Fusarium pallidoroseum tem sido um dos principais vilões na pós-colheita de frutos do meloeiro
Fungo frequentemente visto como colonizador secundário dos tecidos da planta e geralmente ligado a outros agentes causadores de doenças, que provocam a podridão do colo e da semente, o Fusarium pallidoroseum é visto como um dos principais vilões na pós-colheita de frutos do meloeiro (Cucumis melo) no Brasil. Ele também costuma atacar o algodão, café, feijão e girassol.
Em torno de 15% da produção de melão se perde entre a colheita e a mesa do consumidor, conforme relato da Embrapa Agroindústria Tropical (CE). Para controlar o fungo e reduzir os desperdícios, pesquisadores da unidade cearense — em parceria com especialistas da Embrapa Tabuleiros Costeiros (SE) — têm feito experiências com a aplicação de flashes de luz ultravioleta, por meio da termoterapia.
Trata-se de testes com UV pulsada, que é armazenada em um capacitor e liberada em flashes intermitentes, elevando a intensidade de energia, instantaneamente. “Já se sabia que este tipo de tratamento físico era eficiente durante a aplicação, mas foi observado efeito prolongado, pois a luz afeta o metabolismo e induz a síntese de compostos que continuam colaborando para a proteção da fruta contra novas contaminações”, revela o pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropical Ebenezer Silva.
Ainda foi observado que o melão amadurece mais lentamente, após receber a aplicação da luz ultravioleta pulsada, aumentando o tempo de transporte e da prateleira. Isto ocorre, segundo os cientistas, porque a luz diminui o efeito das enzimas que agem no amadurecimento do fruto.
Agroquímico
De acordo com especialistas, a infecção pelo fungo do meloeiro pode ocorrer no campo, logo após a colheita ou ainda na empacotadora. Isto porque, mesmo acondicionado a baixas temperaturas (quesito necessário para a exportação do melão), o patógeno — agente específico, causador da doença — continua ativo.
A Embrapa defende o método de aplicação da UV pulsada como alternativa eficaz para os produtores rurais desta área, que hoje contam somente com um tipo de agroquímico — o Imazalil — autorizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), para ser usado no combate ao Fusarium pallidoroseum.
Por causa desta limitação, o pesquisador Ebenezer Silva demonstra sua preocupação em torno das dosagens recomendadas do produto, além do período de carência entre a última aplicação e o consumo humano. Isto porque, na hora de aplicar o defensivo agrícola, a falta de critério pode fazer com que o melão absorva mais resíduo tóxico, chegando à mesa do consumidor com nível de toxicidade acima do permitido pela legislação brasileira.
Tecnologias limpas
Nos últimos tempos, o grande desafio dos cientistas tem sido identificar “tecnologias limpas” para combater doenças que atacam as lavouras no Brasil. Daí o interesse pela aplicação da termoterapia no cultivo de melão. O método utiliza a luz UV (no caso do melão, pulsada) e compostos naturais, como óleos essenciais de espécies botânicas.