Doença também conhecida como requeima atinge ruminantes em geral, principalmente no início das chuvas. Os danos vão de gastos com tratamento, diminuição da produção de carne ou leite à perda de animais. A detecção precoce aumenta as chances de cura e o controle pode ser feito pela diversificação de pastagens
Popularmente conhecida como requeima, a fotossensibilização de animais pode causar feridas na pele, inchaço da face, falta de apetite, inquietação ou apatia em bovinos, ovinos ou caprinos. A doença atinge ruminantes em geral, principalmente no início das chuvas. Os prejuízos vão de gastos com tratamento, diminuição da produção de carne ou leite à perda de animais. A detecção precoce aumenta as chances de cura.
A sensibilidade exagerada da pele à luz solar pode ser primária, causada por plantas que têm um princípio que provoca a lesão diretamente na pele, ou secundária, quando o fígado é lesionado por toxinas.
O mais comum nos animais é a forma secundária ou hepatógena. Nesse caso, o fígado deixa de desempenhar seu papel de filtragem e desintoxicação. Quando as substâncias tóxicas não são eliminadas, passam a se acumular na pele. Com a incidência da luz solar, ocorre a fotossensibilização.
Bezerros afetados
Nos bovinos, a doença pode atingir especialmente bezerros próximos a desmama até os dois anos de idade. Em ovinos, os mais jovens, desmamados, são mais afetados. Animais de pele clara, sem pigmentação, têm propensão a desenvolver a requeima.
A maior parte do casos de fotossensibilização está associada, principalmente, ao consumo de pastagens de Brachiaria. A toxidade deve-se à presença de saponinas no próprio pasto.

Fígado do animal doente deixa de desempenhar seu papel de filtragem e desintoxicação. Foto: Divulgação Embrapa
Médico veterinário da Unidade Pecuária Sudeste da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Raul Mascarenhas destaca os principais sinais clínicos da doença, que variam conforme a gravidade do caso: ressecamento intenso da pele, especialmente nas regiões dos olhos, focinhos, orelhas, virilha, úbere e barbela; e orelhas contorcidas e com as extremidades voltadas para cima.
Ele ainda cita a formação de crostas nos locais afetados, com descolamento da pele; diminuição do apetite e perda de peso. Ainda, outra consequência é conjuntivite bilateral.
De acordo com Mascarenhas, como a região da pálpebra é muito sensível, “os animais não conseguem lubrificar os olhos como deveriam, aí aparecem os agentes infecciosos oportunistas que causam a conjuntivite”.
Assista ao vídeo e entenda melhor a doença!
Conforme o médico veterinário, ao detectar a fotossensibilização, o primeiro passo é retirar os animais da pastagem de Brachiaria e da exposição à luz solar. “O tratamento pode ser feito com substâncias hepatoprotetoras para o fígado, administração de vitamina A para estimular a regeneração da pele e dos pelos, uso de corticoides, pomadas cicatrizantes e protetor solar nos locais da pele mais afetados.”
Ainda segundo Mascarenhas, uma forma de controle da doença é diversificar as pastagens. “A identificação rápida da requeima também contribui para a cura da doença, já que, dependendo da extensão das lesões na pele e no fígado, o quadro pode ser irreversível e levar o animal à morte. A boa notícia é que os casos de fotossensibilidade são esporádicos. Mas vale a pena o produtor ficar atento.”