Voltado para o pequeno e médio produtor, entre as vantagens do confinamento está a redução da área necessária para a produção. Em apenas um hectare podem ser confinados até mil animais
Pecuaristas de Mato Grosso e de outros quatro estados do Brasil visitaram propriedades rurais nos municípios de Guarantã do Norte, Matupá e Terra Nova do Norte para conhecer o Projeto de Confinamento de Bovino de Corte que está sendo executado pela Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer).
O médico veterinário da Empaer e responsável pelo projeto, Jair de Alburquerque Siqueira, mostrou a tecnologia de confinamento para engordar o gado com menos tempo para o abate, em torno de 90 dias.
A diretora da Empaer, Selma Morais, fala que esse projeto de confinamento elaborado pela empresa tem tido um alcance em nível estadual, nacional e até internacional, com a procura por informações sobre a atividade. Ela esclarece que os pecuaristas dos Estados de Rondônia, Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia receberam a tecnologia que está sendo aplicada em Mato Grosso.
“Essa é a política da Empaer, fomentar ações que venham ao encontro com as necessidades do produtor rural”, salienta Selma.
Ganho de peso
O Projeto é voltado para o pequeno e médio produtor, e dentre as vantagens do confinamento está a redução da área necessária para a produção. Em apenas um hectare podem ser confinados até mil animais, somente com ração balanceada. Além de evitar o desmatamento com a abertura de novos pastos e piquetes, contribui também para a geração de empregos diretos e indiretos.
Conforme Jair, com um plantel de 20 cabeças de bovinos, dependendo do peso de entrada, do sexo, da qualidade genética e da alimentação fornecida, o produtor poderá ter, em apenas um ano, até 100 animais terminados. E a expectativa é de retirar os animais do confinamento antes do tempo previsto, ou seja, em apenas 90 dias, com maior rendimento de carcaça e acabamento.
“Os animais confinados ganham em média cinco arrobas e estão prontos para o abate com o peso médio de 17 arrobas”, enfatiza.
O produtor rural do Estado do Rio de Janeiro, Gustavo Mendonça, comenta que ficou entusiasmado com o projeto. Em apenas um hectare pode engordar mil cabeças de bovinos. Outro ponto importante para o produtor é a atividade ser sustentável, com o tratamento de todo o esterco produzido pelo animal e a não contaminação do solo.
“Esse projeto pode ser executado em pequenas propriedades e com retorno financeiro para o investidor. É muito provável que estarei implantando esse sistema de confinamento em minha propriedade”, ressalta.
A pecuarista Maíra Miranda, da cidade de Teixeira de Freitas, do Estado da Bahia, fala que veio visitar as propriedades que já realizam o confinamento para conhecer o projeto que está utilizando o volumoso com o menor custo que nos confinamentos normais. Ela explica que vão fazer adaptações após as visitas, principalmente com a utilização do milho.
“No Mato Grosso o milho chega na porta do produtor, com preços mais acessíveis. Na Bahia, precisamos pagar mais pelo frete. Muito interessante e pretendemos implantar em nosso Estado”, esclarece.
Um dos pontos importantes para o produtor de Rondônia, Natan de Souza Silva, foi entender a nutrição do animal com o ganho de peso em menos tempo e a produção de carne o ano todo, até mesmo no período de seca.
De acordo com o projeto, na alimentação dos animais está sendo utilizado capim para a produção do volumoso. O milho verde é usado para produção de silagem e como mais uma alternativa de alimentação no período de estiagem. Os animais recebem também ração balanceada e a previsão de consumo é de quatro a seis quilos por animal ao dia.
O educador Jonathan Sicchieri, do Estado de São Paulo pretende ampliar o ramo de atividade e veio conhecer de perto o confinamento de bovinos. Antes da visita ele acreditava que confinamento era uma atividade praticada somente por grandes produtores e nas propriedades rurais percebeu que o pequeno produtor pode confinar animais e obter rentabilidade.
“O projeto da Empaer está bem consolidado e promove bons resultados, vou levar essa experiência para o meu Estado”, comenta.
De acordo com Jair, os produtores interessados no confinamento receberam orientações desde a elaboração do projeto até a montagem de toda a estrutura, que inclui a construção dos galpões de confinamento, da fábrica de rações, inclusive com piso de concreto e cobertura, além de máquinas, equipamentos, alimentação, entre outros.
Os visitantes conheceram o sistema de confinamento de bovinos nas seguintes propriedades: em Guarantã do Norte, no Sítio Pais e Filhos, do produtor rural Orides Borges Vieira, e na Fazenda São Matheus, de Almir Matheus. Em Matupá, Fazenda Duas Nascentes, do produtor Arnaldo Freiberger, e Fazenda Nossa Senhora Aparecida, de Antenor Cardoso. Em Terra Nova do Norte, Fazenda Madrid da produtora Neli Pinto Alves.