A Indicação de Procedência (IP) da Região do Jalapão do Estado de Tocantins existe desde de 2011. Além de garantir o uso do nome às comunidades locais, qualifica a produção, agrega valor ao produto final e incentiva o turismo
Numa região árida, no leste do Tocantins, entre rios e riachos, brotam flores com finas hastes douradas que reluzem ao sol: é o Capim Dourado. Ele só nasce ali nas veredas do Jalapão e, a partir das mãos talentosas de artesãos da região, dão origem a joias e acessórios que fazem sucesso em todo o mundo.
As técnicas de manuseio do Capim Dourado, no Jalapão, foram aprendidas no ínicio dos anos 1930, como herança das comunidades quilombolas que ali viviam. Mas o produto só foi ganhar popularidade e reconhecimento em todo território nacional no fim dos anos noventa.
O manejo do Capim Dourado para produção de artesanato tem mobilizado de forma crescente as populações tradicionais da região. Desde o ano 2000, diversas associações se organizaram, congregando cerca de 800 pessoas que têm uma importante fonte de renda por meio da produção e venda de bolsas, caixas, mandalas, suplás e bijuterias fabricadas com as hastes do Capim Dourado costuradas com “seda” de Buriti, feita a partir da fibra das folhas dessa palmeira típica da região.
Sustentabilidade
As comunidades, preocupadas com a sustentabilidade da atividade, buscaram apoio de organizações, como o IBAMA, para a realização de pesquisas que verificassem o impacto do extrativismo do capim. Essa parceria produziu informações relevantes que foram agregadas na Portaria 362/2007, que determina o período e a maneira que deve ser feito o manejo do Capim Dourado e do buriti para que a atividade seja sustentável.
Além disso, ao longo dos anos, as associações têm aprimorado as técnicas produtivas e buscado mecanismos que atestem a origem e a qualidade das peças que produzem, visando à maior inserção e valorização de seus produtos no mercado.
Procedência Registro IG 200902 Indicação de Procedência/2011 Área Geográfica Delimitada A região do Jalapão do Estado de Tocantins. Municípios deMateiros, São Felix do Tocantins, Ponte Alta do Tocantins, Novo Acordo, Santa Terezado Tocantins, Lagoa do Tocantins, Lizarda e Rio Sono.
Manejo do capim
A retirada do Capim Dourado é feita nos campos úmidos, caracterizado por uma vegetação rasteira sem árvores ou arbustos, próximos aos cursos de água. Em geral, o capim é uma planta com tempo de vida entre 5 e 10 anos. No período de abril a maio, as hastes começam a crescer, mas, é só em setembro, com as hastes já secas e as sementes maduras, que se realiza a colheita.
Assim como em toda vegetação do cerrado, o Capim Dourado precisa de fogo para germinar. É o fogo que quebra a dormência da semente e faz com que ela se prolifere pelo campo.
O artesanato
A costura do capim é um processo que exige muito cuidado, pois a peça de capim pode quebrar e inutilizar todo aquele filete. Os materiais utilizados para confecção das peças de artesanato são extremamente simples: Capim Dourado, a seda do buriti, e uma agulha.
Os artesãos da região definem dois tipos de capim: o “douradão”, com hastes mais grossas para peças grandes; e o “douradinho”, com filetes mais flexíveis e delicados, para peças pequenas.
A maioria desses artesãos trabalha em casa, e estes trabalhos manuais são uma forma de incentivar a ocupação e possibilitar maiores oportunidades de renda para os moradores locais. Além disso, esses produtores vêm aperfeiçoando suas técnicas no decorrer dos anos, com apoio de diversas entidades, em cursos de produção e design.
Indicação de Procedência
A Indicação de Procedência (IP) da Região do Jalapão do Estado de Tocantins existe desde de 2011. Além de garantir o uso do nome do Jalapão às comunidades locais, qualifica a produção, agrega valor ao produto final e incentiva ainda mais o turismo aliado ao artesanato dessa belíssima localidade.
Fonte: Revista A Lavoura Edição Nº 706/2015