Produtores da raça Devon mantêm rotina para garantir o bem-estar dos animais, sem descuidar das orientações do Ministério da Agricultura para evitar a Covid-19
Enquanto grande parte da população brasileira cumpre o isolamento social, no meio rural o produtor precisa manter as atividades diárias. Na lavoura ou no trato com os animais, tudo precisa funcionar a pleno vapor, já que toda cadeia produtiva de alimentos é considerada atividade essencial.
É um trabalho obrigatório, que acontece sob qualquer tempo. As regras higiênico-sanitárias da produção agropecuária já são conhecidas e aplicadas regularmente, o alerta do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) é para a importância do reforço de medidas de prevenção ao vírus no meio rural.
Na pecuária de corte, o momento é desmame dos terneiros e preparação de pastagem para os meses de frio. Na Fazenda Espírito Santo, tradicional propriedade de Devon em Cambará do Sul, Rio Grande do Sul, o trabalho com os animais segue com algumas alterações.
“Alguns terneiros já estão sendo apartados e transferidos para a pastagem que plantamos na área onde a colheita de soja encerrou”, explica o pecuarista Renan Fogaça.
“Nosso gado é criado a campo e felizmente se desenvolve muito bem aqui nos Campos de Cima da Serra, a rusticidade é uma das principais características da raça Devon. Mas o nosso trabalho não para e não podemos dar sorte ao azar. Falei com o casal de funcionários sobre a necessidade de evitar aglomeração, como eles moram na propriedade, sugeri que evitem receber visitas em casa nesse momento”, completa.
Momento é de cautela
O Ministério da Agricultura orienta os produtores rurais para que sigam as indicações do Ministério da Saúde, como lavar as mãos com mais frequência e evitar aglomerações e contato pessoal. A aplicação frequente de álcool gel nas mãos também é importante.
Para a presidente da Associação Brasileira de Criadores de Devon, Simone Bianchini, o momento é de cautela para evitar problemas futuros.
“O período é de muito trabalho, pois, além da estiagem que afeta o sul do Brasil, a proximidade do inverno exige algumas demandas. É hora de providenciar a pastagem, o gado de corte precisa se manter forte para atravessar o frio. No caso das fêmeas, que a gestação seja tranquila e garanta terneiros saudáveis”, afirma a dirigente.
Na Cabanha Touro Passo, em São José dos Ausentes (RS), a família do produtor rural Cristiano Vieira Velho se manteve em isolamento total durante 10 dias. De volta à cidade de São Joaquim (SC), o engenheiro agrônomo Lucas Velho, filho do produtor e um dos responsáveis pelo rebanho, explica que a rotina dos animais não pode ser alterada e prioriza a preparação para o inverno:
“O momento é de cuidado e precaução. Seguimos e recomendamos aos funcionários que usem máscaras e tomem as devidas cautelas sempre que precisarem ir à cidade, mas o foco na propriedade permanece na saúde e bem-estar do rebanho Devon”, afirma.
Segundo Lucas, é necessário manter o planejamento. “Vamos começar a plantar pastagem para o vazio forrageiro, que vai de maio a agosto. Acrescentamos sal proteinado e fazemos o pastejo rotacionado, para garantir a alimentação dos animais neste período, principalmente para os que mais precisam, como fêmeas em gestação, animais abaixo do peso e os exemplares com mais idade. Nos períodos de frio intenso, manejamos as vacas prenhas para uma invernada mais perto de casa, assim podemos monitorá-las melhor”, conclui.
Simone Bianchini, que acumula a função de Coordenadora do Programa de Certificação da raça Devon,complementa: “Reforço de proteína na alimentação e um bom sal mineral podem fazer a diferença, os animais conseguirão enfrentar o frio, já que aqui no Sul o inverno é bem mais rigoroso. Também a suplementação é decisiva no apronte final para o abate”. E finaliza: “O consumidor pode ter certeza que o trabalho do criador para garantir a qualidade da carne bovina é uma constante. O produtor rural é um batalhador, que se transforma nas dificuldades e vence todas as barreiras”.