Projeto também contribui para a recuperação ambiental e para o desenvolvimento agropecuário sustentável com o uso de cultivares adaptadas à região
Com o objetivo de garantir uma produção agropecuária contínua, mesmo em condições climáticas adversas, a Emater-MG, a Embrapa Milho e Sorgo e a Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater) estão desenvolvendo o projeto “Socialização do Conhecimento em Sistemas Integrados de Produção Agropecuária” nos Vales do Jequitinhonha e Alto Rio Pardo.
A região tem baixos índices pluviométricos e temperaturas elevadas, o que dificulta a exploração agropecuária. Além de minimizar esse problema, o projeto conjunto tem como proposta promover o desenvolvimento agropecuário sustentável com o uso de tecnologias e cultivares adaptadas ao semiárido.
O trabalho começou com a implantação de unidades demonstrativas. Já foram instaladas quatro unidades na região, nos municípios de Padre Paraíso, Pontos dos Volantes, Rubim e Bandeira. “A importância dessas unidades é ver, na prática, os resultados do uso dessas tecnologias na região. E daí mostrar aos outros produtores locais esses benefícios”, explica o coordenador regional de Bovinocultura da Emater-MG, Robspierre Ferraz.
Alimentação do rebanho
Nas unidades demonstrativas são disponibilizadas alternativas viáveis aos produtores, principalmente para a produção de forragens para a pecuária bovina. “Sem alimentação no período seco, o produtor, muitas vezes, acaba perdendo o gado e tendo um enorme prejuízo. Então, é fundamental ter um bom volume de silagem disponível”, diz o coordenador. Assim, a atividade torna-se mais eficiente e gera renda durante todo o ano.”
O produtor José Sérgio Sicupira explora bovinocultura leiteira na Fazenda Jenipapo, em Ponto dos Volantes, e aceitou participar do projeto em 2018, transformando sua propriedade numa unidade demonstrativa. No local, foi utilizada a Integração Lavoura-Pecuária (ILP), aliada à escolha de cultivares adaptadas ao semiárido.
Combate à desertificação
Também foram implantadas práticas conservação de solo e água, com o plantio consorciado de duas cultivares de sorgo (BRS 658 e Volumax) e dois tipos de capim (Braquiária BRS Paiaguás e Panicum Massai). Os dois consórcios de sorgo e braquiária obtiveram uma produtividade média acima de 22 toneladas por hectare.
Também foram construídos terraços nas áreas de recuperação de pastagem, cuja declividade do solo apresentava processo erosivo, proporcionando a retenção de sólidos e a infiltração de água para a recomposição do lençol freático.
“Estou satisfeito, pois agora tenho comida para os animais e ainda consegui aumentar o número de cabeças. Além disso, estamos recuperando as terras que estavam em processo de desertificação. Com orientação dos técnicos, aprendi muita coisa”, conta o Sicupira.
Para a implantação das lavouras de sorgo e capins adaptados à região semiárida, a Embrapa Milho e Sorgo disponibilizou as sementes, a análise de solo e os adubos. As máquinas para implantação da lavoura foram do próprio produtor, já as máquinas para fazer os terraços foram fornecidas pela prefeitura, e os insumos para os tratos culturais da cultura custeados pelo produtor.
Enquanto os profissionais da Emater-MG fizeram o acompanhamento técnico do projeto, os demais recursos foram provenientes da Anater e das associações regionais de municípios.
Redução de custos
“A qualidade das pastagens melhorou e a erosão diminuiu. Além disso, o produtor conseguiu baixar os custos da atividade leiteira, pois não precisa mais comprar silagem”, relata o extensionista da Emater-MG em Ponto dos Volantes, Cristiano de Moura.
Segundo o técnico, na região, as novas cultivares e tecnologias implementadas tiveram uma boa aceitação. A maior dificuldade tem sido a falta de maquinário. “Em Ponto dos Volantes, os produtores têm feito parcerias e cada um empresta o equipamento que dispõe. Essa cooperação mútua tem ajudado bastante”, explica Moura.
O projeto “Socialização do Conhecimento em Sistemas Integrados de Produção Agropecuária” tem ainda como parceiros o Instituto Federal Norte de Minas Gerais-Campus Almenara, o Sebrae, o Senar, a Nova Associação dos Municípios da Microrregião do Baixo Jequitinhonha (Nova Ambaje), a Associação dos Municípios do Médio Jequitinhonha (Ameje), o Consórcio Público Multifinalitário do Alto Rio Pardo (Comar) e a Epamig.