Na Fazenda Salgadinho, sistema de bem-estar animal usado no gado de leite tem bom resultado no confinamento para carne
A partir de testes realizados na Fazenda Salgadinho, em Cachoeiro de Itapemirim, ES, o médico Paulo José Machado, referência na criação de gado Brahman no Estado, confirma a mesma rentabilidade da raça confinada em Compost Barn, que tem como foco o bem-estar animal.
Machado defende o pioneirismo na pecuária de corte, na produção de carne Premium e na utilização desse sistema popularizado na pecuária leiteira. Participam do projeto 50 vacas Brahman (dez delas já pariram e estão amamentando), 29 novilhas Brangus e duas novilhas Nelore. Os animais são registrados e estão confinados desde o início de maio.
“Há tempos eu vinha procurando solução para intensificar a cria, ou seja, produzir mais bezerros machos e fêmeas, para a comercialização de genética e para o abate”, conta o pecuarista. Segundo ele, no Compost Barn, o gado apresenta bom ganho de peso, mudança na pelagem e comportamento mais sereno a cada dia. “A incidência de ectoparasitas, como carrapato, berne e miíase, praticamente zerou. “
“Há tempos eu vinha procurando solução para intensificar a cria, ou seja, produzir mais bezerros machos e fêmeas, para genética e para o abate”, afirma Machado. Crédito: Leandro Fidelis
Ambiente controlado
Tudo é pensado para melhorar o bem-estar dos animais. “O ambiente é controlado, oferecendo aos animais alimentação com qualidade (capim-açu e sorgo picado no cocho, na pista de trato). O trator com o vagão distribui a alimentação três vezes por dia”.
O galpão abriga 80 cabeças, média de oito a dez metros por animal, mas dentro de 60 dias uma nova estrutura com 750 m² estará pronta para transferir as vacas Nelore e Brangus. A previsão é confinar 70 vacas no segundo galpão, sem contar os bezerros. A estrutura acomodou todas as fêmeas da fazenda, deixando os pastos livres e em descanso no inverno. Já os touros, continuaram no pasto com suplementação.
Estrutura acomoda todas as fêmeas da fazenda, deixando os pastos livres e em descanso no inverno. Crédito: Leandro Fidelis
O galpão de tem 800 metros de área coberta e camas de 12 metros de largura no interior da construção, além de vários bebedouros abastecidos com água de qualidade e três cochos para sal proteinado para os animais adultos. “No pátio de acesso às vacas paridas fica o creep feending, uma pequena estrutura de alimentação complementar para os bezerros”, explica.
Saindo da desmama, com peso bruto de 260 kg a 300 kg, o bezerro entra no confinamento. Com cerca de oito meses de idade, atinge 18 arrobas e vai para o abate ou, se for PO, vai para a reprodução. “O macho está apto ao cruzamento com 18 meses, transferindo aos filhos os genes da precocidade, carne macia e saborosa. Já as fêmeas, emprenham mais cedo e podem parir com 24 até 30 meses de idade, trazendo o rendimento mais cedo”, relata.
Custos menores
Paulo Machado constatou uma economia na dieta dos animais. A fazenda mantém silo de milho, sorgo, capim-açu e capim napier. “Se tiver capineira boa, a vacada de corte é sustentada com capim-açu ou sorgo misturado, mais um sal proteinado de boa qualidade. O custo com alimentação acaba”, diz.
“O Compost Barn também ajuda a diminuir custos com dieta e prevenção de doenças dos animais”, observa o pecuarista. Crédito: Leandro Fidelis
No Compost Barn, os custos com a prevenção de doenças também são menores na pecuária de corte e se resumem aos gastos com vacinas. “Além disso, na fazenda, os dejetos viram adubo e agrega-se ainda a decomposição dos restos de galhos, palha de café, arroz, e outras culturas, garantindo a sustentabilidade da propriedade”, diz.
