É comum ler e ouvir que os alimentos orgânicos custam mais que os convencionais. Essa, inclusive, é uma das principais razões que ainda impedem que os consumidores comprem esse tipo de produto. Porém, a afirmação pode ser enganosa
Uma pesquisa realizada em Campinas, São Paulo, descobriu que nos supermercados da cidade paulista os preços dos produtos orgânicos são de fato mais altos do que os produtos convencionais, mas em feiras livres, por outro lado, muitos dos alimentos orgânicos apresentam preços ainda mais baixos ou iguais aos convencionais, demonstrando que a afirmação é uma falácia.
O trabalho The fallacy of organic and conventional fruit and vegetable prices in the metropolitan region of Campinas, SP, Brazil, foi publicado no Journal of Asian Rural Studies, 2020, divulgando os resultados da pesquisa na revista da Universidade Hasanuddin (UNHAS) em colaboração com a Associação Asiática de Sociologia Rural (ARSA).
O pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Meio Ambiente Maria Aico Watanabe, Lucimar Abreu e Alfredo Luiz, são os responsáveis pelo estudo. Em uma das feiras orgânicas analisadas por eles, de 14 itens observados, apenas um era mais caro que os mesmos produtos convencionais vendidos nos supermercados da região.
Com o resultado, os pesquisadores definiram estratégias de compra recomendadas, principalmente, aos consumidores de baixa renda. “Esses conhecimentos podem servir de subsídios para o estabelecimento de um programa de educação alimentar”, acreditam os autores do estudo.
Mudança de hábitos alimentares
As descobertas científicas das últimas décadas sobre os meios para manter a boa saúde estão levando a população a se preocupar cada vez mais com a alimentação. A revisão da literatura realizada pelos autores mostra que, entre outras decisões, as pessoas estão buscando, cada vez mais, o consumo de alimentos orgânicos e ecológicos.
“Mas estes produtos são normalmente considerados caros e há obstáculos no que diz respeito à sua disponibilidade durante todo o ano, à sua qualidade, quantidade, entre outros”, afirmam os pesquisadores.
Segundo eles, alguns autores afirmam que no Brasil os supermercados são os canais de venda preferenciais para a compra de produtos, pois os clientes preferem encontrar tudo o que precisam em um só lugar e onde podem escolher os produtos diretamente das prateleiras.
Contato com o produtor
“Entretanto, observou-se na pesquisa em feiras livres de Campinas que, além de comprar produtos mais baratos, frescos e saudáveis, nestes canais de produtos vegetais, os consumidores podem conhecer os produtores dos alimentos que estão comprando, uma vez que, em geral, os feirantes são os próprios agricultores”, diz o estudo.
A pesquisa destaca que o crescimento de um mercado constituído por agricultores familiares, em um distrito ou localidade, beneficia a comunidade, especialmente aquela associada ao consumo consciente e também os consumidores de baixa renda.
“Dessa forma, eles podem comprar mais produtos locais e da estação, com mais segurança alimentar, contribuindo para a diversidade agrícola e ecológica além de viabilizar economicamente a permanência desses agricultores familiares no meio rural próximo de grandes metrópoles” concluem os pesquisadores.
O artigo está disponível em http://pasca.unhas.ac.id/ojs/index.php/jars/article/view/2147