Substância é produzida pelas abelhas a partir das resinas das árvores. Além de prevenir infecções respiratórias, ela também pode ser uma oportunidade de negócio para milhares de apicultores, agregando valor à produção de mel
Durante o inverno, temperaturas mais baixas permitem que bactérias e vírus, causadores de gripes e pneumonias, por exemplo, se tornem mais resistentes e consigam viver tempo suficiente para afetar organismos saudáveis. Dessa forma, o própolis pode ser uma aliado à saúde por sua atividade antibacteriana e antiviral contra cepas que causam infecções do trato respiratório superior, sendo usado como agente terapêutico para prevenir algumas doenças.
A substância é produzida pelas abelhas a partir das resinas das árvores e é utilizado por esses pequenos insetos para proteção das crias e para manter a colmeia livre de bactérias, vírus, fungos e parasitas.
A apiterapia, ou seja, terapia com produtos das abelhas, incluída em 2018 nas Práticas Integrativas e Complementares autorizadas pelo Ministério da Saúde, pode também ser uma oportunidade de negócio para os milhares de apicultores brasileiros, pois é possível agregar valor à atividade produzindo mel e própolis na mesma colmeia. (Confira receita do própolis no fim da matéria)
Conforme Instrução Normativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o própolis é composto basicamente por resinas, produtos balsâmicos, cera, óleos essenciais, pólen e microelementos.
Apicultora trabalha na raspagem do própolis. Foto: Divulgação
“Já foram identificados mais de 200 componentes ativos no própolis. A composição química e a quantidade produzida dependem da fonte vegetal que é coletada”, explica o chefe da divisão de estudos apícolas da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), Rodrigo Durieux Cunha.
De acordo com o pesquisador, só no ano passado, a empresa catarinense prestou assistência a 5.984 famílias e realizou 15.463 atendimentos em apicultura e meliponicultura. “Nosso foco é orientar para a alta produtividade, boas práticas de produção e extração, legalização e mercado”, ressalta.
Uso do própolis durante a pandemia do novo coronavírus
Segundo a médica especialista em saúde da família, Dinorah Boada Bilhalva, o própolis serve como um aliado para ajudar na prevenção e cura de doenças, pois é um produto que melhora a imunidade, ou seja, a resistência frente aos diferentes patógenos.
De acordo com a médica, os componentes do própolis contêm propriedades antivirais, antitumorais, antibióticas, antifúngicas, anti-inflamatórias, antioxidantes, antissépticas e cicatrizantes, e são ainda capazes de combater artrites e diminuir o estresse.
“Já foram comprovados resultados com o uso de própolis em doenças respiratórias e da pele, no tratamento de patologias do sistema digestivo e na odontologia, impedindo a formação de cáries, por exemplo”, afirma Dinorah.
Para pacientes que testaram covid-19 positivo, a médica recomenda 30 gotas de solução de própolis três vezes ao dia. Foto: Divulgação
Em tempos de pandemia do novo coronavírus, a recomendação de Dinorah é fortalecer o corpo com boa alimentação, exercícios físicos e medidas de higiene adequadas, que não só servem para esse momento, como para todo tipo de patologias.
A médica e também apicultora Amelia Cristina Tor dá dicas para o enfrentamento da pandemia. Para pacientes que testaram positivo, ela recomenda 30 gotas de solução de própolis três vezes ao dia ou inalação com aparelho inalador e máscara nasal usando cinco gotas na água, três a quatro vezes ao dia.
Já o uso do própolis como preventivo, ela indica 25 gotas de própolis a 10% duas vezes ao dia.
Amelia ressalta que o tratamento com a substância deve ser complementar, não dispensando o acompanhamento médico e os tratamentos convencionais. Além disso, a Organização Mundial de Saúde (OMS) explica que ainda não há nenhum medicamento, substância, vitamina, alimento específico ou vacina que possa prevenir a infecção pelo novo coronavírus.
Como podemos utilizar o extrato de própolis
O primeiro passo para dar início ao uso do própolis é descartar a possibilidade de reações alérgicas, para isso, é necessário realizar o teste de alergia. O teste é feito em três etapas:
*Não indicado o uso antes dos 6 anos de idade
Em caso de alergia, deve-se consultar um médico e tomar antialérgico. Tendo descartado o risco de reação alérgica, pode-se dar início ao tratamento com própolis. A dosagem pode variar conforme a doença, dependendo também da pessoa (criança ou adulto).
No caso de doenças respiratórias, agudas ou crônicas diagnosticadas, a bronquite, por exemplo, pode ser tratada, por indicação do Apiterapeuta com a seguinte dosagem:
Em crianças, geralmente, o tratamento com própolis é indicado em casos de doenças agudas (gripes) num período máximo de 15 dias.
A médica explica que em caso de patologias crônicas como asma, rinite ou digestivas, deve ser feito acompanhamento periódico com o Apiterapeuta, para que o mesmo avalie e faça a indicação da dosagem adequada e do período de tempo. Já em em caso de gripes e doenças respiratórias agudas, utiliza-se entre 10 a 15 dias.
Benefícios para o nosso corpo
Abelhas produzindo própolis. Os insetos usam a substância para proteção das crias e para manter a colmeia livre de bactérias, vírus, fungos e parasitas. Foto: Divulgação
Patologias da pele: infecções, abcessos, verrugas, frieiras, eczemas, psoríase.
Sistema digestivo: normaliza o peristaltismo intestinal, regula o apetite, é protetor hepático e faz prevenção de parasitas intestinais, ajuda no tratamento das úlceras do intestino.
Odontologia: pelas caraterísticas de antisséptico, anti-inflamatório, estimula a geração de dentina melhorando o esmalte dental e impede a formação de caries.
Qualidade do produto e melhoria da renda
A exemplo do mel, para a comercialização do própolis é necessária a regularização fiscal e de serviço de inspeção. O controle de qualidade analisa alguns aspectos, como o tipo de própolis, as propriedades químicas (aparência, viscosidade, teor de cera, umidade) e as propriedades microbiológicas.
Para ter certeza se o produto é de boa qualidade, assim como qualquer produto de origem animal, é importante observar a procedência e se é inspecionado, dados identificados pelos selos referentes ao órgão de inspeção sanitária, que pode ser Municipal (SIM), estadual (SIE) ou Federal (SIF).
Receita de extrato de própolis para consumo humano
Depois de misturados os ingredientes, é necessário guardar em recipiente fechado durante 30 a 40 dias, em local escuro e temperatura ambiente. Foto: Epagri
Ingredientes:
– 300 g de própolis bruta moída, ou em pequenos pedaços.
– 700 ml de álcool de cereais 70%.
Para preparar 700 ml de álcool a 70% (490 ml de álcool puro e 210 ml de água), fazer a seguinte conta:
– 70 porcento de 700 = 490.
– 490 dividido pela porcentagem da graduação do álcool.
– Conferir, na embalagem, a porcentagem de álcool que tem à disposição, se for 92%: 490 dividido por 0,92 = 530.
– Separar em um frasco 530 ml de álcool 92% e adicionar 170 ml de água fervida para completar os 700 ml.
Preparo:
– Misturar os ingredientes, colocar esta mistura em recipiente fechado durante 30 a 40 dias, em local escuro e temperatura ambiente.
– Durante esse período, agitar seguidamente para diluir o própolis mais rapidamente.
– Após o período de 30 a 40 dias, filtrar em papel filtro três a quatro vezes.
Utilize própolis de boa qualidade:
Raspas de própolis novo, que pode ser colhido de 15 em 15 dias. Foto: Epagri
– Evite utilizar raspas de própolis envelhecido nas colmeias, pois o própolis perde propriedades pela ação do tempo, vento, umidade, sol e impurezas.
– Dê preferência para o própolis coletado em coletores próprios, própolis novo, colhido de 15 em 15 dias, ou máximo de 30 em 30 dias.
– O própolis bruto que vem dos apiários deve armazenado em sacos plásticos e mantido na geladeira ou freezer até o seu processamento.
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