Método aumenta a precisão dos dados coletados nas pesquisas da Epagri
Uma câmara para captura de imagens digitais dos quadros de ninhos de Apis melífera, com o objetivo de reduzir o tempo de registro das informações a campo e aumentar a precisão dos dados coletados. Esta ferramenta, desenvolvida por pesquisadores da Epagri, está sendo utilizada para avaliação do desempenho de abelhas rainhas e do desenvolvimento das colônias em propriedades rurais nos municípios de Campo Alegre (Norte Catarinense) e de Caçador (Meio Oeste).
Os dados coletados fazem parte da pesquisa “Seleção e nutrição de colônias de abelhas africanizadas (Apis mellifera L.) visando o aumento da produção e a resistência a doenças”, liderado pela pesquisadora da Estação Experimental da Epagri em Videira, Tânia Patrícia Schafaschek.
Ela comenta que, em determinado momento da pesquisa, é preciso identificar o tamanho populacional da colônia e o seu desenvolvimento e que as metodologias tradicionais usadas para essas avaliações são muitas vezes trabalhosas e invasivas para as colônias, uma vez que elas precisam ficar mais tempo abertas.

A captura das imagens é feita com a utilização de um acionador sem fio de curto alcance (Foto: Epagri/Divulgação)
“Para resolver esse problema, desenvolvemos uma câmara para aquisição de imagens digitais dos favos: ela diminui o tempo de trabalho do operador e aumenta a fidelidade dos dados coletados”, esclarece Tânia.
A câmara é confeccionada com lâminas de compensado naval. A parte frontal possui um orifício e um suporte para a fixação no celular. Essa parte também permite ser aberta para que internamente seja instalado um sistema de iluminação com lâmpadas de LED. Na parte de trás, há uma abertura para a inserção dos quadros da colônia.
Padronização
Ela explica que a câmara possibilita a padronização da iluminação, da distância e do foco das imagens, permitindo a comparação de imagens oriundas de diferentes colônias, diferentes regiões e também realizadas por diferentes operadores. Depois de capturadas, as imagens são analisadas por um aplicativo gratuito, desenvolvido por uma instituição de Portugal.

Na parte de trás da câmara há uma abertura para inserção dos quadros da colônia (Foto: Epagri/Divulgação)
“Esaa nova tecnologia permite a avaliação de uma grande quantidade de dados. Ela possibilita a utilização de algoritmos de processamento para o reconhecimento de padrões de imagens dos favos e de comportamento das abelhas através do uso de topologia matemática, permitindo a identificação do estado geral das colônias”, explica.
Ela acrescenta que a ferramenta também permite compatibilizar com técnicas de sensoriamento remoto a análise temporal da vegetação sobre a área de atuação das colmeias, além de indicar o manejo mais adequado, como período e tipo de alimentação ou substituição de rainhas, entre outras práticas relacionadas.
Benefícios
A pesquisadora destaca alguns benefícios proporcionados pela nova metodologia e que otimizam os processos. Em relação ao tempo, ela diz que na utilização da câmara a campo verificou-se grande praticidade e eficiência.
“Para se ter uma ideia, ela permite a captura das imagens de ambos os lados dos 10 quadros de ninho da colmeia em um período de tempo menor que o tradicional, que utiliza folhas de acetato transparentes. O tempo médio decorrido para cada colmeia (ou seja, dez favos da cada colmeia) foi de 12,4 minutos”, comenta.
No quesito precisão, Priscila informa que desempenho das rainhas foi inferido com o uso de topologia matemática, identificando-se o número total de alvéolos, número de alvéolos vazios ou com cria aberta e ou fechados (ovos e larvas), com néctar, pólen, mel operculado, tamanho do favo (cm2) e percentual do caixilho construído com favo.

As imagens coletadas a campo são posteriormente analisadas em computador, em um aplicativo específico (Foto: Epagri/Divulgação)
Além disso, a pesquisadora ressalta que a construção da câmara para aquisição de imagens digitais é de complexidade mediana e de baixo custo financeiro, oferecendo uma alternativa ao método tradicional de coleta das informações com folhas transparentes e observações analógicas.
“Sempre que melhoramos as metodologias de pesquisa e a acurácia dos dados coletados, as respostas tornam-se mais concretas e confiáveis. Além disso, eu posso extrapolar os limites da estudo para além de uma estação experimental, permitindo a realização de pesquisas participativas junto a apicultores, pois essa tecnologia pode ser facilmente aplicada pelo próprio apicultor ou extensionista local”, conclui a pesquisadora.