Resultados devem-se a orientação da Emater-MG para melhoria da pastagem e da genética dos animais
A história do pecuarista Áureo Carvalho começou há 8 anos. De uma propriedade de 36 hectares no Sul de Minas, como produção modesta, ele e sua esposa Sônia se tornaram referência na região, a partir de investimentos em gestão, melhoria genética e na alimentação dos bovinos.
São 37 vacas no rebanho e uma produção diária de 750 litros de leite. O produtor possui ainda cerca de 30 novilhas com previsão de parto para o segundo semestre deste ano. Com isso, a produção estimada é de mais de 1,3 mil litros de leite por dia, um aumento de 1.000% em relação a 2014. A propriedade conta com o certificado de Boas Práticas de Produção, concedido pela empresa internacional QCONZ.
Trajetória
“Vivemos em uma região de produtores pequenos, onde a maioria sempre criticava a produção leiteira, por achar que não era rentável. Então, além do prazer de olhar pra trás e ver o crescimento na produção, a gente se sente como uma referência, ajudando outras pessoas, mostrando o valor da atividade”, afirma Áureo Carvalho.
Os dois cuidavam de um pequeno rebanho na Fazenda Cachoeirinha das Antas, município de Santa Rita de Caldas. A maioria dos animais, voltada para corte, ficava em regime de confinamento. O casal também produzia leite suficiente apenas para cobrir as despesas mensais da família. Então, o produtor recorreu à Emater para mudar a situação.
“Nas primeiras visitas que fiz ao local, vi um grande potencial na propriedade e no produtor para produzir leite. Percebi que ele não estava muito contente com o confinamento de animais devido ao alto custo. Partimos para intensificar a produção de leite”, explica o técnico da Emater-MG no município, Rodrigo Beck Júnior.
Na época, a propriedade contava com 15 vacas, sem muito potencial genético, que produziam cerca de 130 litros de leite por dia. Segundo o técnico da Emater, o trabalho de melhoria da atividade começou com a mudança no sistema de pastejo e a incorporação ao rebanho de animais geneticamente superiores.
“O trabalho inicial foi focado em dinamizar os processos de produção, de redução dos custos, sem perder a qualidade. Foram feitas divisões do espaço onde ficavam os animais, a recuperação e arrendamento das pastagens para plantio de vegetais, além de trabalhar a melhoria genética do rebanho”, explica Beck Junior.
O objetivo era fazer a recuperação da área com plantio de mandioquinha-salsa, batata e milho. O produtor recebia um valor pelo arrendamento e, ao mesmo tempo, tinha suas áreas corrigidas e adubadas. Ele também conseguiu de um pecuarista do município um tourinho da raça holandesa, geneticamente superior, para fazer a cobertura das vacas da propriedade.
Com as mudanças, em 2015, Áureo de Carvalho conseguiu financiamento do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), para a compra de mais cinco vacas. No ano seguinte, a produção diária de leite da propriedade já tinha passado para 300 litros.
O melhoramento genético propiciou uma nova geração de bezerras que ajudaram a alavancar ainda mais a produção. Foi feita a troca do tanque de resfriamento de leite por outro maior. E novos animais foram adquiridos. Dessa vez, sem financiamento.
Evolução
Em 2018, a produção aumentou cerca de 380%, ao bater a marca de 500 litros por dia. Áureo começou a vender o leite para a Associação de Produtores de Leite de Santa Rita de Caldas e Região (Aprol). Ao fim daquele ano, por meio da associação, passou a comercializar o leite para a Danone.
Aderiu à inseminação artificial nas vacas e, depois, investiu na fertilização in vitro. Nesta técnica, embriões de fêmeas doadoras, com padrão genético superior, são transferidos para as vacas receptoras, chamadas de barriga de aluguel.
Em 2020, com a boa gestão dos custos e aumento da produção, o pecuarista precisou ampliar e modernizar a estrutura. Foram investidos cerca de R$ 750 mil na construção de uma nova sala de ordenha e de uma pista de alimentação para os animais, além de uma caixa de dejetos para armazenar o esterco a ser utilizado nas pastagens e áreas de plantio de milho.
Também foram adquiridos um tanque, com capacidade para 2,5 mil litros de leite, e uma ordenhadeira mecânica com extração automática para uso em seis animais simultaneamente. “O novo equipamento reduz o tempo na ordenha dos animais e facilita o manejo dos animais”, explica o técnico da Emater-MG.
Acompanhamento
Para o produtor, o acompanhamento de todo o processo de evolução, feito pelo técnico Rodrigo Beck, foi fundamental para “Não tem um dia que a gente não se fala, que ele deixa de perguntar como as coisas estão. Ele parabeniza as coisas certas e também aponta onde erramos para sabermos como melhorar”, conta o produtor.
Áureo e sua esposa Sônia continuam à frente dos trabalhos na propriedade, cuidando da ordenha e contratando apenas algumas pessoas para serviços temporários. “A receita de sucesso inclui gostar muito do que faz, muito trabalho e uma boa gestão”, afirma Beck Junior.