Produção exponencial de carne bovina dependerá de avanços na eficiência produtiva do rebanho e adoção de inovações tecnológicas
O Brasil, com a previsão de produzir 11 milhões de toneladas de carne bovina em 2024, segundo o boletim Gain Report, do USDA, reafirma sua posição entre os gigantes da pecuária mundial. Este cenário reflete não apenas o potencial produtivo nacional, mas também reforça o peso do agronegócio na economia, hoje responsável por um PIB de R$ 2,5 trilhões.
Nesse viés, e olhando para o futuro, o país deverá contar com um rebanho de 253 milhões de cabeças até 2030, com um volume crescente de bovinos terminados em confinamento. Essa demanda, impulsionada por países como China, Egito e outros do Oriente Médio, abre novas oportunidades de exportação.
Na avaliação do pecuarista e titular da VPJ, Valdomiro Poliselli Junior, continuar com a produção exponencial de carne bovina dependerá de avanços na eficiência produtiva do rebanho e adoção de inovações tecnológicas, além uma boa capacidade de resposta à crescente pressão por práticas sustentáveis.
“À medida que a conscientização ambiental se intensifica, consumidores de países reguladores exigem dos produtores métodos capazes de reduzir as emissões de gases de efeito estufa e garantir a rastreabilidade dos produtos. Programas como o “Pecuária Baixo Carbono” (Programa ABC) são ótimos exemplos de adaptação a essas novas exigências”, comenta.
Além disso, ele cita que as inovações tecnológicas, com destaque ao uso de inteligência artificial e monitoramento remoto, deverão nortear a gestão das propriedades rurais. O melhoramento genético também será crucial, por meio do uso de biotecnologias para aumentar a resistência a doenças e melhorar a eficiência alimentar dos rebanhos e a qualidade da carne e a precocidade.
LEIA TAMBÉM:
→ Pecuária brasileira é mais sustentável do que se pensa
Desafios
Entretanto, conforme alerta o pecuarista, nem tudo poderá ser um mar de rosas, pois o aumento dos custos de produção pode afetar a demanda interna, levando os consumidores a buscar proteínas mais baratas. A mudança climática, por sua vez, também trará a incerteza das implicações dos eventos extremos na saúde dos rebanhos e na disponibilidade de pastagens.
Ainda nesse sentido, ele destaca que novas regulamentações ambientais e de bem-estar animal também moldarão a pecuária do futuro, exigindo adaptações e constante investimento no manejo racional. “Tais transformações poderiam resultar em uma consolidação do setor, com grandes empresas ampliando operações, enquanto pequenos produtores enfrentarão dificuldades para se manterem competitivos”, complementa.
Por fim, na opinião do especialista, não se pode ignorar o impacto do cenário econômico e geopolítico global sobre os preços das commodities e a estabilidade dos mercados de exportação. Ele observa que, dentro da porteira, é imprescindível entender o ciclo pecuário para antecipar os momentos de alta e baixa dos preços do boi gordo e as oportunidades propiciadas em cada momento.
“Em suma, a pecuária de corte no Brasil tem um futuro promissor, mas repleto de desafios que exigirão inovação e jogo de cintura. Para a pecuária brasileira continuar a se destacar no agronegócio global, é fundamental todos os stakeholders se unirem em prol de práticas sustentáveis, eficiência produtiva e gestão inteligente, assim, garantindo a competitividade do país no cenário internacional”, conclui o pecuarista.