Ferramenta permite acesso fácil dos animais à alimentação e facilita a logística
Além de garantir a qualidade dos suplementos e ganho de peso dos animais, e estrutura do cocho também gera impacto direto nos resultados financeiros da propriedade. Segundo a médica-veterinária e coordenadora de Produtos da Connan, Júlia Marques, na suplementação, essa ferramenta permite fornecer produtos de nutrição animal com qualidade e em quantidade adequadas para todo o lote, de acordo com o planejamento nutricional.
“Para que esse objetivo seja atingido, alguns aspectos devem ser levados em consideração, como localização, altura, área, acesso, material, cobertura e impacto financeiro”, explica Júlia.
De acordo com o pesquisador Científico da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Flávio Dutra de Resende, deve-se considerar que a estrutura de cocho será usada no corredor, facilitando o operacional da distribuição da ração, e na divisão de dois pastos ou na praça de alimentação.
“É preciso analisar que durante a seca os animais podem consumir 10 quilogramas de ração/dia ou até mais. Dessa forma, se forem disponibilizados 40 centímetros de área de cocho por boi, comendo dos dois lados, haverá cinco bois por metro linear de cocho e, nesse caso, ele deverá ter uma capacidade para estocagem de 50 kg de ração, sem transbordar para evitar desperdícios”, observa.
Além disso, Resende diz que o pecuarista deve ficar atento à largura do cocho para permitir que dois animais possam consumir frente a frente, portanto, a estrutura deve ter no mínimo 80 cm de boca.
“A minha recomendação para cochos instalados em divisórias de pasto é de, no mínimo, um metro de boca (largura), o que reduz o operacional e permite manejo somente uma vez por dia. Para aqueles instalados no corredor e/ou mesmo na praça de alimentação, a largura pode ser menor, lembrando sempre que o pecuarista precisa manter atenção ao comportamento dos animais para verificar se todos têm acesso normalmente”, ensina Resende.
Segundo o pesquisador, uma boa dica, além da questão visual do lote, é usar o escore fecal como indicativo de que todos os animais estão consumindo o mesmo tipo de dieta (pasto + ração). “Nesse caso, a variabilidade de escore de fezes se torna um indicativo de que alguns animais não estão acessando o cocho ou estão consumindo menos ração. Nesta situação a oferta de área deve aumentar”, orienta.
Modelo ideal
Embora alguns pecuaristas ainda considerem o cocho como custo, na realidade ele é um dos principais investimentos na fazenda, permitindo o acesso fácil dos animais à alimentação e uma logística rápida com o intuito de diminuir o custo operacional da distribuição de ração.
Vale lembrar, entretanto, que o modelo de cocho mais adequado é aquele que melhor atende os objetivos produtivos do sistema pecuário. Dessa forma, pode-se apresentar variações no modelo de uma propriedade para outra. Por exemplo, sistemas de cochos no corredor ou mesmo na divisão de piquetes podem ser utilizados amplamente ou nas praças de alimentação quando existem sistemas rotacionados.
“O cocho de suplementação deve estar próximo à fonte de água, para que o consumo deste recurso seja mais regular e que, dessa forma, se atinjam os objetivos produtivos”, reforça Júlia.
O risco de contaminação por fezes, urina e outros fatores externos é levado em consideração quando o assunto é altura do cocho, que é a medida do solo até a borda superior da estrutura. Modelos mais elevados do solo garantem maior qualidade da suplementação.
Opções
Há várias opções de cochos, desde as bombonas plásticas, borrachão, aproveitamento de bags, cochos de concreto, entre outros. Vale ressaltar um ponto importante: o desperdício. Numa terminação intensiva a pasto (TIP), principalmente no período das águas, um desperdício de 5% pode pagar todo o investimento na cobertura de cocho. Poe isso, é importante fazer as contas e chegar à conclusão.
“O alimento colocado no cocho deve chegar à boca do boi, sem desperdício, e na mesma quantidade para todos os animais. Na prática, fazemos o consumo médio, e isso é complicado, pois podemos estar tendo fundo de lote por erros de manejo de cocho e não por qualidade genética”, alerta o pesquisador da APTA.
Em relação à cobertura do cocho para TIP, o especialista da APTA recomenda cobrir uma área de no mínimo 20 cm/por animal para ser usada no período chuvoso, uma vez que os animais acessam o cocho de forma mais lenta, pois preferem comer folhas verdes, diminuindo o investimento na cobertura da estrutura nas chuvas.