Objetivo é valorizar a produção de estabelecimentos de pequeno e médio portes do Estado
Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG), para incentivar a agroindústria apícola catarinense quer agregar valor à produção dos pequenos e médios estabelecimentos produtores de alimentos. A iniciativa é do Serviço Nacional do Estado de Santa Catarina (Senar), órgão vinculado à Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Faesc) e conta com o apoio da Federação das Associações de Apicultores e Meliponicultores de Santa Catarina (Faasc).
A previsão do programa é atender 44 pequenos entrepostos, estabelecimentos destinados ao recebimento, classificação e industrialização do mel e demais produtos das abelhas, divididos em dois grupos: um no oeste, meio oeste e planalto norte, e outro destinado as agroindústrias do leste do Estado (região do planalto sul, litoral norte, Alto Vale, grande Florianópolis, sul e litoral sul).
Para o presidente do Sistema Faesc/Senar-SC, José Zeferino Pedrozo, a produção do mel e seus derivados é mais uma área que contribui para a excelência do agronegócio catarinense. “Santa Catarina, efetivamente, destaca-se na esfera nacional. É o primeiro Estado em produtividade, com 68 kg de mel por quilômetro quadrado, enquanto a média nacional é de apenas 4,8 kg”, compara.
Pedrozo lembra que o produto catarinense foi eleito e premiado internacionalmente como o melhor do mundo em vários concursos sucessivos. Essa condição resulta de fatores como clima, solo, manejo e ausência total de resíduos químicos. Desde 2021 o mel de Santa Catarina tem selo de produto com indicação geográfica (IG) conferido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Categorias
“A assistência técnica de alto nível, que será oferecida sem custos aos produtores que atuam com as duas categorias de abelhas, as apis melíferas (africanizadas) e as meliponinis (silvestres), contribuirá ainda mais com a excelência desse setor no Estado”, reforça Pedrozo.
Segundo o superintendente do Senar/SC, Gilmar Zanluchi, a ATeG com foco na agroindústria apícola trará sustentabilidade ao segmento. Segundo ele, esse é mais um passo certeiro para otimizar recursos, aperfeiçoar a escala e fortalecer a qualidade dos produtos da apicultura e meliponicultura, gerando renda e conquistando novos mercados.
“Estamos trabalhando de forma alinhada com nossos parceiros e isso otimiza os caminhos e potencializa os esforços para atingirmos objetivos comuns nesse projeto tão importante para os pequenos e médios produtores”, observa Zanluchi.
Prioridade
A coordenadora estadual da ATeG, Paula Coimbra Nunes, explica que a prioridade do programa nessa área é atender as unidades de envase de produtos oriundos das abelhas (mel, própolis, pólen, geleia real).
“Já temos dois profissionais para atuar em cada região (um engenheiro de alimentos e um engenheiro agrônomo) e as atividades incluem visita mensal dos técnicos e acompanhamento on-line para esclarecer dúvidas. Foi um projeto pensado estrategicamente para atender a realidade do públic o-alvo e tudo indica que será mais uma ação de sucesso e, principalmente, para os produtores e para o setor como um todo”.
Sonho antigo
Para o presidente da Faasc, Ivanir Cella, a criação desse novo programa é um sonho antigo da entidade porque a comercialização é um dos principais entraves ao produtor. “Isso porque o produtor vende para outro entreposto, muitas vezes distante, que faz o envase e entrega para o supermercado. Além de refletir no aumento do preço ao consumidor, o produtor não consegue se apropriar dessa agregação de valor do produto”, avalia.
Com a profissionalização, Cella acredita que será possível fornecer um produto de melhor qualidade ao consumidor com preço mais acessível. “Além disso, quem produz também se apropria de uma valorização que o mel terá pelo fato de ser envasado e colocado à disposição nas prateleiras. Já o consumidor, será beneficiado ao ter o produtor como fornecedor, pois contará com um produto regionalizado com menor preço e garantia de qualidade”.
Segundo Cella, o mel é um produto de origem animal e precisa seguir normativas semelhantes às do leite, carne e derivados, por exemplo. “A legislação é exigente e os pequenos produtores têm dificuldades para envasar o mel porque os custos são altos com profissionais, instalações, controles, entre outros itens”, diz Cella. “Para quem tem uma escala pequena fica praticamente inviável fazer esse processo de envasar, colocar nos potes, colocar rótulo e inserir nas prateleiras do supermercado.”