O Brasil é um país rico na biodiversidade de sua flora e, com isso, muitos produtos podem ser retirados da natureza por animais ou insetos. Um desses alimentos é o mel, extraído de flores pelas abelhas no processo de polinização, o que garante a produção de frutos e sementes, além da reprodução de diversas plantas.
Os méis (ou meles) são produzidos tanto por abelhas (Apis mellifera) sem e com ferrão, no entanto, apresentam algumas diferenças.
Gerente de Produção da Apis Flora – empresa fundada em 1982 e, desde então, líder no mercado nacional no setor de própolis, mel e extratos de plantas medicinais –, o farmacêutico bioquímico Luís Claudio Moreira ressalta que as espécies de abelhas são criadas de formas diferentes pelos apicultores e quem prova seus méis sentem a diferença na hora.
Isso se deve ao fato de que um tipo de mel é mais ácido que o outro e na coloração percebe-se um tom mais escuro e um sabor mais forte.
“O Brasil é muito rico em flores, de onde as abelhas coletam o néctar para produzir mel. O mais conhecido é o da flor de laranjeira, que possui coloração e aroma bem agradáveis, que são valorizados pelo consumidor”, afirma Moreira.
Orgânico
Em pesquisa realizada em 2017, pelo Conselho Brasileiro da Produção Orgânica e Sustentável (Organis), foi constatado que 15% dos brasileiros já consumiram produtos orgânicos e que, entre os que não consumiram, 85% indicaram que o q
ue determinava essa decisão era o preço.
De acordo com o Sistema de Inteligência Setorial do Serviço de Apoio a Micro e Pequenas Empresas (SIS/Sebrae), o potencial do mercado nacional para produtos orgânicos é de 207 milhões de habitantes, já que o País não depende de importação, considerando sua diversidade de insumos e tecnologias.
Diante do potencial de mercado, o SIS/Sebrae destaca que, associada à preocupação com a saúde e com o meio ambiente, tem crescido a busca por alimentos orgânicos no Brasil e no mundo.
“Isso gera uma janela de oportunidades para os apicultores, que podem investir na produção de mel orgânico”, destaca a instituição, em documento que traz as melhores práticas para a apicultura em http://ow.ly/DfE130i8LSk (link encurtado).
Apesar do momento positivo, o mercado brasileiro de orgânicos ainda está em processo de consolidação. Conforme o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), atualmente, existem em torno de 16 mil produtos orgânicos cadastrados no País e esse número cresce a cada ano.
Mercado
Como o próprio nome indica, o mel orgânico é aquele feito com processos 100% naturais, sem envolvimento de contaminação química ou biológica indesejáveis. Dados internacionais mostram como esse mercado vem crescendo
nos últimos anos.
Uma pesquisa feita na Itália, por exemplo, pela Associação Nacional da Agricultura Orgânica (Anabio), mostra que os italianos consideram o alimento orgânico tão importante que 15% estão dispostos a pagar mais por ele. um fato interessante é que, entre 2010 e 2015, as vendas do mel orgânico cresceram mais que 10% naquele país.
Outro exemplo vem do Reino Unido, o principal consumidor de mel na Europa, representando cerca de 10% do total. Um detalhe interessante é que quase todas as marcas oferecem mel orgânico a esse mercado.
Em 2014, a Alemanha importou aproximadamente 1,1 mil toneladas de mel orgânico do Brasil. O documento “Mel Orgânico na Alemanha” (link encurtado: ow.ly/dsBr30i8Mxu) considera que os alemães são impulsionados pela preocupação ambiental e pelo estilo de vida mais saudável.
Impactos da produção
Embora o mel orgânico tenha muitos benefícios, o documento do SIS/Sebrae aponta para a importância de avaliar os impactos que sua produção pode causar, indicando algumas vantagens e desvantagens.
“Com relação ao aumento de custos por parte do apicultor, uma reflexão válida é que os sistemas convencionais de produção não contabilizam custos indiretos, como perda da produtividade do solo ao longo do tempo, uso inadequado da água, contaminação ambiental, entre muitos outros, que impactam a sociedade”, aponta o SIS/Sebrae, no documento sobre apicultura.
Exigências
Conforme a instituição orienta, para que seja considerado orgânico, o mel precisa apresentar na embalagem o selo de certificação, que somente é autorizado mediante auditoria de toda a propriedade apícola.
Esse levantamento considera desde o local onde as abelhas coletam o pólen, que deve estar dentro do raio de distância permitido, ao local onde o produto é armazenado e depois embalado, e até mesmo processos e materiais específicos que devem ser utilizados.
Com o apiário certificado, o apicultor consegue produzir não só o mel, como outros produtos orgânicos (geleias, cera, própolis etc).
De acordo com o Sistema de Inteligência Setorial, as principais exigências são:
- Não utilizar nenhum tipo de agente contaminante no processo de produção, portanto agrotóxicos e antibióticos são proibidos;
- O apiário precisa estar localizado a, pelo menos, três quilômetros de distância de áreas de agricultura convencional e de regiões que possam ser fontes de poluição, como indústrias, por exemplo. Isso impede que as abelhas coletem o pólen dessas propriedades não certificadas, pois costumam voar por volta de dois quilômetros para buscar alimento;
- A alimentação das abelhas também deve ser feita com orgânicos;
- As doenças das abelhas devem ser tratadas com produtos homeopáticos ou ervas medicinais;
- As caixas das colmeias não podem ser pintadas com tinta normal, nem ter revestimento de amianto ou outro poluente. O indicado para pintura são tintas à base de óleo vegetal, própolis ou similares.
Certificação
A lei nº 10.831/2003, que dispõe sobre a agricultura orgânica no Brasil, indica no artigo 3º que os produtos dessa área devem ser certificados por órgãos oficialmente reconhecidos.
Mantidos pela Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), com o apoio do Sebrae, o Centro de Inteligência em Orgânicos (CI Orgânicos – www.ciorganicos. com.br) e Organicsnet, rede comunitária para acesso ao mercado pelos produtores orgânicos (www.organicsnet.com.br), são fontes de informações para produtores e consumidores, pois reúnem dados, notícias, informações e esclarecimentos sobre alimentos orgânicos.
No portal do Organicsnet pode ser encontrado o Manual de Certificação de Produtos Orgânicos em www.organicsnet.com.br/certificacao/manualcertificacao; e a relação das certificadoras participativas (quando um grupo de agricultores, consumidores e técnicos se organizam para formar um Organismo Participativo de Avaliação de Conformidade/Opac) – em www.organicsnet.com.br/certificacao/ certificadoras-participativas.
Ainda traz a relação das certificadoras por auditoria (vistorias feitas por empresas públicas ou privadas) em www. organicsnet.com.br/certificacao/certificadoras-auditoria.
Instruções
O Sebrae destaca que não existe lei específica de mel orgânico, mas é possível se adequar conferindo as legislações que dispõem sobre mel e alguns produtos apícolas:
- Instrução Normativa nº 11/2000 em ow.ly/ZgPf30i8QqT (link encurtado)
- Instrução Normativa nº3/2001 em ow.ly/3h7N30i8Qvo (link encurtado)
O site da IBD Certificações (www.ibd.com.br) também orienta sobre o assunto. Alguns documentos que podem ser úteis são:
- Certificação de produtos orgânicos – Passo a passo em http://ibd.com.br/pt/IbdOrganico.aspx;
- Diretrizes para o padrão de qualidade orgânico IBD em http://ow.ly/Ge9s30i8R36 (link encurtado)
Outras dicas
Para complementar o assunto, confira alguns conteúdos do Sebrae pelos links encurtados:
- Como montar uma produção de mel pelo link http://ow.ly/ien430i8Rxo.
- Conheça técnicas de manejo para a produção do mel em http://ow.ly/Q7sp30i8RFP.
- Como montar uma criação de abelhas em http:// ow.ly/7Mgl30i8Rs6.
Para se cadastrar, gratuitamente, no site do SIS/Sebrae e ter acesso aos boletins, relatórios, notícias e estudos publicados pelo Sistema de Inteligência Setorial, acesse https://sis.sebrae-sc.com.br/cadastro.
Fontes: Apis Flora e SIS/Sebrae