Ferramenta permite aos criadores a identificação e controle de doenças, que causam grande impacto na produtividade dos rebanhos, a partir de informações sobre as formas de transmissão e disseminação
Analisar riscos e definir estratégias para controle e prevenção de doenças são atitudes essenciais para quem quer obter sucesso na produção de caprinos e ovinos. Uma nova ferramenta digital interativa vai oferecer ao setor produtivo informações sistematizadas sobre as principais enfermidades que afetam a caprinocultura e a ovinocultura na Região Nordeste do Brasil.
Denominado CIM Zoossanitário, o instrumento desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Caprinos e Ovinos, do Ceará, em conjunto com parceiros institucionais e produtores, representa uma inovação na área de defesa sanitária. A nova ferramenta integra o Centro de Inteligência e Mercado de Caprinos e Ovinos (CIM), sistema de inteligência territorial que permite compartilhar informações sobre pequenos ruminantes em nível mundial.
A produção de caprinos e ovinos no Brasil é uma atividade de extrema importância para o Semiárido brasileiro, que concentra 90% dos rebanhos caprinos e 60% dos ovinos. A atividade abre possibilidades de mercados e gera desenvolvimento para sistemas de produção familiar, contribuindo para a segurança alimentar e inclusão produtiva das famílias.
Entretanto, muitos dos sistemas de produção ainda são ambientes propícios à proliferação de doenças. A nova ferramenta digital é a resposta da ciência às demandas crescentes do mercado de alimentos por produtos que congreguem qualidade e sustentabilidade, incluindo cuidados relacionados à saúde e ao bem-estar animal.
Impacto na produtividade
De acordo com o pesquisador Selmo Fernandes, é importante que o criador tenha acesso a essas informações, porque as doenças causam grande impacto na produtividade dos rebanhos e necessitam de atenção quanto às formas de transmissão e disseminação. Por isso precisam ser notificadas ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
“São enfermidades que provocam a diminuição da produção de leite, mortalidade das crias, redução da vida útil dos animais, perda de peso, desvalorização da pele, aborto esporádico, além de se disseminarem rapidamente”, explica.
A supervisora do Núcleo Regional de Defesa Agropecuária do Norte, da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará (Adagri), Iracelma Arruda, acredita que o setor produtivo carece de informações sobre as patologias que acometem os rebanhos e, na maioria das vezes, passam despercebidas porque não são identificadas pelos produtores.
“Doenças de notificação compulsória não são informadas aos serviços veterinários oficiais e não são tratadas com a devida importância e cuidados necessários, colocando em risco, algumas vezes, a saúde pública. Acredito que o CIM Zoossanitário constitui-se numa base sólida para a elaboração de programas de controle e erradicação de enfermidades”, afirma.
Zoneamento Zoossanitário
O pesquisador e médico veterinário Raymundo Rizaldo explica que o Zoneamento Zoossanitário é uma ferramenta utilizada para determinar quais regiões, dentro de um determinado espaço geográfico, apresentam problemas sanitários e enfermidades, com o objetivo de se estabelecer estratégias de manejo, prevenção e controle de doenças, contribuindo para o desenvolvimento da cadeia produtiva.
“Antecipar-se às perguntas e investigar o futuro, no que tange à questão da epidemiologia das enfermidades, é um processo contínuo em sanidade animal para caprinos e ovinos”, explica.
Segundo o chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Caprinos e Ovinos, Cícero Lucena, os dados que estão sendo disponibilizados no CIM Zoossanitário congregam estudos que vêm sendo feitos há mais de dez anos e se intensificaram a partir de 2013, com o projeto realizado em parceria com o Mapa. Ele afirma que a equipe de sanidade animal está definindo estratégias para atualização e ampliação desse zoneamento como uma das prioridades da Empresa.