Planejamento resulta em melhores resultados
As condições climáticas do país favorecem o desenvolvimento de importantes parasitas internos e externos nas pastagens e nos animais, durante todo o ano. Como o rebanho brasileiro é altamente susceptível a infestações de verminoses, que são capazes de impedir que o gado expresse todo o seu potencial produtivo, a utilização de um programa de controle parasitário estratégico é fundamental.
Nesse aspecto, os carrapatos são um problema já conhecido do pecuarista, especialmente nas regiões e fazendas com animais de raças europeias e mestiços destas raças. Os prejuízos causados por esses ectoparasitas incluem danos diretos, devido à espoliação e sangue dos animais, e indiretos, através da transmissão de enfermidades como o tristeza parasitária bovinas (TPB), lesões na pele que desvalorizam o couro e favorecem a instalação de infecções bacterianas e infestações parasitárias (miíases ou bicheiras).
Por não serem tão visíveis quanto bernes, moscas e carrapatos, as verminoses são muitas vezes negligenciadas pelos produtores. Isso ocorre porque na maioria das vezes os bovinos em nosso meio apresentam quadros de infecção verminótica subclínica, não demonstrando claramente os sinais clássicos (diarreia, anemia, abdômen distendido, pelos arrepiados e sem brilho, edema submandibular ou papeira, por exemplo). Entretanto, os prejuízos ocorrem e são graves, especialmente nos animais jovens e em recria.
Animais acometidos por parasitas gastrointestinais, mesmo na forma subclínica, sofrem um desvio de nutrientes para reparação de danos e tentativa de expulsar os parasitos. Os animais apresentam problemas de digestão, absorção e metabolismo de nutrientes, além de redução no apetite que passa despercebida. Com isso, têm o desempenho geral comprometido
Cargas verminóticas
“As verminoses por vermes redondos gastrointestinais são comuns no Brasil, pro causa das condições climáticas propícias para o desenvolvimento e manutenção de cargas parasitárias no ambiente (pastagens). Especialmente nas épocas do ano com aumento da temperatura e da umidade médias, temos enormes cargas verminóticas nas pastagens”, explica Marcos Malacco, médico veterinário gerente de serviços veterinários para bovinos da Ceva Saúde Animal.
“Nos períodos mais frios e secos do ano, há uma redução nessa carga, porém, devido às condições anteriores mais favoráveis, o número de parasitos já instalados no organismo dos animais pode ser significativo.”
Os animais adultos tendem a apresentar menores infecções verminóticas que os animais em recria e os jovens. Isso ocorre porque os animais adultos tiveram oportunidade de sofrer infecções sucessivas com o passar do tempo, o que permite o preparo e o desenvolvimento de seu sistema imune a fim de evitar pesadas infecções.
Entretanto, há períodos em que pode ocorrer queda da imunidade natural do animal, como em momentos de estresse representados por alterações na dieta, viagens longas e mistura de lotes, e o periparto nas vacas, por exemplo, o que acaba permitindo a multiplicação e proliferação dos parasitas intestinais e aumentando seus efeitos negativos.
Nos animais jovens e em recria, momento em que existe uma grande demanda energética para o desenvolvimento corporal do animal, o impacto negativo das verminoses gastrointestinais ainda é mais severo. Por essa razão, a implantação de estratégias eficazes para o controle das principais parasitoses dos bovinos, que permita o máximo desempenho e bem-estar aos animais, é um desafio constante.
Os programas de controle parasitários estratégicos buscam reduzir ao máximo o número de parasitos que se encontram no ambiente (pastagens), onde estima-se que entre 90% e 95% da carga parasitária global se concentra. O início do período mais quente e chuvoso favorece uma rápida proliferação dos parasitos e, por isso, é de grande importância o controle efetivo logo no início desses períodos.
Antiparasitários
“Os endectocidas são antiparasitários capazes de combater os principais parasitas internos e externos, de uma única vez, facilitando bastante a implantação de programas de controle das parasitoses. Dependendo da formulação, eficiência e época de utilização, estes antiparasitários oferecem ótimos resultados”, explica Malacco. “Além disso, podem ser aplicados em conjunto com outras práticas de manejo e sanidade, como as vacinações, por exemplo.”
Entre os endectocidas para o gado de corte há produtos indicados para o tratamento curativo e preventivo das infecções pelos principais vermes gastrointestinais, além de infestações por carrapatos e berne. Algumas formulações permitem um longo período de controle dos mais importantes parasitos bovinos, propiciando condições para melhor produtividade do rebanho.