Projeto piloto, realizado em frigoríficos, visa validar procedimentos para o controle mais eficaz de riscos de contaminação da carne
Frigoríficos de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul que abatem frangos de corte serviram de pilotos para validar procedimentos de modernização do Sistema de Inspeção Federal (SIF). Os testes, que ocorreram durante três semanas, fazem parte da etapa final do projeto que tem como meta a atualização do órgão na identificação e no controle mais eficaz de riscos de contaminação da carne por microrganismos na avicultura industrial.
O trabalho é coordenado pela Embrapa Suínos e Aves (SC) e pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com a colaboração de especialistas de universidades e instituições de ensino públicas.
Uma das mudanças previstas é a participação proativa da garantia da qualidade das empresas na identificação e no controle dos riscos para a saúde do consumidor, contando com um médico veterinário responsável, mediante supervisão dos auditores fiscais federais agropecuários (AFFA). Também estão previstas as ações dos AFFA, por meio de auditorias no abate e de avaliações microbiológicas que medem a eficiência da higiene nesse processo.
“A ideia é colocar em prática o modelo de inspeção baseada em risco, considerando todo o trabalho que desenvolvemos até agora”, explica o pesquisador da Embrapa, Luizinho Caron que lidera o projeto. “Muitos dos procedimentos deixam de ser feitos por agentes públicos, porque não oferecem perigos identificados pela análise de risco”, acrescenta.
Método
Segundo Caron, o sistema de inspeção é realizado principalmente de forma visual, para identificar lesões na carcaça e nos órgãos das aves. Na inspeção moderna, conforme os padrões Codex Alimentarius, esse procedimento é feito com base na análise de risco e na avaliação dos perigos microbiológicos, como Salmonella e Campylobacter, entre outros microrganismos que, em geral, não deixam lesões visuais na carcaça.
“Nessa linha, a inspeção moderna vai se basear no risco microbiológico dos lotes e na eficiência do abatedouro em não aumentar esse risco,” explica o pesquisador. “A proposta é fornecer bases técnico-científicas para a elaboração de uma nova norma, a qual tenha como premissa o risco do alimento para a saúde do consumidor.”
Projeto
O projeto de revisão e modernização do Sistema de Inspeção Federal de abatedouros de aves está em andamento desde 2014, quando a Embrapa começou a elaborar uma proposta de modernização da inspeção que seja baseada no manejo do risco, a partir de uma demanda do Dipoa/Mapa.
A proposta de inspeção desenvolvida será colocada em prática para avaliar sua eficácia com base na análise de carcaças para detecção de Salmonella spp. e Campylobacter termotolerantes.