No momento de optar pelo tipo de reprodução, seja por monta natural ou inseminação artificial, o pecuarista precisa levar em conta a avaliação genética, principalmente do touro
Um bom desempenho na cria, além dos aspectos relacionados às fêmeas – como monitorar sua condição corporal, ajustar o manejo nutricional e descartar as “vacas vazias” –, envolve uma fase fundamental para o sucesso da pecuária de leite e de corte: a seleção dos reprodutores.
Essa escolha precisa ser baseada na avaliação genética e no tipo de reprodução que será adotada, por monta natural ou inseminação artificial. É o que explica a médica veterinária Thaís Basso Amaral, pesquisadora da Unidade Gado de Corte da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
“Ao optar pela monta natural, vários aspectos devem ser considerados e um deles é a escolha do reprodutor, que deve ser embasada na avaliação genética”, reforça a especialista, que é mestre em Zootecnia e doutora em Ciências Geográficas.
De acordo com Thaís, o touro pode reproduzir de 100 a 300 filhos, dependendo da relação touro-vacas, das taxas de prenhez obtidas e do tempo de permanência na propriedade, que gira em torno de seis estações de monta.
“Tais características o tornam responsável por mais de 90% do ganho genético do rebanho, apesar de uma presença física de apenas 5%.”
Aquisição de touros
Segundo a médica veterinária, a aquisição desses touros para uso em rebanhos comerciais é compensadora, desde que suas características e preços sejam adequados.
“Para saber quanto o pecuarista pode pagar por um touro, aspectos como tipo de rebanho em que será utilizado, número de vacas com as quais será acasalado, tempo de permanência na fazenda e taxa de prenhez média da propriedade, além, obviamente, de sua qualidade genética, devem ser observados.”
Thaís ressalta, porém, que “a oferta de touros melhoradores ainda não atende às necessidades do rebanho brasileiro, embora esteja em crescimento, com a adesão de grande número de criadores a programas de melhoramento genético”.
Inseminação artificial
A médica veterinária cita ainda outra forma de acesso a touros com alto valor genético: por meio da inseminação artificial. Dados da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia) de 2018 mostram que 8,5 milhões de doses de sêmen de gado de corte foram comercializadas no ano anterior.
Hoje, algo em torno de 12% das matrizes de corte é inseminado, sendo deste total por Inseminação Artificial por Tempo Fixo (IATF), que chega a quase 80% das inseminações.
“São várias as vantagens do uso da IATF, dentre elas: a eliminação da necessidade de observação de cios; a curta duração do período de inseminação; altas taxas de prenhez no início da estação de monta; e, consequentemente, concentração dos partos no início da estação de nascimentos”, explica Thaís.
Conforme a pesquisadora da Embrapa Gado de Corte, atualmente, os sistemas mais utilizados são de uma IATF mais repasse com touro; duas IATFs mais repasse com touros; ou ainda, recentemente, três IATFs sem repasse.
“Diante dessas variáveis, torna-se um desafio escolher qual técnica reprodutiva adotar e a decisão acaba sendo tomada de forma empírica ou baseada somente nos aspectos técnicos, sem considerar os econômicos.”
Cria Certo
Nesse contexto, o aplicativo Cria Certo da Embrapa foi desenvolvido para auxiliar o produtor em questões similares. “Dentre suas funcionalidades, é possível calcular os custos e benefícios dos principais tipos de reprodução existentes: monta natural; IATF em Tempo Fixo mais Repasse com Touro; duas inseminações em Tempo Fixo mais Repasse com Touro; e três inseminações em Tempo Fixo”.
“Há funções que calculam o custo total do método, o custo por prenhez, bem como os benefícios do uso de touros melhoradores como valor adicional por bezerro e valor total.”
Também é possível, de acordo com Thaís, “salvar várias simulações para comparar os diferentes métodos de reprodução e, desta forma, escolher qual é o mais adequado para sistema de produção em questão”.
O app Cria Certo foi desenvolvido pela Embrapa Gado de Corte em parceria com a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e está disponível para acesso gratuito no site (www.criacerto.com) e por dispositivos móveis (Android e IOS) e desktop.
Roda da Reprodução
A Embrapa também disponibiliza ao pecuarista o software Roda da Reprodução, um aplicativo móvel que auxilia no gerenciamento de rebanhos leiteiros, permitindo que ele acompanhe o crescimento e o peso das novilhas e bezerras, além do monitoramento dos estágios produtivos e reprodutivos das vacas, de maneira simples.
Conforme a estatal, essa versão atualizada integra a Roda da Reprodução e a Roda do Crescimento em um único aplicativo. A integração dos dados do rebanho é automática, permitindo o gerenciamento completo das fases de reprodução e crescimento, facilitando o trabalho dos produtores rurais. Para baixar o app, clique aqui! Veja como funciona o app assistindo ao vídeo!
CIM Rebanho
Quem cria caprinos também conta com a tecnologia para auxiliá-lo nesse tipo de atividade. Também da Embrapa, o aplicativo do Centro de Inteligência e Mercado de Caprinos (CIM Rebanho) é uma ferramenta que permite ao usuário consultar as estatísticas atuais, série dos últimos cinco anos, de distribuição dos rebanhos caprinos e ovinos em nível mundial, nacional, estadual e municipal.
De acordo com a estatal, nessa consulta é possível obter gráficos dinâmicos com os cinco principais países produtores, cinco principais estados produtores e cinco maiores municípios produtores no estado selecionado. O aplicativo disponibiliza também ao usuário uma ferramenta simples que estima a evolução do rebanho mediante a inserção de índices zootécnicos dimensionados na propriedade ou através de uma simulação com índices de produtividade desejado pelo produtor. Para baixá-lo, gratuitamente, clique aqui!
Conheça outros aplicativos gratuitos da Embrapa, acessando www.embrapa.br/aplicativos.