A moringa ajuda no enfrentamento dos desafios da estiagem, contribuindo para a sustentabilidade e eficiência na produção animal (Foto: João Paulo Soares/Embrapa)
Com a intensificação da estiagem no estado de São Paulo, plantações têm sido severamente afetadas, agravando a escassez de alimentos para ruminantes.
Em busca de espécies vegetais mais resistentes, pesquisadores do Instituto de Zootecnia (IZ-Apta) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo apontam a Moringa oleifera como uma alternativa viável para a alimentação dos animais durante períodos de seca.
A moringa destaca-se por sua resistência à seca e por suas características produtivas, nutricionais e medicinais.
A planta pode melhorar a produtividade e qualidade dos produtos de origem animal, reduzindo custos e minimizando impactos ambientais.
O óleo extraído de suas sementes possui atividade antimicrobiana, diminuindo a incidência de bactérias patogênicas e promovendo bactérias benéficas no trato gastrointestinal dos animais.
Em ruminantes, a moringa contribui para a redução da produção de gases de efeito estufa, como o metano, ajudando a diminuir o impacto ambiental.
Aproveitamento integral da planta
Todas as partes da moringa são aproveitáveis: caules, flores, frutos e sementes são comestíveis e possuem altos teores de proteínas, vitaminas e minerais. As folhas são especialmente ricas em betacaroteno, vitamina C, proteína bruta (PB), ferro e potássio, enquanto as sementes contêm proteínas e óleos essenciais, incluindo compostos fenólicos e flavonoides, que promovem a saúde animal.
O pesquisador do IZ, Fábio Prudêncio de Campos, destaca que os teores de proteína bruta na moringa são de 28% nos folíolos e 25% nas folhas.
“Quando colhida a 1,60m de altura e picada na íntegra, a planta apresentou teor de PB total de cerca de 14% e digestibilidade da matéria seca de 64,3% no período das secas, similar a vários capins tropicais no período das chuvas, garantindo ótimo consumo e desempenho animal. No entanto, é necessário manejar a reposição de nutrientes do solo, especialmente fósforo e potássio,” explica Campos.
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Desafios no cultivo
Campos alerta para a necessidade de controle rigoroso de formigas tipo saúva, especialmente no processo de implantação da moringa.
“Mesmo após a implantação, o controle deve ser mantido rigorosamente,” enfatiza.
Além disso, como a moringa é uma planta arbórea, o controle da altura de corte é fundamental para manter uma relação equilibrada entre caule e folha.
“Plantas acima de 1,60m têm maior quantidade de caule, o que reduz a digestibilidade quando oferecida aos animais na forma de silagem ou picada. Plantas de 1,0m produzem menor volume de massa, mas possuem maiores valores nutricionais devido ao maior volume de folhas em relação aos caules,” explica o pesquisador.
Moringa oleifera: versatilidade e benefícios
Originária da Índia, a moringa está presente em todas as regiões tropicais e subtropicais do mundo.
Além de sua aplicação na alimentação animal, a planta é usada na produção apícola, alimentação humana, produção de óleo, produtos medicinais, fibras têxteis e cosméticos.
Sua fácil propagação e rápido crescimento, aliado à resistência a longos períodos de estiagem, tornam a moringa uma planta de grande interesse em vários países.
A literatura menciona que o plantio pode atingir até 500 mil plantas de moringa por hectare, com produtividade de 200 toneladas de forragem fresca.
Contudo, recomenda-se um plantio mais adensado, com espaçamento de 50 × 20 cm, representando 100 mil plantas por hectare, facilitando o manejo dos tratos culturais, embora com menor produtividade.
O plantio inicial é recomendado através de tubetes de germinação com solo vegetal comercial para maior controle, sendo o replantio no campo realizado quando as plantas atingem 10 a 15 cm de altura.
Alternativamente, pode-se plantar as sementes diretamente no campo, necessitando de um controle rigoroso inicial contra plantas invasoras e ataques de formigas em todas as fases de crescimento.