Projeto busca aumentar a eficiência na produção da pecuária de corte com novas tecnologias, como a substituição de antibióticos por óleos essenciais
Transformar a pecuária brasileira por meio da implementação de tecnologias que aumentem a eficiência bioeconômica e a sustentabilidade é o objetivo do projeto Sustentabilidade Bioeconômica na Produção de Bovinos de Corte Confinados da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios Regional de Colina –SP (Apta), com o apoio da Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa do Agronegócio (Fundepag).
Flávio Dutra de Resende, zootecnista e doutor em Produção de Ruminantes pela Universidade Federal de Viçosa (MG) e coordenador do projeto, explica que a iniciativa foca na avaliação de alternativas ao uso de antibióticos, na introdução de alimentos alternativos que aprimorem o desempenho e a qualidade da carne, e no impacto da recria na eficiência da terminação dos animais.
Impacto ambiental
Segundo o zootecnista, o projeto explora o conceito de eficiência bioeconômica, que se refere à capacidade de maximizar a produtividade e a rentabilidade na pecuária, minimizando os custos e o impacto ambiental.
Para isso, de acordo com informação do coordenador do projeto, a iniciativa conta com a colaboração público-privada envolvendo a Unesp (campus de Jaboticabal e Botucatu), a Companhia Sul Americana de Pecuária S.A. (CSAP) e a empresa de nutrição animal Alltech, promovendo a integração entre pesquisa científica e aplicação prática.
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Resposta direta
O especialista salienta que, mesmo em fase inicial, o projeto já contribuiu com a avaliação de aditivos que possam substituir o uso de antibióticos na produção de bovinos de corte confinados, uma resposta direta às crescentes demandas do mercado consumidor por carne de alta qualidade.
“O estado de São Paulo, um dos maiores centros de confinamento bovino do Brasil, é um cenário ideal para essas inovações graças à sua grande capacidade de processamento industrial e à diversidade de alimentos alternativos provenientes de resíduos agroindustriais”, pontua Resende.
Mercado consumidor
No entanto, segundo o zootecnista, o mercado consumidor, especialmente o chinês, que se tornou o principal importador de carne bovina do Brasil, impõe exigências cada vez mais rigorosas, como a idade máxima de 30 meses para abate. “Para atender a essas exigências, os produtores precisam reduzir o tempo de recria e terminação dos animais, o que representa um desafio significativo em termos de eficiência bioeconômica”, ressalta.
Na avaliação o profissional, a intensificação da produção, por meio da redução do tempo, pode aumentar a produtividade, mas nem sempre se traduz em maior receita para o produtor.
“Assim, o projeto busca alternativas que não apenas aumentem a produção, mas também sejam sustentáveis do ponto de vista ambiental, produtivo e econômico, garantindo a competitividade dos produtores nos mercados interno e externo”, sublinha.
Impacto no setor pecuário
Resende detalha que, embora as etapas de campo do primeiro subprojeto “Efeito do Uso de Blend de Óleos Essenciais na Dieta de Bovinos Nelore Confinados sobre o Desempenho e Características de Carcaça” ainda estejam em andamento, com previsão de conclusão para setembro de 2024, o projeto já começa a mostrar seus primeiros resultados.
“O destaque está na viabilidade de substituir antibióticos por óleos essenciais na dieta de bovinos confinados, uma solução que atende às exigências crescentes do mercado consumidor por práticas mais sustentáveis”, explica o especialista.
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Adesão
O pesquisador projeta que com a adesão de mais empresas ao projeto, os objetivos iniciais, voltados para a melhoria da eficiência bioeconômica e a redução do impacto ambiental, estão mais próximos de serem alcançados. “A Apta Regional de Colina, reconhecida nacionalmente por suas pesquisas em bovinos de corte, tem atraído o interesse de empresas do setor privado, especialmente na área de nutrição animal, para futuras parcerias e desenvolvimento de novas tecnologias”, adianta o coordenador.
Parceria
Ele enfatiza que o apoio da Fundepag tem sido fundamental para o sucesso deste projeto pioneiro. “Por se tratar de uma parceria público-privada, que envolve a colaboração de empresas do setor privado no desenvolvimento de pesquisas na Apta Regional de Colina, foi necessário criar editais específicos para captar parceiros interessados”, afirma.
Para o coordenador do projeto, a Fundação desempenhou um papel central na elaboração e divulgação desses editais, o que levou à adesão da empresa Alltech como a primeira parceira no projeto. “A partir dessa colaboração, foi possível iniciar o subprojeto que avalia o uso de óleos essenciais na dieta de bovinos confinados, alinhado aos objetivos de sustentabilidade e eficiência bioeconômica da iniciativa”, conta.
Resende acredita que, com o progresso contínuo e a entrada de novos parceiros, o projeto tem expectativas de ampliar seu impacto, promovendo práticas mais sustentáveis na pecuária e fortalecendo a posição da Apta Regional de Colina como um centro de referência em pesquisas sobre bovinos de corte.
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Fundepag
Criada em 1978 a partir dos esforços de grupos empresariais, representantes da agropecuária, da indústria, do comércio e das finanças, a Fundepag soma esforços do Estado e da iniciativa privada no desenvolvimento de projetos de pesquisa.
Apoia e executa diversos tipos de projetos, serviços tecnológicos, capacitações e eventos.
Além de contar com seu próprio Núcleo de Inovação Tecnológica Fundepag – NIT, expandido para Centro de Inovação Tecnológica –reconhecido pelo Governo paulista, oferece uma estrutura de apoio administrativo-financeiro, de gestão de pessoas, consultoria jurídica e ferramentas informatizadas, com a qualidade e ética assessoradas pelas ISO 9001:2015 (qualidade), ISO 37301:2017 (compliance) e ISO 37001:2017 (antissuborno).
Fonte: Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios Regional de Colina –SP (Apta)