar seu vigor”, garante.
Em relação ao acúmulo de água na planta, muitas vezes provocado pelo exagero de regas, pode tornar o substrato inadequado (encharcado), asfixiando as raízes, que morrem. Quando isso acontece, a planta perde seu principal meio de absorção de água e nutrientes, resultando na murcha das folhas. “por isso, é essencial tomar bastante cuidado com as regas, para não ‘afogar’ a raiz”, previne.
Dúvida frequente
Respondendo, então, à recorrente pergunta – cortar, ou não, a haste floral da orquídea borboleta depois que suas flores caírem -, Cardoso é categórico em afirmar que a resposta não é uma regra e que é preciso observar a planta antes de tomar qualquer decisão.
“Quando as plantas estão fracas, desidratadas (folhas murchas) ou com outro problema, é aconselhável cortar a haste floral em sua base. Assim, obrigamos a planta a parar de gastar energia com as hastes florais e ela entrará em um período de recuperação, a dormência”, explica o agrônomo.
Cardoso aconselha ainda que, caso as hastes florais da Phalaenopsis sequem, também é preciso cortar na base da planta. Mas, se a orquídea estiver saudável e se o desejo é tentar fazê-la florescer novamente a partir das hastes secundárias, ou produzir keikis, não será necessário cortá-la. Entretanto, o especialista recomenda que não faça este procedimento muitas vezes seguidas, porque as flores começarão a nascer pequenas e em pouca quantidade.
FOTO ABERTURA:Cristina Baran